Em visita ao país vizinho, o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva defendeu que o Mercosul deva realizar parcerias bilaterais com a China, elogiando as negociações avançadas do Uruguai com Pequim. Ao longo da semana, muito se falou da relação do petista com os demais países latino-americanos, após sua defesa à Venezuela e Cuba durante a CELAC na Argentina.
A imprensa burguesa, em compensação, destacou na quarta-feira (dia 25) a fala de Lula a respeito do golpe de estado que atingiu o Brasil na última década e retirou os direitos trabalhistas da população, assim como diversas outras questões importantes para os trabalhadores brasileiros. Lula, em discurso no Uruguai, denunciou a derrubada de Dilma Roussef e acusou o ex-presidente ilegítimo Michel Temer de golpista – assim como o é. Os capitalistas da imprensa, por sua vez, demonstraram perplexidade sobre a fala de Lula, já que, segundo eles, Temer compõe a base do governo Lula, com três ministérios destinados a membros do PMDB.
O estarrecimento do PIG, por sua vez, é um cinismo disfarçado de seriedade. A presença do PMDB não é um apoio ao programa defendido por Lula, mas uma chantagem que amarra uma corda ao seu pescoço; vigiando cada ação do governo, tentando sequestrar as ações para a direita e, por fim, agindo na espreita para usurpar a cadeira presidencial. Temer e sua corja golpista jamais atuarão como base de um governo dos trabalhadores, sendo sua única base o povo.
“Tudo que fizemos de benefício social para o nosso país em 13 anos de governo foi destruído em 7 anos”, defendeu Lula. “3 do golpista Michel Temer e 4 do governo Bolsonaro”. O choque da imprensa, por sua vez, se dá não pela destruição dos programas sociais que o governo do PT conseguiu fazer em seus anos de governo, tampouco o impacto negativo na vida dos trabalhadores nos últimos 7 anos. O que impressiona é a caracterização que Lula dá à derrubada da Dilma: golpe.
Parte de tal estarrecimento é responsabilidade, também, da capitulação da esquerda. Após deixarem condenar e prender Lula, a esquerda não se opôs à impossibilidade determinada pela justiça da chapa de Lula em 2018, aderindo a um discurso legalista e de respeito às instituições – independentemente de suas decisões. Essa ação reflete, hoje, no choque da imprensa ao Lula chamar o golpista de golpista, como deveria ser feito pela esquerda dioturnamente.
Bolsonaro, inclusive, é fruto do golpe de 2016, onde a direita brasileira e o imperialismo articularam a derrubada de Dilma para executarem as reformas que desejavam fazer. É fundamental, para a esquerda, denunciar o que ocorreu, não deixando apenas no passado a luta contra o golpe, pois as ofensivas contra Lula e seu novo governo começaram a tomar forma por agora.