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Crise no PCB

“Internacionalismo” pró-imperialista do PCB

A crise no imperialismo tem provocado turbulência e rachado partidos filoimperialistas, como o PCB, o que se reflete em sua política internacional

O artigo “De que tipo de internacionalismo necessitamos”, publicado no sítio LavraPalavra, neste 31 de julho, é mais uma expressão da crise que se abateu sobre o PCB e se tornou pública, uma vez que o partido expulsou de suas fileiras figuras como Jones Manoel, um militante que ganhou notoriedade no YouTube. Jones tem uma trajetória política tortuosa, desde sua ligação com o movimento Não Vai Ter Copa, até sua defesa pública da atuação das ONGs estrangeiras, financiando boa parte da esquerda brasileira.

O texto é assinado por José Machado, secretário Político do Comitê Regional do PCB no Amapá, que diz se tratar de “uma contribuição sobre a questão do internacionalismo no PCB, partindo da análise de alguns textos públicos das contribuições do partido ao EIPCO (Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários) e à PMAI (Plataforma Mundial Antiimperialista) procuro, principalmente, contextualizar o acirramento das disputas no Movimento Comunista Internacional e seus reflexos no PCB”.

Internacionalismo

O internacionalismo é uma questão fundamental para qualquer partido que se diga revolucionário, uma vez que o último trecho do Manifesto Comunista exorta os proletários de todos os países a se unirem em sua luta contra a burguesia, reconhecida como uma classe internacional.

Embora o Manifesto oponha principalmente proletários e burgueses, a obra de Lênin trouxe à luz uma mudança fundamental no capitalismo: a sua fase imperialista. Esse elemento é importante para a compreensão de que a luta de classes também se dá dentro da burguesia, o que ficou muito claro nas duas Guerras Mundiais, com setores da burguesia lutando pela partilha do mundo.

Partidos como o PCB, e a maioria da esquerda brasileira, não conseguem fazer essa distinção no caso do conflito entre Rússia e Ucrânia, país que vem sendo usado em uma guerra por procuração pelo imperialismo, que busca cercar a Rússia para dividi-la em partes menores e assim controlar seus mercados e recursos. 

Para essa esquerda pequeno-burguesa, o que estamos vendo não seria o ataque do imperialismo sobre um país atrasado, trata-se tão somente de uma guerra inter-imperialista, o que a coloca inevitavelmente ao lado do imperialismo, especialmente o americano.

Um partido filoimperialista não pode se colocar abertamente ao lado do imperialismo, para isso precisa criar a figura de dois “blocos imperialistas” (burguesias americana e russa) em conflito e então se dizer ao lado da classe trabalhadora de uma das partes, ou de ambas. No caso, e de modo geral, o que se vê é uma defesa genérica dos interesses dos trabalhadores ucranianos, deixando de lado o fato de o país estar servindo de bucha de canhão dos interesses de terceiros: a OTAN.

Nos debates do EIPCO de que o artigo trata, esse problema fica exposto neste trecho: “na atual conjuntura de guerra e conflitos imperialistas acabou ficando marcado por posições que buscavam demarcar um “lado” neste conflito e foram propostas pelo Partido Comunista da Federação Russa (PCFR) e pelo Partido Comunista Operário Russo (PCOR) e pelo Partido Comunista da Ucrânia. Enquanto tal, a posição seria tomando o lado Russo do conflito, sob a justificativa de luta contra o fascismo, enquanto que por outro lado, a União dos Comunistas da Ucrânia teria elaborado uma proposta que toma o lado da classe operária e denuncia as tentativas dos partidos comunistas tomarem o lado de suas burguesias neste conflito.

Esta última proposta, apesar de não comparecer em sua integridade no texto final do EIPCO, foi a apoiada por partidos como o KKE (Partido Comunista da Grécia) e houve no documento final uma predominância dessa linha, de apoio à luta dos povos, evitando tomar um lado no atual conflito internacional  (…) Na prática, não sabemos de que lado o partido se colocou no EIPCO em votações e instâncias deliberativas – (grifo nosso).

Tomando o cuidado de não deixar explícito o apoio ao imperialismo, esses partidos acabam adotando um discurso torto e nebuloso, o que justifica o autor do texto dizer não saber de que lado o PCB se colocou:
“O imperialismo estadunidense, em processo de decadência, fica cada vez mais agressivo na luta para manter sua influência no mundo. Para tanto, promove a permanência da OTAN, realiza provocações, sabotagens, fomenta separatismos, intensifica contradições com seus adversários, como no caso da China e os ameaça, como ocorreu com a Rússia com a proposta de instalação de armas nucleares na Ucrânia. 

Assim como a guerra não interessa aos trabalhadores, a agressividade da OTAN-EUA-UE tampouco interessa, essa agressividade é uma ameaça à humanidade e deve ser derrotada em todos os campos de luta, pois uma eventual vitória dessas forças representaria um passo atrás para todos os povos do mundo. Pelo contrário, uma derrota deste bloco debilitaria o imperialismo e abriria maiores espaços para a luta dos trabalhadores, incluindo da Rússia e Ucrânia.” (grifado no original).

A crise do imperialismo e agregados

Os trechos que destacamos do artigo publicado no LavraPalavra, é uma amostra do que vem sendo a política desses partidos da esquerda filoimperialista. A crise pela qual passam, nada mais é que o reflexo de uma crise maior, a do próprio imperialismo.

Por sua adesão ao imperialismo, partidos como o PCB não veem, ou não consideram, que a luta contra o imperialismo pode tomar primeiro a feição de um nacionalismo burguês. O fato de a Rússia ter magnatas, oligarcas – o que seja –, não impede que o país seja atrasado. O assédio do imperialismo internacional é evidente e tem de ser combatido sem meias-palavras. Da mesma maneira que os revolucionários ficaram ao lado da ditadura iraquiana contra as forças imperialistas, deve-se ficar agora ao lado da Rússia, a despeito do caráter do governo Putin.

Como vimos acima, o menor movimento em favor dos russos é interpretado como apoio a “burguesias locais”. A deterioração do governo ucraniano, o fracasso da intervenção imperialista na Ucrânia, têm aumentado as contradições dentro da esquerda pequeno-burguesa.

No Brasil, onde o governo Lula se coloca em oposição ao imperialismo na Ucrânia, o PCB já adotou uma política golpista e faz oposição aberta. A tática no âmbito interno é a mesma que adotam internacionalmente, tratam de classificar o governo como burguês e a ele opõem genericamente os interesses da classe trabalhadora.

Analisando o cenário político internacional, vemos que o imperialismo já prepara um golpe contra o governo Lula. O PCB, como em 2016, já se alista ao golpismo. Sua política internacional, nada mais é que uma correia de transmissão dos interesses do grande capital internacional dentro da esquerda, e, como tal, deve ser combatida.

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