O PSTU, assim como em 2016, se tornou a primeira linha da esquerda golpista brasileira. Seu último jornal Opinião Socialista teve como capa o artigo: “Política econômica do governo Lula atende aos ricos”. Nela se reúne uma série de malabarismos para explicar como o governo Lula é tão neoliberal quanto de Temer e Bolsonaro. Os morenistas se esforçam para igualar o governo de destruição nacional do golpe com o novo governo do PT, que claramente está à esquerda de todos os anteriores. Vale tudo para o golpismo.
O foco do PSTU é o ataque ao Arcabouço Fiscal e a Reforma Tributária: “Além de não colocar os pobres no orçamento, nem cobrar impostos dos ricos, como Lula disse que faria, mantém os pobres pagando impostos e entrega ainda mais do orçamento aos ricos. Ou seja, fazem a mesma coisa que todo o resto da política econômica do governo.” Aqui já começa a farsa. Ambas são muito insuficientes, contudo de forma alguma são ataques aos trabalhadores em defesa da burguesia. A Reforma Tributária, ao contrário do que afirma o PSTU, dá isenção fiscal aos pobres, por meio da cesta básica e aumenta impostos aos ricos por meio do IPVA de lanchas e jatos. Ou seja, o PSTU mente abertamente sobre a reforma tributária.
Sobre o Arcabouço Fiscal a campanha é já é mais elaborada. O partido da esquerda golpista acusa a tentativa de Lula de quebrar um pouco do Teto de Gastos de ser um “novo Teto de Gastos”, é um absurdo. Por essa lógica todas as reformas seriam ataques aos trabalhadores dado que não são vitórias completas. Aumentar o salário mínimo em 100% seria um ataque ao povo dado que o Dieese considera que o mínimo deveria ser 7.000 reais. Reestatizar uma refinaria é um ataque ao povo pois não é a reestatização completa da Petrobrás. É ridículo. O PSTU quer colocar na conta de Lula toda a sabotagem realizada pela direita, principalmente o Congresso.
Dessa tese, base do ataque ao Arcabouço Fiscal, seguem todos os ataques do PSTU: “A indústria automobilística recebeu R$ 1,5 bilhão em isenção aos “carros populares” e a resposta, país afora, foi uma sucessão de fechamentos de linhas de produção e a suspensão de contratos de trabalho.” e “As grandes construtoras continuam sendo as maiores beneficiadas pelo programa “Minha Casa Minha Vida”, enquanto as famílias mais pobres sofrem com despejos”. A linha é a mesma, já que não são políticas revolucionárias e socialistas não defendem os trabalhadores de fato, apenas a burguesia. É um absurdo. Ter como política criar empreiteiras e montadoras estatais não infere que é preciso atacar o governo quando ele toma medidas reformistas, que beneficiam tanto os capitalistas quanto os trabalhadores.
Eles então começam a afirmar que Lula não trava uma luta contra a sabotagem do Banco Central: “Desde o início do governo, Lula e o seu entorno criticam os juros altos impostos pelo Banco Central (BC). Mas, o governo não toma nenhuma atitude para mudar isso, mesmo tendo instrumentos para defenestrar Campos Neto, o presidente do BC.” Aqui o PSTU ignora completamente a luta do governo Lula contra os bancos. De fato, não houve grandes mobilizações convocadas pelo presidente, mas houve uma campanha pequena que se transformou em uma mobilização nacional da CUT e do PT contra Campos Neto. Não é possível afirmar que Lula está a serviço de Campos Neto, se fosse verdade a imprensa burguesa toda não estaria contra Lula nessa questão. Além disso esses instrumentos para “defenestrar” o presidente do BC não são tão reais, esse é o resultado da política de “independência” do BC, criada pelo golpe que o PSTU apoiou.
Os morenistas então tentam fazer uma análise de classe ligando Lula a burguesia nacional: “Fica evidente, ainda, que esse discurso, longe de pretender mudar algo de fato, é apenas a expressão de uma irritação por parte da burguesia industrial e do próprio setor financeiro, para quem os juros altos já começam a atrapalhar seus negócios.” Aqui eles esquecem que essa burguesia toda está ligada diretamente a Bolsonaro e que apoia a política do BC como um ataque político ao governo do presidente. Lula inclusive tentou ganhar apoio dessa burguesia no início de sua luta contra o BC mas não obteve sucesso.
Depois eles tentam esboçar uma análise de classe da Reforma Tributária: “Os monopólios industriais e o setor financeiro cerraram fileiras em torno da Reforma Tributária, enquanto setores do agro, de serviços e do varejo se opõem à proposta. Entidades como a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) fazem propaganda, afirmando que a reforma trará desenvolvimento e crescimento, enquanto a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulga que, com a medida, a cesta básica vai sofrer aumento de 60%.” Sem entrar no mérito de se a análise é correta ou não, na tese do PSTU a reforma estaria apoiando o crescimento industrial do País em detrimento da economia agrária, ou seja, teria um caráter altamente progressista. Contudo para eles isso não é relevante, o que os morenistas querem é colocar Lula como um lacaio da FIESP.
O artigo fecha com mais um ataque ao Arcabouço Fiscal: “Enquanto fechávamos esta edição, o chamado novo Arcabouço Fiscal estava em vias de ser definitivamente aprovado pela Câmara. Ele substitui o Teto de Gastos de Temer por um novo teto, mais flexível, mas com o mesmo objetivo: impor um regime de austeridade fiscal para os próximos anos, restringindo os gastos públicos, para garantir o pagamento da dívida aos banqueiros.” Ora, se o objetivo de Lula é o mesmo porque ele simplesmente não manteve o Teto de Gastos antigo? O governo não se meteu nas outras reformas do golpe, ele começou batendo de frente com o Teto justamente pois tem uma política contra a austeridade fiscal. Não significa que Lula está a favor das outra reformas, pelo contrário, o presidente se elegeu justamente para pôr um fim ao regime golpista.
O PSTU segue em sua política do golpismo de esquerda. A cada mês que passa o tom aumenta, agora Lula já seria um serviçal dos ricos. É uma repetição do erro de 2016, Dilma supostamente era defensora “dos ricos”, da burguesia e do imperialismo. Até que a burguesia e o imperialismo a retiraram do governo colocando o seu serviçal real, Michel Temer. É aqui que fica claro a análise absolutamente errada do PSTU, para eles o governo Lula seria uma continuidade de Temer e Bolsonaro. Pode parecer algo muito real para os morenistas, mas basta perguntar para qualquer trabalhador se Lula é igual a Bolsonaro para comprovar a farsa total desta tese.