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Fora todos 2023

Uma “independência” que serve para esconder uma política golpista

Tendência da legenda divulgou texto defendendo a "independência" do partido diante do governo

Texto recente publicado pelo PSOL, através de sua corrente Movimento Esquerda Socialista (MES), chamado “Aonde vai o governo?”, revela que, apesar da direita golpista, que ainda está bem presente no cenário político nacional, a esquerda pequeno-burguesa ainda é um senhor obstáculo para o governo Lula.

O MES, neste texto, afirma que o PSOL precisa assumir uma posição de independência com relação ao governo Lula: “defendemos a independência política do PSOL – como temos expressado com a atuação de nossas parlamentares ou da juventude durante o último Congresso da UNE”. E que “a defesa dessa localização e a necessária luta contra a extrema-direita serão tarefas fundamentais do VIII Congresso do PSOL”.

Antes dos argumentos que levam a esta conclusão, é preciso dizer que o próprio bolsonarismo ascendeu ao poder com ajuda de posições como esta. Quando da derrubada de Dilma Rousseff, um setor da esquerda pequeno-burguesa foi a favor do golpe ou se colocou “neutra”, independente (como se isso fosse possível), o que, no final, ajudou a enfraquecer as forças da esquerda anti-golpista e abriu caminho para a deposição de Dilma, prisão de Lula e, por fim, a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro.

Obviamente a explicação para se manter “independente”, ou seja, não fazer nada, precisa ter uma aparência combativa e esquerdista, por mais que tudo que o MES consiga fazer é elogiar a dança macabra das ações parlamentares de seus deputados: “destacamos a resistência e combatividade de Sâmia Bonfim que, junto com Fernanda Melchionna, tem demonstrado como realizar luta parlamentar contra o bolsonarismo”. 

As críticas feitas contra o governo Lula, no caso a reforma dos ministérios e a reforma tributária, não são feitas para favorecer a movimentação do governo à esquerda. Mas tão somente para marcar uma posição supostamente combativa, quando, na verdade, se pavimenta novos caminhos para um novo golpe de Estado, com um viés esquerdista. É o “fora todos” 2023, turbo, tração nas quatro rodas.

Lula tem no Congresso Nacional um verdadeiro celeiro de inimigos, desde a esquerda pequeno-burguesa “independente” aos golpistas de ontem e de hoje. A força do PT no parlamento é muito limitada e é mais natural ver Lula e o PT buscando alguma margem para colocar em prática a política que o fez ficar preso por mais de 500 dias.

O MES afirma: “Nossas tarefas, diante do giro ao centrão, consolidado com a entrada do PP e do Republicanos no governo, mais do que nunca é reforçar o polo independente. Eis o desafio do PSOL”. Ou seja, o PSOL, pelo que defende o MES, precisa ser oposição ao governo.  Depois de se aproveitar da popularidade de Lula para ganhar alguns votos e eleger alguns parlamentares, o MES defende que o PSOL deveria sair do governo. Na maior cara de pau, como se desde a eleição não estivesse claro qual o programa que teria o governo Lula. O PSOL – e o MES – assinou e participou da coligação que defendeu esse programa de conciliação com a direita, com Alckmin de vice e tudo.

Fernando Haddad, notoriamente um homem com uma política que procura se aproximar do mercado financeiro, é outro argumento para que o MES defenda que o PSOL pule fora completamente do governo do PT e se torne oposição. Novamente, ao invés da crítica contra a política adotada por Haddad e o apontamento do que seria o correto para mobilizar os trabalhadores, a pressa é (segundo o MES) para correr para a oposição.

É relativamente nítido que o governo Lula de agora busca uma posição mais popular do que a dos últimos mandatos do PT, basta ver sua atuação internacional na busca da constituição de uma frente de países oprimidos e a necessidade de união destes contra o poder do imperialismo, embora ele não diga isso com essas letras, essa é sua política, e é progressista. 

Mas a correlação de forças dentro do Congresso Nacional e dentro do próprio PT tem forçado Lula a adotar políticas mais conservadoras, e a mais grave, ao contrário do que relata o MES, é a que trata da questão repressiva, o combate às “fake news”, o aumento da censura, novas leis e penas, etc. Esse é o aspecto direitista realmente grave no governo Lula. As alianças no Parlamento, em grande medida, já eram esperadas, pelo menos para quem acompanha a política do PT e sabe que o partido se propôs à revolução socialista.

Por fim, o MES afirma que o PT não combate o bolsonarismo e busca alguma forma de convivência com os que outrora derrubaram Dilma e outros petistas. E que, em razão disso, é preciso se colocar na “independência” do governo Lula, ou seja, que devemos traduzir em fazer oposição ao governo Lula. A crítica até parece correta, não fosse o cinismo do MES. Alckmin por acaso não ajudou a derrubar Dilma? No entanto, lá estava o MES no mesmo palanque que o ex-governador de São Paulo e outros golpistas.

Que o PT não fez e faz a luta às últimas consequências contra o bolsonarismo, todo mundo sabe. Agora o que precisa ficar claro é que os métodos que o PT tem usado contra Bolsonaro são os mesmos métodos que o PSOL defende desde sempre. Parlamento, Poder Judiciário, alianças oportunistas, ou seja, o método da conciliação de classes. O enfrentamento nas ruas contra a direita golpista nunca foi feito pelo PSOL, pelo contrário, esse é o típico partido de advogados e parlamentares. Todo o problema com a direita será resolvido com a lei e os juízes. É por isso que Alexandre de Moraes é o novo herói da esquerda pequeno-burguesa. Um misto de policial da ROTA e inquisidor em uma mesma pessoa. 

Diz o MES: “para garantir o sucesso do governo e enfrentar a extrema-direita, é necessário aproveitar a inelegibilidade para golpear ainda mais Bolsonaro e os golpistas, isolando e derrotando politicamente a extrema-direita”. Não parece a organização que afirmou, quando do golpe contra Dilma Rousseff que não era golpe, mas impeachment, e que “É claro que os petistas tem direito de defender a continuidade de Dilma. Mas quem é de esquerda não tem por que fazer isso na medida que, se Dilma continuasse a governar, aplicaria mais ajustes contra o povo”. Ou seja, eles foram uma das dezenas de organizações de esquerda a apoiar o golpe de Estado. 

O que o MES está fazendo é repetir o filme de 2016, nesse sentido é uma política coerente, e estão prontos para sair às ruas para derrotar Lula e colocar outro direitista no poder. Essa, na realidade, é uma das principais armas do imperialismo nos países onde ele tem a política golpista: a esquerda pequeno-burguesa.

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