No último sábado (5), em conformidade com a campanha imperialista de ataque à Rússia, o Estadão publicou um editorial intitulado “Mais um golpe baixo de Putin”. O texto esbanja o tradicional cinismo do veículo burguês, e busca depositar sobre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a culpa pelas consequências da guerra provocada pela ofensiva da OTAN, ou seja do imperialismo, o controlador do jornal.
O ângulo utilizado é o do acordo entre Ucrânia e Rússia para a exportação de grãos. O acordo, mediado pela ONU e pela Turquia, estabeleceu que as exportações de grãos e fertilizantes de ambos os países deveriam ser livres para circulação, livres de sanções, de modo a evitar um aumento de preços e redução de oferta de alimentos no mercado mundial, o que poderia gerar um agravamento da fome no planeta. Estabelecido em julho passado e vigente até o último dia 17 de julho, o acordo foi suspenso. A Rússia alegou que a parte do acordo que estabelecia a circulação dos produtos russos não foi cumprida, e se colocou à disposição para, assim que o fosse, retomar o acordo. Voltemos ao Estadão:
“A ofensiva russa às exportações de grãos ucranianos golpeou duplamente a esperança de uma solução pacífica e razoável do conflito. Primeiro, ela sinaliza que Vladimir Putin não hesitará em empregar a economia como arma e impor custos e vítimas à população ucraniana, à sua própria e à do mundo inteiro para avançar sua guerra criminosa. ”
Assim inicia o editorial, com uma sequência de cinismo. Primeiro, aponta uma ofensiva direcionada à questão dos alimentos, um ataque de tipo moral. Depois, fala no emprego da “economia como arma” e “custos e vítimas” às populações.
Pois foi o próprio imperialismo quem causou a guerra, ao golpear a Ucrânia em 2014, estabelecendo um governo fantoche a ser utilizado como ponta de lança numa guerra contra a Rússia. Ainda buscou anexar a Ucrânia ao bloco da OTAN, que permitiria estacionar seus exércitos na fronteira russa, e ainda declarou intenções de estabelecer mísseis nucleares naquele país, voltados para Moscou. O avanço desse processo foi barrado pela operação russa na Ucrânia, após uma sucessão de avisos e declarações públicas do presidente Vladimir Putin para que cessasse a ofensiva da OTAN, ao longo de anos.
Mais que isso, as sanções sobre a Rússia foram tão pesadas que até concursos de raça de cachorro, óperas, literatura e culinária russa foram alvo de uma campanha de perseguição e censura do imperialismo em vários países. Se conseguisse, como faz com Cuba, Venezuela e muitos mais, o imperialismo buscaria estrangular a Rússia até que seu povo morresse por fome e falta de insumos médicos. A “revolta” do jornaleco se trata de puro cinismo.
Ainda no terreno dos fatos, sobre o acordo, diz o Estadão: “no dia 17, a Rússia repudiou o acordo e passou a bombardear portos e outros canais de exportação”. O fato é que dia 17 seria a renovação do acordo. Antes disso, o governo russo avisou e apresentou seus motivos para não prorrogar a medida publicamente, e se dispôs a retornar a ela caso fosse atendido, o que não ocorreu. O governo russo denunciou também que grande parte dos grãos exportados, que seriam destinados a mitigar a fome, portanto, a países pobres, foram enviados para países ricos: 44% do total, de acordo com a ONU.
Sobre isso, afirma o jornal golpista: “A intenção de Putin é estrangular a economia ucraniana e extorquir o Ocidente”. Ora, é natural que numa guerra se busque minar a economia de seu inimigo, já o “ocidente” (o imperialismo), é patrocinador da guerra, e busca a todo momento estrangular a Rússia. O problema real é que não conseguiram realizar tal façanha, pois dependem dos combustíveis e alimentos exportados pelo país. E segue:
“A médio prazo, os riscos de desastre alimentar crescem. O bloqueio concentrará o suprimento em poucos exportadores, tornando o mercado mais vulnerável a novos choques. Ondas de calor e estiagem podem reduzir as safras. E as exportações russas são manipuladas a serviço da guerra de Putin.”
A OTAN já sabia do papel da Ucrânia para a exportação de alimentos antes de fomentar a guerra, e isso não a impediu. É preciso ter clara a responsabilidade pelo início e pela continuidade do conflito até agora. Já que as exportações russas serão organizadas para beneficiar o esforço de guerra é algo natural, mas pintado pelo Estadão como um absurdo, algo fora do comum, uma “manipulação”.
Nesse tema, ainda podemos citar o caso dos gasodutos Nord Stream, explodidos pelos EUA, cortando o fornecimento de gás para a Europa, em especial para aqueles que seriam seus principais aliados, como a Alemanha. O feito ameaça a população europeia com o frio, e está servindo à destruição da indústria daqueles países, tudo em nome de barrar as exportações russas. O jornal é um representante do imperialismo, e dá continuidade à farsa.
A conclusão do artigo segue a mesma linha do texto: “Além dos impactos econômicos, a ofensiva de Putin sinaliza o afastamento da diplomacia”. Desde 2014, a Rússia visa solucionar o problema da Ucrânia de maneira diplomática, e a toda vez, a todos os avisos, foi ignorada pela OTAN.
A campanha de mentiras, no entanto, não se sustenta nem mesmo no texto do próprio Estadão: “Putin sugere que a condição para retomar o acordo é um alívio às sanções. Mas a chantagem não será aceita pelos ocidentais, que já planejam maneiras de romper o bloqueio ilegal em águas internacionais”. O jornal entrega o jogo, admite a manutenção das sanções, e caracteriza o que seria o cumprimento do acordo como “chantagem” que “não será aceita”.
O editorial se encerra caracterizando que “as nações que pressionam por um cessar-fogo desigual ou tentam se manter neutras” estariam contribuindo com a Rússia. Pois é justamente o que deve ser feito: derrotar o imperialismo sempre que possível. Pela desnazificação e derrota do governo golpista e nazista da Ucrânia, fantoche da OTAN. Todo apoio à Rússia! Z!