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Eleições em São Paulo

MES/PSOL quer que PT se “submeta” a Boulos

Declaração da corrente interna do PSOL a respeito do processo eleitoral de 2024 demonstra qual a natureza da "operação Boulos": submeter o PT à sua política

Foi oficializado neste fim de semana, o apoio do PT à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) para a prefeitura de São Paulo. O erro já foi abordado diversas vezes neste Diário. Trata-se de uma política de entrega da disputa pela prefeitura mais importante do país, disputa essa que o PT já venceu outras vezes, para uma figura financiada pelo aparato de inteligência do imperialismo norte-americano. Este mesmo Diário também denunciou de forma exaustiva as relações do instituto no qual Boulos trabalha, o Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), com o National Endowment for Democracy (NED) – fachada da CIA para financiar ONGs e agrupamentos políticos ao redor do mundo. Isso sem falar na própria composição do Instituto, que conta com o General Sérgio Etchegoyen, da aula golpista linha dura das Forças Armadas, de Raul Jungmann – Ministro da Segurança Pública do governo Temer entre 2018 e 2109 – e Leandro Daiello, delegado da Polícia Federal durante o golpe contra Dilma Rousseff.

Impulsionado pela burguesia e pelo imperialismo, Boulos foi vendido como uma espécie de candidato “natural” da esquerda para a prefeitura de São Paulo. Diante disso, muitas das correntes internas do PSOL – as quais nunca deram nenhuma declaração a respeito das denúncias sobre a relação de Boulos com o imperialismo norte-americano – se animam e já festejam antes da hora, mas também demonstram suas verdadeiras “intenções” com relação ao PT. 

É o caso da corrente Movimento Esquerda Socialista (MES), de Luaciana Genro e Sâmia Bonfim, que publicou uma declaração de sua direção estadual a respeito da situação eleitoral de 2024 e do lançamento da candidatura de Boulos apoiado pelo PT. O articulista do MES afirma que esta seria a primeira vez que um candidato do PSOL estaria em “condições de vencer” a prefeitura de São Paulo.

No entanto, o MES evita analisar as causas para essa suposta e súbita “popularidade” de seu candidato. Qualquer pessoa que observe com alguma atenção a situação política sabe que Boulos representa a esquerda que a burguesia e o imperialismo querem para o Brasil. Ele é uma espécie de Gabriel Boric do Brasil, sempre defendendo as posições do imperialismo para todas as questões e claramente impulsionado pela imprensa burguesa, presente em suas manchetes e páginas o tempo todo, além de ter tido coluna na Folha de S. Paulo por um longo período. 

O texto faz a ressalva de que “o Boulos que disputará as eleições de 2024 não será o mesmo de 2020, assim como, em 2020, Boulos já não era mais o mesmo, por exemplo, de 2014, quando organizou manifestações com dezenas de milhares de militantes do MTST em São Paulo exigindo moradia e protestando contra a Copa do Mundo no Brasil”. O texto relembra como sendo um grande momento de glória o fato de Boulos ter sido a liderança de um movimento de inclinação claramente golpista: o “Não vai ter Copa”, impulsionado pelo imperialismo para procurar subverter o que teria sido uma grande conquista do governo do PT – a Copa do Mundo no Brasil. 

Logo abaixo, o articulista trata de qual seria o defeito da estratégia política de Boulos: “Hoje, Boulos é o fiador da integração crescente entre PSOL e PT e, portanto, de uma normalização do PSOL dentro do regime político”. Ou seja, a aproximação da ala de Boulos com o PT, ainda que tenha um viés totalmente oportunista, incomoda porque o MES espera que ele faça jus ao salário que recebe indiretamente da CIA. A ideia de que se trata de uma manobra para “normalizar o PSOL dentro do regime político” é absurda. Quem normaliza o PSOL em várias instâncias do regime não é sua integração com o PT, mas sua integração e apoio vindo da burguesia, que o faz justamente por acreditar que em breve eles poderão substituir o PT. 

Não custa lembrar o infame vídeo vazado de Guilherme Boulos conversando amigavelmente com ninguém menos do que José Luiz Datena – um jornalista representante do PSDB e propagandista dos banhos de sangue da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O vídeo captura um momento de um jantar entre os dois e outras pessoas, na residência do psolista. Lá, Datena revela a visão que a burguesia tem para o destino de Boulos: “O PSOL tem o único cara de esquerda capaz de ser o substituto do Lula. O PT não aceita isso e vai querer fazer o Haddad. Se você peitar o PT e nós sairmos candidatos, se você falar para o Lula: eu quero o Datena como vice e sinto muito, nós podemos sair. Política é como nuvem. (O PT) vai lançar um candidato próprio e tomar um nabo violento”. 

Nesse sentido, o MES e Datena demonstram ter a mesma opinião: para o grupo, era melhor que Boulos estivesse em posição antagonista à de Lula, conforme deseja o imperialismo e a direita. No entanto, o oportunismo político de Boulos exige que seja feita a aliança, também para que sua rasteira nos petistas seja mais efetiva.

O MES considera, no entanto, que seria preciso unificar toda a esquerda para derrotar as candidaturas da direita – Ricardo Nunes e Eduardo Bolsonaro. No entanto, eles ressaltam que “a defesa dessa unidade e dessa candidatura não deve vir acompanhada de uma carta em branco para Boulos” (sic). Logo abaixo, ele estabelece que seria necessário “discutir o programa” da candidatura. No entanto, o MES se esquece que o verdadeiro fiador da candidatura de Boulos não é o PSOL, nem o MTST e nem ninguém da esquerda, mas a burguesia e o imperialismo. Quem financia e divulga o psolista é o dinheiro da CIA. Portanto, são eles que vão definir os rumos de uma possível gestão de Boulos. 

É também um tanto absurdo que eles estejam invertendo a realidade, como na seguinte declaração: “a aliança eleitoral deve representar uma síntese, e ser dirigida pela política do PSOL, e não representar, ao contrário, a submissão do PSOL ao governismo”. Aí, eles procuram fazer o leitor incauto crer que é o PSOL que está conduzindo o PT à prefeitura de São Paulo, mas a realidade é exatamente o oposto disso. Nessa “união”, quem tem os votos é o PT e não Boulos, portanto é absurdo exigir que o PSOL que dite o programa e a política da candidatura. Vale lembrar que, sem o PT, o PSOL não teria a menor possibilidade de ganhar em São Paulo, e não o contrário. 

O MES demonstra querer o mesmo que o imperialismo: submeter o PT a Boulos e procurar executar a operação de substituição da esquerda nacionalista por uma esquerda submissa ao imperialismo, ao estilo do atual presidente do Chile. E o PT facilita essa operação ao apoiar Boulos para a prefeitura de São Paulo, um dos mais graves erros cometidos pelo partido no último período.

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