Durante a última Análise Política da Semana, veiculada no canal Causa Operária TV do YouTube, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, comentou sobre a posição de uma parte da esquerda mais associada ao “espectro governista” de que não se deve fazer manifestações durante o governo do PT. A política vem de uma análise incorreta dos acontecimentos envolvendo o golpe de estado de 2016, levando à conclusão contrária do que deveria ser.
O PT assumiu essa política suicida entre 2002 e 2014, período em que não recorreu nenhuma vez aos trabalhadores para saírem às ruas e impulsionar sua política, chegando ao ponto de hostilizar os setores que se dispunham a se manifestar. Agora, vemos outros setores da esquerda procurando assumir a mesma política durante o terceiro mandato de Lula.
“Deixar as ruas vazias, não significa que elas vão ficar vazias, significa que você não vai estar lá”, afirma Rui Pimenta. Isso significa que, caso a esquerda e o povo deixem as ruas, ela será ocupada ou pela direita, ou pela esquerda filo-imperialista, ou seja, é quase que uma passagem aberta para a derrubada do governo.
A prova disso é que, se as manifestações em defesa do governo estivessem acontecendo na época de junho de 2013, o qual fez 10 anos recentemente, o que ocorreu dentro das manifestações não teria acontecido, ou teria sido um movimento muito minoritário. As manifestações contra o governo poderiam ter sido bloqueadas pelas manifestações em defesa do governo, abrindo uma oportunidade de reverter a situação dos últimos 10 anos.
É por isso que não fazer mobilizações é uma política suicida, como se não bastasse da primeira vez, agora uma parte da esquerda atrelada ao governo também defende a não mobilização dos trabalhadores, mostrando que não aprendeu nada com o golpe e com o que se seguiu a ele.
Não só manifestações da direita podem surgir, mas também manifestações ou movimentos de uma esquerda pequeno-burguesa, confusa ou vendida ao imperialismo, que diz estar fazendo alguma coisa, mas acabam minando aos poucos a aceitação popular do governo.
A tese de que não se deve sair as ruas porque isso necessariamente resultaria em uma “revolução colorida” é falsa. Ela terá, inclusive, o efeito contrário do que se acredita. Se a população não sair às ruas, as condições ficam favoráveis para a dominação da direita e do imperialismo nos movimentos populares.
Em momentos de ataque da burguesia ao governo, setores da população são facilmente manipulados, sobretudo quando o País escapa do controle e começa a apresentar diversos aspectos que deixam, efetivamente, a população insatisfeita.
É por isso que é importante uma mobilização para defender o governo. É preciso que o PT, a CUT e outros setores da esquerda verdadeiramente ligados aos trabalhadores estejam sempre mobilizando e explicando a situação política, econômica e social para o povo, o que inclui uma mobilização constante nas ruas.
Caso isso não aconteça, são altas as probabilidades de manifestações golpistas como a do movimento “Não Vai ter Copa” acontecerem novamente, não só pela direita, mas pela esquerda também. Por isso, a esquerda deve abandonar essa concepção completamente falsa de que não se deve sair as ruas e tomar uma atitude completamente oposta a esse pensamento errôneo: mobilizar o maior número possível de pessoas em defesa do governo, contra a direita e contra a capitulação esquerda filo-imperialista.