Nos últimos dias, artigos maliciosos da imprensa capitalista têm criticado as declarações de Flávio Dino em relação ao suposto ataque contra Alexandre de Moraes. São puro cinismo: a imprensa sempre deu eco a todo tipo de arbitrariedade do Judiciário, especialmente aquelas praticadas pelo ministro careca do Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo de criticar Dino, portanto, é um só: criticar o governo Lula.
O jornal Gazeta do Povo, ligado à extrema-direita, deixou clara essa intenção: “No Brasil de Lula, rixa de aeroporto vira atentado contra o Estado de Direito”. Há ma clara tentativa de vincular todos os absos ditatoriais do País ao governo petista.
O fato é que Lula nada tem a ver com a escalada repressiva no País. Ela acontece por meio do Poder judiciário, um poder que não é eleito e que não sofre influência do Poder Executivo. Lula é, inclusive, uma das maiores vítimas do Judiciário no passado recente, tendo sido preso sem provas para que não fosse candidato. A escalada repressiva é obra do grande capital, das mesmas pessoas que armaram o golpe de 2016, e que, se neste momento persegue algumas figuras secundárias da extrema-direita, tem como objetivo reestabelecer o chamado “centro ” político. Isto é, viabilizar um governo de partidos como o PSDB.
O que dá munição para a campanha de que Lula estaria por trás da perseguição aos direitos democráticos são fundamentalmente duas coisas. A primeira é a existência de uma figura muito repressiva em seu alto escalão, que é o ministro Flávio Dino. E a segunda é que, se Lula evita elogiar as barbaridades do Judiciário, também não as critica abertamente. Com isso, acabará sendo vinculado à represão do Estado.
Lula deve se afastar do autoritarismo de Dino e de Moraes; do contrário, acabará sendo alvo do ódio de uma parcela da população cujo ódio contra a repressão do Estado cresce cada vez mais.