Após empate por zero a zero contra o São Paulo, torcedores palmeirenses protestaram com pichações em muros do Allianz Parque, o antigo Palestra Itália ou ainda Parque Antártica. Em verde e branco, a mensagem dos torcedores foi bastante clara, estão insatisfeitos com a gestão da atual diretoria e cobram reforços nesse início de temporada. Leila Pereira, que preside além do Palmeiras o Banco Crefisa S.A., cobra da Polícia Civil que os torcedores sejam caçados e punidos.
Não por acaso, a presidenta do clube está no centro das críticas. As frases recentemente pichadas foram: “ACORDA BLOGUERINHA”, “DIRETORIA FRACA”, “LEILA CUMPRA SUAS PROMESSAS” e “QUEREMOS JOGADORES”. Há pouco, o clube vendeu os jogadores titulares Danilo e Gustavo Scarpa, sem dar sinais de que vai repor à altura as vagas deixadas. Em descompasso com a torcida, a diretoria procura lucrar com as transferências, como num negócio qualquer.
Uma diretoria que gasta e ganha em milhões quer que os torcedores revoltados arquem com o custo de cerca de R$ 2 mil, que teria sido gasto para pintar por cima das frases. Um abismo econômico que expressa a disputa em curso no tradicional clube paulista, a quem o Palmeiras deve responder, aos seus torcedores ou a banqueiros que usam o clube como balcão de negócios? Um torcedor já foi identificado e enquadrado na Lei Ambiental inventada para coibir as pichações, especialmente as de protesto.
É importante relacionar essa postura da diretoria do Palmeiras com uma medida que ela tenta implementar, o reconhecimento facial para entrada no seu estádio. Vendida com o pretexto de diminuir o tempo de espera na entrada dos jogos e coibir os “malvados” cambistas, a proposta envolve coleta e armazenamento de uma enorme quantidade de dados biométricos, uma questão bastante complicada tanto em relação à segurança desses dados quanto ao seu uso indevido para perseguir as torcidas organizadas.
Sem dúvidas, mais um avanço repressivo dentro do Palmeiras. E não custa lembrar aos nossos amigos identitários que essa escalada repressiva está sendo liderada por uma mulher, o que mostra novamente que não se pode fazer política seriamente com esquemas tão superficiais como a tal “representatividade”. Homem ou mulher, tanto faz quando estamos falando de um agente dos bancos e um inimigo do povo.
No final das contas, estamos diante de mais um capítulo da luta dos capitalistas contra o nosso futebol, nesse caso combatendo e tentando afastar cada vez mais os verdadeiros torcedores dos estádios. Diante do incessante avanço da repressão estatal, os clubes apontam guinada no mesmo sentido. Isso é fundamental para emplacar o projeto econômico de transformação dos clubes em Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), simplesmente um balcão de negócios para os capitalistas estrangeiros, sem qualquer compromisso com os clubes e com quem faz eles serem o que são, os seus torcedores.