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100 dias de governo Lula

O 8 de janeiro foi um ponto de fraqueza do governo

Um debate com Breno Altman sobre a política em relação aos acontecimentos do 8 de janeiro

Em entrevista ao programa Bom Dia 247, na TV 247, o jornalista Breno Altman, ao ser questionado sobre os 100 dias de governo Lula, apontou que a “grande realização” do governo teria sido a derrota do ato bolsonarista do 8 de janeiro.

Segundo Altman, além de ter tido um papel importante contra o que ele chama de “intentona bolsonarista”, o governo teria conseguido uma mínima delimitação com os militares. Mais adiante, elogia que foi “na questão democrática que o governo revelou seu maior sucesso”, ainda se referindo aos acontecimentos posteriores ao 8 de janeiro.

A ideia de Breno Altman revela uma confusão no interior da esquerda, que já tinha ficado evidente desde os acontecimentos do 8 de janeiro.

Vejamos alguns problemas dessa concepção:

Em primeiro lugar, a ação do governo no caso não foi uma vitória. Na realidade, principalmente devido a uma política totalmente equivocada do ministro da Justiça, Flávio Dino, o ato de 8 de janeiro acabou revelando uma fraqueza do governo, não o contrário.

Dino não tomou nenhuma medida para evitar os acontecimentos, mesmo sabendo do risco iminente de que os bolsonaristas, reunidos em Brasília, pudessem tomar essa atitude. Apenas tardiamente, Dino decidiu agir, chamando a Força Nacional de Segurança, quando a situação já havia fugido ao controle. O ministro acreditou que o governador bolsonarista do DF, Ibaneis Rocha, usaria sua PM – igualmente bolsonarista – para conter os manifestantes.

Por que foi uma desmoralização? Porque o governo acabou revelando um flanco aberto, permitindo, inclusive, que os bolsonaristas invadissem o Palácio do Planalto.

O que confunde na hora da análise é justamente a interpretação do que aconteceu. Breno Altman acredita que aquela invasão foi uma tentativa de golpe frustrada, mas isso não é verdade. Não que os bolsonaristas ali presentes não defendessem – e defendem ainda hoje – um golpe de Estado. Mas aquilo era uma manifestação da direita, não uma tentativa de golpe militar.

Basta considerar o seguinte: os bolsonaristas contam com o apoio das forças policiais, dos generais das forças armadas e da maior parte do aparato repressivo, que está armado até os dentes. Se fosse uma tentativa de golpe de Estado, por que os golpistas não agiram com todo esse aparato? Simplesmente porque aquilo era um ato político cuja finalidade era desmoralizar o governo recém-empossado.

Nesse sentido, em vez de ter sido uma vitória do governo, foi uma vitória dos golpistas, que conseguiram expor a fraqueza do governo.

Outro ponto equivocado é a de que o governo teria conseguido ganhar certo espaço contra os generais golpistas. Isso também é uma ilusão. A ação contra os bolsonaristas se dá sobretudo contra pessoas comuns, que estavam ali. Absolutamente nada aconteceu com os bolsonaristas graúdos, generais e seus familiares, muitos deles comprovadamente presentes na ação do dia 8 de janeiro.

Breno Altman questiona por que o governo não colocou o episódio em sua propaganda das realizações dos 100 dias. Provavelmente porque o próprio governo sabe que aquele episódio não foi uma vitória.

Sobre a questão democrática citada por Altman como um ponto positivo, também é importante explicar que a ação contra os bolsonaristas sequer está sendo levada adiante pelo governo. O direitista Alexandre de Moraes está usando seus poderes para perseguir alguns desses bolsonaristas do baixíssimo escalão. Essa “defesa democrática” não é nada mais do que uma farsa. Primeiro porque Moraes nem é do governo e essas medidas podem se voltar contra o governo Lula; segundo porque são medidas anti-democráticas; terceiro porque nada acontece com os generais golpistas.

O que o governo faz em relação a isso é seguir essa política de repressão sob a cobertura de estar realizando medidas democráticas. 

Tudo isso significa que os militares continuam sua articulação golpista contra o governo, diferentemente do que avalia Altman.

Esse é um problema que está presente no governo e a única forma de resolvê-lo seria chamar o povo a se mobilizar, e isso tem que ser rápido. É justamente nesse ponto que o governo tem mais dificuldade, está errando por confiar demais nas instituições antidemocráticas do regime. O STF, por exemplo, foi peça fundamental no golpe de 2016 e na prisão ilegal de Lula, sem ela, Bolsonaro não teria sido eleito.

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