Na última segunda-feira (20), o canal Diário Causa Operária do YouTube, simultaneamente com o canal Arte da Guerra, transmitiu o programa Análise Internacional, a mesa redonda de política internacional mais polêmica do Brasil. Nesta edição, participaram Rui Costa Pimenta, Comandante Robinson Farinazzo e o Professor Lejeune Mirhan, para debater o tema: “20 anos da invasão do Iraque”.
A discussão foi muito esclarecedora sobre este que é um dos temas principais do atual momento político. O professor Lejeune, tendo estudado o assunto e, inclusive, publicado um livro sobre o tema com o título Iraque – cronologia de uma ocupação (2002 – 2007), começou sua participação no programa destacando alguns fatos.
Lejeune comenta que uma das consequências da guerra foi que, durante um período, o Iraque foi administrado por um representante direto dos EUA e que isso era uma anomalia, que nunca tinha ocorrido em nenhum país árabe. O professor também destaca que ainda há cinco bases norte-americanas dentro do Iraque. Até 2020 havia seis, mas uma foi destruída pelos iraquianos após o assassinato do general Soleimani. Também foram lembradas as manifestações que ocorreram na época, em protesto à política imperialista de invadir o Iraque e a previsão de um escritor paquistanês de que os EUA ficariam pelo menos dez anos no país, e eles estão lá até hoje, de certo modo.
O Comandante Robinson Farinazzo comenta que ele resumiria a invasão do Iraque em apenas uma palavra: “hipocrisia”, tendo em vista a propaganda feita com relação à ação da Rússia na Ucrânia atualmente. Nas palavras dele mesmo: “hipocrisia da imprensa, dos políticos, hipocrisia do Ocidente, hipocrisia da Organização das Nações Unidas, hipocrisia de todas as autoridades que foram coniventes com esse ato de agressão”.
Além disso, o Comandante cita um vídeo de cerca de 38 minutos, encontrado no Wikileaks, que mostra um helicóptero Apache matando centenas de pessoas a sangue-frio no Iraque, entre crianças, adultos e civis. Algo totalmente monstruoso, que dá uma boa demonstração do caráter da operação norte-americana naquele país.
O presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, começa sua fala explicando que a invasão do Iraque é um ponto de inflexão da política neo-liberal, aplicada em diversos países do mundo para diminuir a produtividade em todos os países e aumentar os lucros do capital monopolista. Ela foi precedida por outras crises, como o chamado Arngentinazo, uma gigantesca crise política na Argentina, que derrubou um governo neo-liberal, colocando em seu lugar um governo de tipo nacionalista. No mesmo período, ocorreu o golpe de estado da Venezuela e uma grande insurreição na Bolívia.
O conveniente ataque às Torres Gêmeas em 2001 deu um pretexto para os EUA invadirem o Iraque. Apesar de os culpados pelo ataque estarem no Afeganistão, a invasão mais intensa ocorreu justamente no Iraque em 2003, que rigorosamente não tinha nada a ver com o ataque, mas todo o discurso de defesa da segurança do Estado e da população norte-americana justificaram, supostamente, a invasão.
A invasão do Iraque propriamente foi o momento mais agudo de implantação da política neoliberal. Essa política foi implantada com toda a intensidade no Iraque e esmagou e botou a população iraquiana em uma miséria muito profunda, deixando o país em ruínas, praticamente. Em decorrência da guerra e de consequências associadas, foram cerca de 1 milhão de mortos no Iraque.
O prejuízo político para o imperialismo com a invasão do Iraque foi gigantesco. Inclusive, deve-se ressaltar que os EUA saíram derrotados da invasão, em uma época que coincide com a crise econômica de 2008.
Posteriormente a essa apreciação, o Professor Lejeune faz uma consideração sobre alguns precedentes do conflito, relembrando a invasão do imperialismo do Iraque de 1991, cujo pretexto era a invasão do Cuaite pelo Iraque anteriormente. Sempre destacando que o modus operandi do imperialismo nessas invasões era uma operação “choque pavor”, com o objetivo primário de assassinar o povo iraquiano e aterrorizar todo mundo. Muito diferentemente do que fazem os russos na Ucrânia, que não têm interesse nenhum nesse tipo de expediente.
Após a saída dos norte-americanos nessa primeira invasão, eles preservaram Saddam Hussein, o então presidente do Iraque, e levantaram uma série de bloqueios aero-navais para impedir que as forças armadas iraquianas se movimentassem por ali.
O Comandante Farinazzo ainda levantou que uma das consequências negativas, do ponto de vista dos norte-americanos, foi o fortalecimento do Irã, que era contido pelo Iraque, e que agora causa muitos problemas para o imperialismo naquela região.
Muitas outras questões foram levantadas durante o debate, como as consequências do conflito para os países da região até hoje, a crise que leva a essas invasões fracassadas do imperialismo em diversos países ao longo dos anos seguintes e muito mais. Para acompanhar o debate em sua totalidade, acesse o vídeo abaixo, e não perca a próxima edição de Análise Internacional, na próxima segunda-feira, às 17h, no canal de YouTube do Diário Causa Operária:
