Nessa terça-feira (13), foi ao ar o tão esperado podcast com o presidente Lula. Transmitido pela empresa pública federal EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), o programa teve como apresentador o jornalista Marcos Uchôa, que entrevistou Lula durante cerca de trinta minutos.
A realização do podcast por parte do presidente foi uma iniciativa fundamental para expandir e tornar mais direto o diálogo de Lula com o povo brasileiro. Desde o começo de seu mandato, Lula e o PT já haviam demonstrado suas intenções de estabelecer um canal de comunicação direito com a população, de forma que não precisasse se sujeitar às entrevistas controladas e manipuladas pela imprensa burguesa, serviçal do imperialismo.
O formato de podcast já havia sido utilizado pelo ex-presidente golpista Jair Bolsonaro, e se mostrou uma ferramenta importante de diálogo com a população. Assim, era necessário que atual governo também tomasse iniciativas no mesmo sentido. Afinal, o governo Lula está cotidianamente sendo emparedado e sabotado pela burguesia, seja através do Congresso (Arthur Lira), da imprensa, do judiciário e mesmo de dentro do poder executivo (Marina Silva, Tebet e outros).
Através desse diálogo direito com a população, por meio do formato de podcast, Lula poderá explicar aos trabalhadores brasileiros os meandros da política, as iniciativas que vem tomando para governar em prol do povo e, principalmente, denunciar como a burguesia vem sabotando seu governo para impedi-lo de implementar seu programa nacionalista.
Como se tratou da primeira transmissão, a abordagem foi leve, sem temas muito polêmicos. Ademais disto, não houve tentativas de encurralar e intimidar Lula, como sempre ocorre em suas entrevistas nos jornais do PIG (Partido da Imprensa Golpista).
Apesar da ausência de tópicos muito polêmicos, Lula abordou importantes pontos durante sua fala. Iniciou o programa dizendo que nesses primeiros seis meses, ele e o governo trabalharam mais do que nos governos anteriores, pois é muito mais difícil reconstruir um país que foi destruído do que construir algo do zero. Nesse sentido, anunciou para 2 de julho próximo a implementação de um grande programa de obras de infraestrutura em todas as áreas, voltadas ao desenvolvimento nacional:
“A partir do dia 2 de julho, lançaremos um grande programa de obras. Um projeto abrangente para impulsionar a infraestrutura em todas as áreas”.
Ao ser perguntado por Marcos Uchôa a respeito das medidas já tomadas pelo governo nesse primeiro semestre, que promoveram uma melhora imediata na qualidade de vida da população (novo bolsa família; aumento do salário mínimo acima da inflação; aumento do limite do imposto de renda; redução do preço dos combustíveis e do gás de cozinha; e, agora, a volta do programa minha casa minha vida), Lula respondeu que o governo sabe que tem que fazer muito mais do que fez nos governos anteriores, pois é necessário reconstruir o Brasil. Assim, declarou que pretende terminar seu mandato com o país em uma melhor situação do estava em 2010.
Ao ser perguntado sobre a política de redução do preço de carros populares, demonstrou estar consciente dos interesses materiais do povo e de que é necessário melhorar a condição de vida da população brasileira no plano imediato. Nesse sentido, falou sobre o programa “Desenrola” através do qual se pretende ajudar as pessoas a saírem da situação de inadimplência (endividados) para voltar à normalidade do consumo, e disse que, se não for implementado logo, quem estará enrolado será o governo.
Na mesma linha, declarou que pretende fazer um programa voltado à produção de alimentos, facilitando a aquisição de insumos e tecnologia para o pequeno e médio produtor rural:
“Desejamos implementar o programa ‘Mais Alimento’, com o objetivo de produzir tratores e equipamentos agrícolas para os pequenos e médios produtores rurais brasileiros“.
Tudo isto demonstra que Lula pretende governar no sentido de promover o desenvolvimento nacional. Tanto é assim que, ao ser perguntado se ele esperava os resultados positivos econômicos de seu governo, em especial a queda da inflação, disse, em conversa com a Diretora do FMI, que eles estavam errados em achar que o Brasil não iria crescer este ano de 2023, e que ele iria provar isto.
Lula também falou sobre o programa Minha Casa Minha Vida. Disse que não basta fazer casas para a parcela mais pobre da população; também é necessário que o programa inclua a classe média, demonstrando que o presidente tem consciência de que, para poder governar, também precisa do apoio desse setor da população, o qual, majoritariamente, constituiu a base eleitoral de Bolsonaro em 2022, em uma eleição extremamente acirrada:
“Nós precisamos fazer não apenas o Minha casa Minha vida para as pessoas mais pobres. Precisamos fazer o Minha Casa Minha Vida para a classe média. O cara que ganha R$10 mil, R$12 mil, R$8mil, esse cara também quer ter uma casa, e esse cara quer ter uma casa melhor. Então nós vamos ter que ter capacidade de fazer uma quantidade enorme de casas para essa gente. Então vamos ter que pensar em todos os seguimentos da sociedade, para poder fazer com que as pessoas se sintam contempladas pelo governo.”
Foi perguntando também sobre as relações internacionais, momento em que falou sobre a visita de Úrsula Von der Leyen ao Brasil, nessa segunda-feira (12). Em diálogo com a presidente da Comissão Europeia, Lula disse a ela que o Brasil não aceita que restrições sejam impostas às compras governamentais, pois isto prejudicaria as pequenas e médias empresas.
Ao falar sobre a relação entre o agronegócio e os movimentos camponeses, como o MST, disse que pretende governar de forma a que se chegue a um acordo, para que a reforma agrária seja realizada de forma pacífica. Disse que os grandes agricultores devem viver em paz com o pequeno e o médio, pois um precisa do outro. Apesar da posição conciliatória, disse que ideologicamente estão em campos opostos e que se o problema do agronegócio com o governo é ideológico, paciência. Ademais disto, fez questão de elogiar o pequeno e médio agricultor, cuja produção é responsável por colocar comida na mesa do brasileiro.
Por fim, Lula falou de passagem sobre a difícil situação pela qual passa o governo, especialmente em suas relações com o Congresso, que dificulta a aprovação das medidas necessárias para que o programa de governo possa ser concretizado. Neste momento, novamente demonstrou estar ciente de que o tempo urge, e disse que tem pressa em fazer as coisas acontecerem, e repassa essa pressa aos ministros cotidianamente:
“Eu tenho pressa, e essa pressa eu costumo passar para os meus ministros. Eu costumo passar (para) cada um com quem converso. Quinta-feira eu vou ter uma reunião com meus ministérios para cobrar pressa. Não há tempo há perder, não há tempo para conversa fiada. Nós temos que levantar de manhã trabalhando, parar de trabalhar o mais tarde possível da noite e no dia seguinte levantar cedo outra vez. O povo está precisando ver o Brasil andar de cabeça erguida e nós fomos eleitos para isso. É isso que eu passo para meus ministros e minhas ministras. Nada de ter medo de cara feia, nada de ficar colocando dificuldade. A dificuldade existe para a gente vencer. Quando a gente é oposição, aí a gente fala ‘eu acho, eu vejo, eu penso, eu acredito’. Mas quando você governa você não ‘acha, pensa ou acredita’, você faz ou não faz, e você tem que fazer. É isso. Simples assim. Nós temos que fazer. O tempo do ‘acho’ era o tempo da eleição, o tempo do ‘acredito’ era o tempo da eleição. Agora é fazer. Se tem uma coisa difícil, desenrole e faça, porque é assim que a gente governa um país”
É fundamental que o governo consiga implementar seu programa de desenvolvimento nacional, de forma a promover, o mais rápido possível, melhorias nas condições de vida da população. Caso contrário, perderá sua popularidade e ficará vulnerável às iniciativas golpistas da burguesia.