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Identitarismo

Kpop pela Reunificação “cancela” PCO

Identitarismo distrai população da luta fundamental: contra o imperialismo

O perfil do Twitter “KPR – Kpop pela Reunificação” (@KPR_Brasil), que se declara um “coletivo revolucionário” e apoia a Coreia do Norte, bem como a unificação desta com a do Sul, publicou uma declaração, na qual diz:

 “Pra quem ainda não sabe que agora fique sabendo, nós da KPR não dividiremos mais espaço com nenhum militante ou quadro do PCO, também não há mais nenhum membro ligado ao nosso coletivo que tenha ligações com essa seita reacionária.”

O que ensejou tal declaração foi o fato de que o PCO se opôs à cassação do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira em função de um discurso proferido no Congresso, classificado como transfóbico pelo movimento LGBT e grande parte da esquerda.

Claro que o fundamental aqui é que sobre a liberdade de expressão. Poderíamos fazer um debate aqui sobre essa posição, mas já escrevemos um bom artigo sobre isso (https://causaoperaria.org.br/2022/liberdade-de-expressao-total-absoluta-e-irrestrita/).

O caso que quero debater aqui é que os adeptos do perfil colocaram o identitarismo acima da luta contra o imperialismo. Vejamos de qual forma.

Preliminarmente, o problema dessa declaração não é que eles se oponham à liberdade de expressão irrestrita” e sim que classifiquem como reacionário e “cancelem” quem defende essa política, identificando quem a defende, no caso o PCO, com quaisquer posições daqueles que estão ameaçados de censura.

A questão em tela também coloca a pergunta que o PCO sempre colocou: quem decide qual opinião pode ser emitida? Uma vez estabelecido o princípio da censura, qualquer opinião que se emita pode ser classificada como passível de censura a depender dos que a julguem. E a posição do deputado não é isolada e provavelmente corresponde à posição da maioria da população e não da minoria, tornando o caso ainda pior, já que ele obteve um milhão de votos e expressa opinião de seu eleitorado.

A política do cancelamento das opiniões contrárias é reacionária, mas pior ainda quando é aplicada apenas aos que defendem o direito e não a posição em si. Significa, na realidade, não defender liberdade nenhuma, já que a liberdade pressupõe que dois lados opostos possam se expressar. Se apenas uma opinião pode ser emitida, não há liberdade.

Mas o caso elucida ainda uma questão fundamental que estamos há tempos denunciando: que o identitarismo, uma política defendida pelo imperialismo e toda sua imprensa e os monopólios, serve principalmente para distrair a população da luta contra o próprio imperialismo.

Com o identitarismo, martelado diariamente pela grande imprensa capitalista, as questões de setores da população se sobrepõem à luta de classes e, principalmente, contra o imperialismo. Assim, torna-se mais importante se opor a Vladimir Putin, por ser homofóbico, do que aos Estados Unidos e aos nazistas que dão suporte ao governo da Ucrânia. Torna-se natural pedir ajuda para John Kerry e Joe Biden e outros representantes indiscutíveis do imperialismo para intervir no Brasil, porque supostamente defendem os indígenas e o “amor” (!) do que defender a soberania nacional.

E onde entra o perfil do “Kpop pela reunificação” em tudo isso? O perfil é um defensor da Coreia do Norte, regime condenado por todo o imperialismo, mas não só. O PSOL ameaçou o então vereador Brizola Neto de expulsão por este ter feito uma homenagem a Kim Jong-un. Chegou até mesmo a tirar uma moção dizendo que ele não representava a posição do partido. Não é de surpreender, já que este partido é o rei do identitarismo, do cancelamento e da censura, de acabar com os direitos democráticos em nome da luta contra transfobia, homofobia, racismo e outros. Além disso, está cada vez mais clara sua relação próxima com o próprio imperialismo norte-americano.

Acontece que a pressão identitária fez o perfil “cancelar” o PCO, mas perguntamos: Cancelaram o PSOL por ser direta e abertamente contra o que é justamente a razão de existir do grupo? Não. Ao menos repudiaram? Não.

Assim, pessoas que se uniram para defender um regime combatido de todas as formas pelo imperialismo, acabam por se aliar a opositores desse regime e romper com partidos que defendem esse regime contra o imperialismo, caso do PCO, em nome de uma questão que é secundária diante dessa que é fundamental. 

Estão cancelando o PCO não por ser transfóbico e sim por defender um princípio democrático, que a esquerda, submissa à opinião da própria imprensa capitalista, teve a desfaçatez de dizer que é em si reacionária, pois impede que o Estado cale uma parte da população. Sim, porque a ideologia bolsonarista é, infelizmente, seguida por milhões de pessoas e nenhuma censura vai mudar isso, pelo contrário, vai apenas fortaleceu, como de fato fortaleceu Nikolas Ferreira.

Chamamos os adeptos do grupo e o restante dos ativistas a refletir sobre essa questão. Defender um princípio democrático é reacionário? Ainda mais considerando que essa é uma posição tradicional do marxismo e do movimento operário? 

É correto estigmatizar um grupo revolucionário, que participa do movimento operário a quarenta anos, que lutou contra o golpe, pela liberdade de Lula e que o apoiou nas últimas eleições simplesmente porque defende que os direitos democráticos devem ser preservados e que todos têm direito a se expressar independentemente de concordarmos ou não?

Independentemente da resposta que se dê a essas questões, precisamos, infelizmente, avisar os companheiros que essa política está fadada ao fracasso e que vai se voltar contra toda a esquerda. E quando o imperialismo, a imprensa capitalista ou mesmo a própria direita atacar esses setores oprimidos, podem ter certeza que o único que estará lá para defendê-los será o PCO, enquanto o resto da esquerda que hoje quer cancelar a todos vai renegar suas atuais posições e se esconder debaixo da cama.

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