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Aliado ou adversário?

MST denuncia veto de Rui Costa ao movimento

Ex-governador da Bahia age novamente contra o movimento de luta popular do campo no estado. Desta vez, agindo como representante do governo federal.

O deputado Federal Valmir Assunção (PT-BA) denunciou em rede social a intervenção do ministro da Casa Civil para impedir a participação do MST em evento ocorrido nesta quinta-feira (11) em Salvador. O governo estava promovendo atividade de lançamento das plenárias estaduais do Plano Plurianual (PPA) Participativo Nacional, que contou inclusive com a participação do presidente Lula. Ao denunciar o veto, o deputado que é membro da direção nacional do MST há mais de três décadas afirmou: “o MST tem história de luta e merece respeito”.

Entrevistado depois da postagem, Valmir Assunção informou ao portal da Globo que o MST havia sido convidado pelo governo federal para o evento: “estávamos trazendo 200 pessoas para o evento”. Segundo ele, na noite da véspera outro membro da direção nacional do movimento foi contatado para o “desconvite”. João Paulo Rodrigues teria sido informado de que Rui Costa avaliou que a participação do MST na mesa do evento seria algo “constrangedor”. Como resposta, além de denunciar o fato, o deputado anunciou que não participaria mais da atividade.

Na mesma entrevista, Valmir deixou claro que a atitude de Rui Costa não foi nenhum raio em céu azul: “Isso não é novo para nós. Ele foi governador da Bahia por oito anos e nos últimos seis não recebeu, em momento algum, os movimentos sociais”. Este Diário denunciou ao longo dos anos a política reacionária e anti-popular de Rui Costa no governo baiano, um político direitista dentro do PT. Sua atuação diante da situação dramática dos trabalhadores no campo foi marcada pelo descaso, ignorando pedidos de ajuda diante de ataques de pistoleiros, por exemplo. Em resumo, um governador direitista, que caberia em qualquer um desses partidos que não têm nenhum vínculo com o povo brasileiro.

Outro representante da direção nacional do MST, Evanildo Costa, afirmou não entender o pedido para que o movimento não participasse da mesa, lembrando em entrevista ao mesmo portal que o MST esteve ao lado do PT em diversos momentos importantes, “como no impeachment da presidente Dilma”. Um episódio de primeira importância, onde os aliados de ocasião do PT desapareceram e coube à militância da esquerda travar uma luta contra o golpe de Estado. O MST é um movimento muito grande, de abrangência nacional, inserido numa luta duríssima pelo direito à terra no Brasil.

De um lado o movimento popular, do outro um setor burocrático e muito direitista. Quem elegeu Lula não foram os políticos profissionais da esquerda, mas a militância de esquerda, que rompeu com o marasmo imposto no primeiro turno e levou o PT a uma apertada vitória. Agora, que o governo foi eleito, figuras direitistas como Rui Costa procuram afastar o governo da sua base popular, que é de onde emana o poder real desse governo. É dessa base que o governo vai precisar se a burguesia decidir finalmente derrubar Lula.

Como detalhe simbólico, militantes da esquerda lembraram ainda que, no mesmo dia do evento na Bahia, o MST promovia o lançamento da IV Feira Nacional da Reforma Agrária em São Paulo. Após quatro anos, a atividade retorna com a intenção de trazer visibilidade para o movimento, que segue sendo perseguido pelos latifundiários. A ação de Rui Costa aparece nesse contexto como desmoralizadora para a luta dos trabalhadores rurais sem terra.

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