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Brasil

Moraes e bolsonaristas entraram em um acordo?

Segundo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, "não se briga com Moraes; a gente se une a ele"

De acordo com fontes do jornal O Globo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teria elogiado o atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, chamando-o de “inteligente, corajoso e obstinado”. O governador teria ainda ido além do elogio e declarado que “não se briga com Moraes, a gente se une a ele”.

De acordo com o Poder360, as declarações de Tarcísio de Freitas seriam a expressão da posição de intermediador que Tarcísio assumiu entre Moraes e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o portal, Tarcísio teria intervindo, por exemplo, “para acalmar os ânimos antes do ato pró-Bolsonaro na avenida Paulista, realizado em 25 de fevereiro“. Antes da realização do ato, a própria imprensa capitalista alardeava sobre o seu caráter “antidemocrático”. Setores da esquerda nacional chegaram a pedir, junto ao Judiciário, a proibição da manifestação.

Em meio a essas acusações, Tarcísio de Freitas teria garantido ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Roberto Barroso, bem como ao próprio Alexandre de Moraes e ao ministro Gilmar Mendes, que também integra a Corte, que a manifestação na estava “sob controle”.

O Poder360, então, apresenta outras ocasiões em que Tarcísio de Freitas teria atuado como intermediador junto ao Poder Judiciário. Menciona, por exemplo, sua atuação para evitar a cassação do senador Jorge Seif (PL-SC) por abuso de poder econômico. Segundo o portal dá a entender, as declarações do governador de São Paulo seriam simplesmente parte do esforço de Tarcísio de Freitas para se promover dentro do regime. Afinal, ele seria, segundo destaca o Poder360, “um dos cotados pela direita para disputar as eleições presidenciais de 2026“. Ainda que houvesse algum interesse pessoal de Tarcísio de Freitas nisso, essa não é a principal questão envolvida.

O que a intermediação de Tarcísio de Freitas indica é que, na verdade, neste exato momento, dois setores da burguesia que, até então, eram apontados como inconciliáveis, parecem ter chegado a um acordo. De um lado, Alexandre de Moraes, representante dos interesses do grande capital. De outro, o ex-presidente Jair Bolsonaro, principal liderança da extrema direita no País.

Ao dizer que “com Moraes, não se briga”, Tarcísio de Freitas poderia estar indicando um rompimento com Bolsonaro. Afinal, a política do ex-presidente tem sido a de brigar com o ministro. No entanto, o Poder360 deixa claro que o governador agiu não como um dissidente do bolsonarismo, mas como um porta-voz deste. Isto é, é do interesse do próprio bolsonarismo chegar a um acordo com Moraes.

Quanto ao bolsonarismo querer um acordo, não causa nenhuma surpresa. Afinal, foi o grande capital quem iniciou as hostilidades contra a extrema direita, na medida em que viu a necessidade de controlar o bolsonarismo. O que chama a atenção é que, neste momento, tudo indica que o grande capital também quer o acordo. Isso fica claro no comportamento da grande imprensa, que vem criticando sistematicamente a atuação do ministro que outrora paparicava tanto.

Em artigo publicado no dia 20 de abril, a Folha de S.Paulo chega a narrar que algum tipo de acordo teria sido feito para evitar que a política de Alexandre de Moraes causasse uma crise ainda maior no regime político:

“O acúmulo de atritos envolvendo o ministro Alexandre de Moraes ampliou o alcance dos questionamentos sobre os limites da atuação do magistrado no STF (Supremo Tribunal Federal). Integrantes do Congresso, do governo e da corte que costumam oferecer respaldo às ações de Moraes agora admitem reparos e reconhecem, nos bastidores, a necessidade de ajustes. Essas autoridades mantêm apoio ao ministro e destacam a relevância de sua atuação na defesa das instituições. Elas afirmam, no entanto, que uma mudança calculada e gradual de postura seria importante para baixar a temperatura de recentes embates protagonizados por Moraes.”

Se a política da burguesia, neste momento, é a de mudar a política de Alexandre de Moraes, que era, até certo ponto, uma tentativa de frear a extrema direita, é porque deu sinal verde para o bolsonarismo agir. Nesse sentido, a declaração de Tarcísio mostra que este setor está aproveitando o fato de que Moraes está sendo descartado pela burguesia para reverter alguns dos ataques que o ministro fez contra os bolsonaristas.

As declarações do governador de São Paulo, portanto, tornam ainda mais provável que, de agora em diante, os tempos serão de paz entre a extrema direita e a burguesia. Consequentemente, tempos muito ruins para o conjunto da esquerda.

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