Reforma agrária

Ministro da Agricultura quer exterminar MST: fora Carlos Fávaro!

Fávaro defende o armamento dos latifundiários contra os sem-terra, por isso o MST e as organizações do campo precisam lutar pelo seu próprio armamento

Nessa terça-feria (05), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), condenou as invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) à luz da ocupação de 800 hectares de três engenhos em Timbaúba, em Pernambuco, por parte de 250 militantes do MST.

“A invasão de terra é abominável como foi a invasão ao Congresso Nacional no dia 8 de janeiro. Não podemos compactuar. Terra invadida não é passível de reforma agrária. A Justiça manda fazer a reintegração e o Estado cumpre. Não adianta o MST invadir terra produtiva”, afirmou Fávaro.

A declaração foi concedida ao jornal bolsonarista Jovem Pan News e, mais adiante na entrevista, o ministro defendeu que o “homem do campo” possa se armar.

“O cidadão que mora no interior tem necessidade de ter uma ou duas armas e um pouco de munição para fazer a primeira defesa. É diferente com quem mora na cidade, que tem polícia para auxiliar. Imagina se [o criminoso] tiver a certeza de que o homem do campo não tem uma arma. Vai barbarizar a propriedade dele”, disse.

Por natureza, a declaração do ministro já é reacionária ao extremo, principalmente quando consideramos que Fávaro não defende o armamento do povo sem terra, mas sim, dos latifundiários. Porém, trata-se de uma série de afirmações ainda mais repudiáveis pelo fato de que suas falas não foram resultado de uma pergunta direta, de uma indagação. Antes, foram emitidas em reação ao que o MST está fazendo, em reação às ocupações.

Logo, fica claro que Carlos tem o interesse de atacar o movimento, movimento esse que não só apoia o governo, como também é uma das principais bases de sustentação política de Lula. Afinal, o MST conta com cerca de meio milhão de famílias, ou algo em torno de 2.500.000 pessoas. Contingente esse que, além de eleitores de Lula, são ativistas, pessoas que participaram ativamente da campanha do atual presidente.

Por outro lado, Fávaro é do Partido Social Democrático (PSD), partido que votou, por meio de seus deputados federais, majoritariamente a favor do impeachment de Dilma. Partido que sequer apoiou a candidatura de Lula no ano passado.

Finalmente, a fala de Fávaro é indistinguível do que fala a extrema-direita de maneira corriqueira quando se refere à questão do campo. É indistinguível do que fala uma pessoa da União Democrática Ruralista (UDR), organização criada na década de 80 para organizar os latifundiários na ação física contra as ocupações no campo.

Ronaldo Caiado, por exemplo, o principal fundador da UDR, chamou um dos líderes do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) de “bandido” após invasão da Câmara dos Deputados em 2006. Na ocasião, o então deputado pelo PFL, partido filho do ARENA da Ditadura Militar, defendeu “o armamento da segurança e a condição de revidar à altura – é momento de termos uma posição de dureza”. Uma política que, com exceção da ocasião e dos agentes envolvidos, é a mesma de Fávaro.

E o que é um ministro que possui a mesma posição política de Ronaldo Caiado senão um direitista? Afinal, Caiado é um dos principais responsáveis pela chacina dos sem terra no campo, cuja família possui algumas dezenas de fazendas nas quais já se comprovou haver a utilização de trabalho escravo – em 2010, um grupo móvel de fiscalização formado por integrantes do MTE, do MPT e da PRF, flagraram funcionários vivendo e trabalhando em condições de miséria em uma das propriedades da família Caiado.

Enfim, trata-se de uma política padrão da direita, inclusive da direita tradicional. Frente às recentes invasões do MST, Marcel Van Hattem, deputado federal pelo Novo no Rio Grande do Sul, por exemplo, foi à tribuna da Câmara para também denunciar a atuação dos sem terra. Afirmando tratar-se de “criminosos”, “bandidos” e “delinquentes”.

A política de Fávaro é, portanto, uma política de classe. Em outras palavras, ele está defendendo muito abertamente os interesses dos donos de terra contra os trabalhadores rurais, que não possuem terras para sobreviver. O âmbito de sua colocação deixa claro que o “homem do campo” não é um sem terra, mas sim, um latifundiário.

Por isso, Fávaro é completamente incompatível com um governo que se coloca como um governo dos trabalhadores. Sua fala representou uma defesa dos latifundiários e, mais especificamente, do setor mais reacionário desse grupo, que é o que tem consciência que a luta de classes no campo leva, inevitavelmente, a um conflito violento e, mesmo assim, toma partido dessa violência.

Nesse sentido, ele é um defensor do assassinato dos sem terra. Nesse sentido, ele é um defensor dos latifundiários, um defensor de que milhões de pessoas morram de fome sem ter onde morar e o que plantar para sobreviver. E o pior de tudo: sua política vai além de mero falatório, pois ele vai além e defende que qualquer contestação do regime latifundiário brasileiro seja resolvido na bala.

Se a política do governo Lula para o campo for a política do ministro da Agricultura, significa que os jagunços e os pistoleiros podem matar livremente e, portanto, massacrar o movimento sem terra – o que, obviamente, não é o caso. A presença desse cidadão no governo só fortalece a direita, é uma pedra no sapato de Lula que tentará sabotar qualquer iniciativa progressista do presidente em relação à população do campo. Decerto que Fávaro, independente das ordens que receber, tentará ao máximo procurar um acordo com os latifundiários. Ou seja, o governo não tem absolutamente nada a ganhar com ele.

Portanto, Lula deve se livrar de Carlos Fávaro imediatamente. Não só porque defende uma política reacionária, mas também porque foi a público defender uma posição diferente da de seu governo. É o mesmo que fez Marina Silva, por exemplo, ao contrariar a política de Lula de explorar todo o petróleo do País, é uma sabotagem escancarada.

Por suas próprias declarações, é evidente que Lula não quer essa política. Ele está sendo sabotado e precisa de ajuda para reverter a situação de seu governo. Para tal, os militantes do movimento sem terra devem iniciar uma campanha contra Fávaro, exigindo a sua derrubada do governo.

Entretanto, não se trata de um caso isolado: o PSD é, de maneira geral, um partido direitista, que ocupa outros ministérios e que, portanto, deve ser completamente expulso do governo ao lado dos demais ministros direitistas, como é o caso de Simone Tebet e de Juscelino Filho. Cada um deles, em suas respectivas áreas, tentará sabotar Lula de alguma maneira em prol dos interesses da burguesia. Cabe à esquerda, consequentemente, encabeçar uma ampla mobilização contra os setores direitistas do governo.

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