O governo Lula decidiu extinguir a política de emissão de vistos americanos sem reciprocidade dos Estados Unidos neste último dia 8, quarta-feira. A decisão contraria a política de capacho do ex-presidente Bolsonaro, do PL, que havia dado inicio a tal política seguindo a orientação do governo Trump.
Já era ventilado pela imprensa em meados de fevereiro que Lula pretendia revogar a política de isenção de vistos para a entrada de turistas dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão, por dois motivos principais: o fato de que o passe livre não aumentou o fluxo de turistas e a falta de reciprocidade, o ponto mais importante.
A isenção de visto se aplicou aos que viajam ao Brasil para fins de turismo, negócios, trânsito e atividades artísticas e esportivas. Também se estendeu para pessoas “em situações excepcionais por interesse nacional”.
A medida foi assinada pelo ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), em março de 2019 às vésperas da viagem que faria para os Estados Unidos, para encontrar o então presidente, Donald Trump.
A medida denuncia todo o posicionamento subserviente de Jair Bolsonaro e seu governo ao imperialismo, reduzindo a importância do povo brasileiro perante o governo norte-americano.
O Itamaraty historicamente adotava o princípio da reciprocidade, ou seja, se os brasileiros necessitam de visto para visitar um determinado país, os habitantes desse país deveriam passar pelo mesmo procedimento. Durante o seu governo, Lula havia determinado inclusive que todos os procedimentos exigidos dos brasileiros para entrar nos Estados Unidos, fossem exigidos também dos turistas norte-americanos.
Sob o governo Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, a política mudou e os turistas norte-americanos e de outros países desenvolvidos foram beneficiados sem que houvesse nenhuma contrapartida. Pelo contrário, o governo de Trump, que Bolsonaro tanto admira, dificultou a entrada dos brasileiros, como parte do endurecimento da política contra a imigração. Essa é uma medida humilhante para os brasileiros, que nos coloca como nação que se submete caninamente aos interesses dos EUA, mesmo que o tratamento deles para conosco seja diametralmente oposta.
Outra exigência de Trump para Bolsonaro foi que o Brasil renuncie ao título de país em desenvolvimento na OMC (Organização Mundial do Comércio), o que lhe confere inúmeros benefícios. Isso é algo que os EUA tentaram com a China, mas que não obteve sucesso.
Em troca, Trump cobrou que o Brasil elimine o que ainda existe de barreira comercial que impede a entrada ainda maior das empresas dos EUA e mantém uma pequena proteção à economia brasileira contra uma devastação total que pode ser causada pela entrada sem barreiras do grande capital norte-americano.
Lula não é um representante do imperialismo, e a situação dos vistos é mais uma evidência disso. O próprio presidente já declarou no passado que seria preciso “bater de frente com o imperialismo”.
“Nós exportamos para a China três ou quatro vezes mais do que exportamos para os Estados Unidos, mas aí a elite brasileira fica lambendo bota e esperando que os Estados Unidos façam alguma coisa por nós. Não vão fazer, porque os americanos não querem concorrência na América do Sul, eles não querem que o Brasil seja protagonista, eles não querem que o Brasil tenha influência.” disse Lula, à Rede RDR do Paraná, sinalizando que seu terceiro governo trabalhará por uma maior cooperação do Brasil com países da América Latina e África, além da China.