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Hipocrisia imperialista

Mulher negra no STF brasileiro e negro na cadeia nos EUA

Enquanto que população negra dos EUA corresponde a cerca de 1/8 de toda a população, o número de negros nas prisões americanas é 5 vezes maior que o de brancos

Diante da iminente aposentadoria de Rosa Weber, ministra do Supremo Tribunal Federal, o imperialismo colocou em marcha novamente, a campanha de pressão sobre Lula para que o presidente nomeio uma ministra negra para o STF.

A campanha, que já havia sido feita no primeiro semestre desse ano, por ocasião da aposentadoria de Ricardo Lewandovski, voltou no final de agosto. Correndo contra o tempo, e utilizando a tática da surpresa para dificultar a reação, o imperialismo aumento significativamente a intensidade da campanha no início desse mês de setembro.

Conforme já exposto por esse Diário, o pontapé para a intensificação foi dada pelo funcionário da HBO, Gregório Duvivier. Obviamente, a imprensa golpista tradicional também faz sua parte. Quando seus jornais não apoiam abertamente a campanha, noticiam-na colocando Lula sob uma luz desfavorável. Contudo, foi constatado que são as ONGs financiadas direta ou indiretamente pelo imperialismo que estão capitaneando essa campanha golpista contra Lula, de forma a criar condições para desestabilizar seu governo.

Outdoors “apareceram” em nova Dehli, na Índia, por ocasião da ida de Lula ao G20. Escritos em inglês, tais outdoors cobravam de Lula a indicação de uma mulher negra para o Supremo. A iniciativa fora assinada pelo site “ministra negra no STF”, uma iniciativa ongueira.

Não bastando, uma outra ONG (IDPN) criou um vídeo extremamente constrangedor, dada sua desconexão com a realidade brasileira, em que utilizam uma criança negra dizendo que sonha em ser ministra do STF. Confirmando o caráter imperialista da campanha, o vídeo estreou em um enorme telão na Times Square, Nova Iorque, EUA, coração do bloco imperialista.

Em suma, uma campanha claramente orquestrada pelo imperialismo, em especial os Estados Unidos da América.

Naturalmente, essa campanha identitária está sendo apoiada por quase a totalidade da esquerda pequeno-burguesa. Diz-se “naturalmente”, pois essa esquerda já foi completamente cooptada pelo imperialismo (seja diretamente ou através das ONGs) para veicular a política identitária do Partido Democrata Norte-Americano.

Tal política é apresentada como uma defesa de setores oprimidos da sociedade (negros, mulheres, índios e LGBTs). Contudo, não passa de uma farsa que serve para: promover divisão no seio desses mesmos setores oprimidos, para dificultar a luta contra a opressão; promover elementos da classe média, aproveitando de seu carreirismo, para criar a aparência de que esses setores oprimidos estão finalmente se libertando; dar uma munição ideológica para continuar jogando a classe média contra a classe operária.

Enfim, uma política reacionária para dificultar justamente a luta dos negros, mulheres, índios e LGBTs contra a opressão que recai sobre eles. O identitarismo dificulta a luta dos setores que justamente diz defender. Uma farsa muito bem elaborada pelo imperialismo, em especial os EUA.

Através da imprensa burguesa, das ONGs, e da esquerda cooptada pelo imperialismo, a política identitária e reverberada. E os EUA, em especial sob o governo de Joe Biden e do partido democrata, é propagandeado como defensor dos negros. E a campanha em prol da ministra negra do STF seria mais um episódio para demonstrar o quão libertário o imperialismo é.

No entanto, a realidade é o exato oposto. O principal opressor dos negros é justamente a ditadura imperialista mundial, a qual é chefiada pelos Estados Unidos.

Para constatar que os EUA é o principal inimigo dos negros, basta verificar a situação carcerária no país.

Conforme estudo realizado no ano de 2021 pela iniciativa “The Sentencing Project” o número de negros presos é cinco vezes mais do que o de brancos. Isto levando consideração que a maior parte da população norte-americana é caucasiana (61,6%), sendo os negros minoria (12,4%).

Em âmbito nacional, um em cada 81 adultos negros está cumprido pena em presídios. Contudo, em Wisconsin, o estado que mais encarcera negros, esse número aumenta é de 1 para 36.

Não bastando, constatou-se também que em 12 estados, mais da metade da população carcerária é negra.

Reitera-se: os negros correspondem a cerca de 1/8 da população norte-americano.

Tendo em vista esses dados, o que se deve concluir quando o Estados Unidos impulsiona uma campanha para pressionar Lula a nomear uma mulher negra para o Supremo?

Devemos pensar que o imperialismo ianque teve uma crise de consciência, e agora quer o melhor para os negros do mundo todo, inclusive os do Brasil?

É óbvio que não.

O que o imperialismo quer é ter um agente seu dentro do STF. Afinal, no que diz respeito às instituições estatais, é principalmente através do Supremo que o imperialismo vem impondo sua política ao Brasil, atropelando o Executivo e o Legislativo.

E, para o imperialismo, é útil que seja uma mulher negra, pois, através da política identitária, e a censura que a acompanha, a ministra ficaria blindada de críticas. Afinal, segundo os identitários, fazer críticas políticas a uma mulher é misoginia; a uma negra é racismo. E ambos, graças ao STF, ambos seriam equivalentes ao racismo, que é punido com pena de prisão, inafiançável e imprescritível. De sobra, pelo fato de ser uma ministra do Supremo, críticas a elas também poderiam ser enquadradas em algum dos “Crimes contra o Estado Democrático de Direito”, previsto no Título XII do Código Penal.

Por fim, a campanha serve para desgastar politicamente o presidente Lula, jogando a esquerda-pequeno burguesa e a classe média contra ele.

Resta claro, então, que a campanha da mulher negra no STF não serve ao povo negro. Se servisse, não estaria sendo apoiado pelos Estados Unidos. Estaria sendo condenada.

Da mesma forma, não estaria sendo capitaneada pelas ONGs. Por nenhuma delas, seja Instituto Marielle Franco, Geledés, IDPN, Coalizão Negra por Direitos, Ministra Negra no STF. Nenhuma. Afinal, elas são financiadas pelos EUA ou por imperialistas europeus para impor a política do imperialismo no Brasil.

Se os EUA estivesse realmente interessados em acabar com opressão que recai sobre os negros, começaria pela situação carcerária em seu país.

Da mesma forma, se essas ONGs brasileiras financiadas pelo imperialismo realmente estivesse lutando pela libertação da população negra, se ocuparia primariamente de lutar por uma reforma drástica do sistema carcerário brasileiro, e também pedir o fim da Polícia Militar.

Mas não o fazem. Querem apenas uma mulher negra no STF que atenda aos interesses dos EUA e da burguesia. Enquanto isto, para os ianques e suas ONGs, os negros podem continuar apodrecendo nas prisões, sejam norte-americanas, sejam brasileiras.

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