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Os verdadeiros antissemitas

Israel é uma monstruosidade que precisa ser extinta

Israel não tem outro objetivo além de massacrar com a máxima dureza os povos árabes para manter o Oriente Médio sob controle e apoiar a ditadura global do imperialismo

Existe uma posição centrista em torno da questão Palestina popular entre setores capituladores da esquerda, que defendem a existência de dois Estados, um palestino e outro sionista. Tais setores geralmente argumentam que esta é a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), como se o simulacro de legalidade dado pela ONU à invasão da nação árabe a tornasse tolerável. Criminoso na origem, a manutenção da ocupação israelense da Palestina deu inúmeras evidências, desde 1948, de que só o fim da invasão imperialista pode por um fim à barbárie. 

Inúmeros documentos históricos demonstram que longe de ser uma demanda popular da comunidade judaica europeia, a criação de Israel foi um plano elaborado pelo imperialismo para se estabelecer no Oriente Médio e controlar a região. Dentre esses documentos, destaca-se a Declaração de Balfour e os tratados tornados públicos pelo governo bolchevique da Rússia pós-Revolução de 1917, envolvendo a partilha do antigo Império Otomano.

Envolvendo os setores mais poderosos do imperialismo já na época, a força do lobby israelense é tamanha que conseguiu unir os distintos campos da direita. Nos EUA, onde uma batalha aberta se desenvolve entre trumpistas e a direita mais diretamente ligada ao imperialismo deu lugar a uma relativa pacificação, ainda que o ex-presidente Donald Trump tenha criticado a “a fraqueza e a incompetência” do atual mandatário norte-americano, o democrata Joe Biden.

No Brasil, bolsonaristas e tucanos uniram-se na reprodução das mentiras difundidas pelos órgãos de propaganda de Israel, e também, na pressão contra o Palácio do Planalto, para que o governo do PT traia a posição histórica da esquerda de apoio aos palestinos e posicione-se ao lado do imperialismo, ou seja, de Israel. Em apoio a esta política, os elementos mais aterrorizantes do bolsonarismo dos bons e nem tão velhos tempos da campanha golpista contra a então presidenta petista, Dilma Rousseff, voltaram-se com força contra toda e qualquer denúncia dos crimes israelenses. A perseguição bolsonarista levou inclusive a ameaças de morte contra personalidades da esquerda como o jornalista Breno Altman e militantes do Partido da Causa Operária, além de uma queixa-crime contra o jovem dirigente do PCO, João Pimenta.

Em toda a Europa, uma verdadeira campanha fascista contra os defensores da Palestina se desenvolveu também, em nova evidência da coesão política da burguesia mundial em torno do tema, tão caro ao imperialismo. Em oposição à política imperialista, há muitas décadas a esquerda presta seu apoio aos palestinos, com os trotsquistas ainda no âmbito da Quarta Internacional criticando o ataque à Palestina, uma posição que antecede própria formação do Estado de Israel.

Embora levada à confusão pela ação do stalinismo, que propôs a criação dos dois Estados na ONU e ainda dispunha de grande autoridade política – em decorrência da derrota do nazismo na Segunda Grande Guerra -, a barbárie da ocupação israelense e a crescente expansão do seu território sobre áreas palestinas fez a esquerda acordar para a natureza predatória do Estado sionista, com o campo passando à oposição às ofensivas israelenses contra o povo palestino.

O verdadeiro antissemitismo

Ainda assim, a oposição à limpeza étnica empreendida por Israel contra os palestinos segue mantendo traços da confusão inicial, entre elas uma defensiva ante a acusação de que opor-se a Israel é uma posição antissemita e, portanto, nazista. É um golpe, naturalmente, mas além da picaretagem, é preciso ter claro que o verdadeiro antissemitismo na questão está na política do Estado sionista e não em seus opositores.

O termo “semita” origina-se do personagem bíblico Sem, filho de Nóe. Diz a tradição religiosa de cristãos, judeus e muçulmanos, que de Sem se originaria os povos que posteriormente habitavam toda a costa Sul do Mediterrâneo, incluindo o Norte da África e também o Oriente Médio. Entre esses povos estão os antigos fenícios (habitantes do atual Irã), hebreus (povos que professavam a fé judaica), amoritas, acadianos, assírios, sírios, caldeus, arameus, hicsos e finalmente, os árabes.

Ao classificar como “antissemita” quem acusa os crimes de Israel contra a Palestina, os sionistas seguem a tática popularmente conhecida como “bater a carteira e gritar ‘pega ladrão’”. São as ações bárbaras produzidas por Israel contra um povo semita, os árabes (muçulmanos e judeus), o verdadeiro antissemitismo em ação.

Com esta consideração feita, se por um lado o termo “semita” se refere a etnias como os povos árabes (que habitam a Palestina há milênios), o termo “sionismo” refere-se ao plano político criado pelo imperialismo para ocupar o Oriente Médio. É, portanto, o verdadeiro antissemitismo em ação, o ataque perpetrado por europeus e norte-americanos aos povos palestinos indiscriminadamente, entre os quais se encontram cristãos, muçulmanos e judeus, chamados de pejorativamente “ultra-ortodoxos” pela propaganda sionista por sua oposição ao sionismo. 

São as ações brutais de Israel contra os palestinos a verdadeira política antissemita, os massacres constantes, a política deliberada de terror que há mais de 75 anos martiriza o povo palestino e sustenta a ocupação imperialista de Israel. Mesmo agora, na carnificina promovida para sufocar a insurreição palestina, as crianças compõem mais 40% das vítimas dos bombardeios criminosos promovidos por Israel contra a Faixa de Gaza, evidenciando a qualidade de animais que os adeptos do nazismo sionista são.

Desde 7 de outubro, quando militantes das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam (o braço armado do partido Movimento de Resistência Islâmica [Hamas]) iniciaram a mais heroica ação de libertação da Palestina, 3.195 crianças mortas teriam sido catalogadas pela ONG Save the Children. A chocante cifra desconsidera, no entanto, a quantidade de vítimas que podem estar soterradas nos escombros e ainda não localizadas.

Sem outro objetivo a não ser massacrar com a máxima dureza os povos árabes para manter o Oriente Médio sob controle, a manutenção de Israel é também um dos pontos de apoio da opressão global do imperialismo. A extinção deste Estado, além de por um fim à barbárie monstruosa que submete os povos árabes, tende a impulsionar as tendências revolucionárias do proletariado mundial, uma vez que enfraquece a ditadura que oprime trabalhadores em todo o mundo.

Por isso mesmo, a esquerda classista, verdadeiramente ligada aos trabalhadores, não pode adotar o centrismo capitulador, mas apoiar o restabelecimento da nação palestina, tal como antes da invasão sionista. Com diversas etnias e religiões convivendo democraticamente.

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