Na última quarta-feira (08) morreu mais um trabalhador na metalúrgica especializada em caldeiras na cidade de Piracicaba, município do estado de São Paulo, atingido por uma peça industrial. Conforme informações do Corpo de Bombeiros que teria sido chamado ao final da tarde daquele dia, quando chegou no local já encontrou o trabalhador sem vida, mais um que vai parar nas estatísticas de acidentes e doenças ocupacionais no país.
Primeiras posições
O Brasil detém o 2º lugar em mortes entre os países do G20 e, em relação aos acidentes e doenças do trabalho, mantém uma marca assustadora de quarto lugar há vários anos.
Entre os principais locais onde são registrados acidentes, inclusive com mortes, estão a construção civil, a indústria alimentícia, tendo como posição de destaque os frigoríficos considerados em primeiro lugar. Os frigoríficos têm legislação própria como a Norma Regulamentadora nº 36 (NR 36) que, apesar de pouco alterar na vida dos trabalhadores, é ignorada olimpicamente pelos patrões. Inclusive querem extingui-la.
Subnotificação
Segundo dados do Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho (SmartLab), da OIT e do Ministério Público do Trabalho (MPT), o país registrou 2,5 mil óbitos e 571,8 mil Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs) em 2021. Os números representam um acréscimo de 30% em relação ao ano anterior. Deve-se observar que os números apresentados são bastante subestimados, ou seja, não reflete a realidade dos trabalhadores, nos diversos ramos, tanto nas fábricas, quanto no comércio e serviços. A Fundação Jorge Duprat Figueiredo denunciou há alguns anos sobre os patrões que procuravam ocultar aos órgãos do governo a quantidade de doenças e acidentes em seus estabelecimentos, naquela época se dizia que a subnotificação chegava a mais de sete vezes o que era registrado.
Em 26 de junho de 2021, em artigo do portal Proteção, divulgou dados de que: a subnotificação recorrente em todos os estados brasileiros fica evidenciada quando se compara dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (PNS) e do Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS). Em 2013, a Previdência registrou um total de 717.911 acidentes no Brasil, contra 4.948.000 apurados na PNS do IBGE. Em Minas Gerais o descompasso é de quase 500 mil ocorrências. Enquanto o AEPS registrou 77.252, o IBGE apurou 575.000.
Nos setores de trabalho há uma verdadeira escravização dos trabalhadores, pois os patrões, além de pagarem baixos salários, ignoram completamente qualquer questão relacionada à saúde e segurança dos trabalhadores em suas atividades, uma vez que a única preocupação é somente o lucro, as contas cada vez mais gordas nos bancos.
É necessária a mobilização do conjunto das organizações dos trabalhadores, tendo a frente a CUT, para impor tamanha destruição de vidas dos operários no país.