Nos últimos dias, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, tem sido bastante criticado pela imprensa capitalista, após anos de lua de mel, pela ação da polícia fiscal indiana contra a BBC. O direitista nunca havia sido um problema, mas, agora que se apresenta ambiguamente em relação ao conflito na Ucrânia, tem sido destaque da crítica dos imperialistas.
No último mês, o líder da Índia foi criticado não só por jornalistas e burocratas, mas também por grandes capitalistas, como George Soros. O bilionário e financiador de ditaduras contra os trabalhadores pelo mundo atacou o primeiro-ministro em entrevista, acusando-o de associação com Adani – um bilionário indiano e, segundo a Forbes, o segundo homem mais rico do mundo. Adani é criador do Adani Group, um grupo indiano, e que não pode ser visto com bons olhos pelos imperialistas. Parlamentares do congresso indiano responderam Soros, na época das falas, dizendo que não havia nada para ele ver em seu país, pois não era bem-vindo por lá.
No caso de Narendra Modi, direitista e conservador em diversas pautas, a atenção é outra, mas que vem interligado com este tópico. Apesar de falarem sobre liberdade de imprensa ou expressão, agora, essa nunca foi a questão – pois apenas é cerceamento quando a polícia fiscal bate na porta da BBC. Modi apresentou um não-alinhamento ao imperialismo, na guerra na Ucrânia, se recusando a enviar armas e garantindo um posicionamento neutro. Junto à China, acena para um lado, enquanto corta para o outro. Sem estabelecer um confronto direto contra Biden e sua trupe, Modi recusou-se a enviar armas e votar contra a Rússia nas sanções que foram instigados a votar. É claro, dentre os países do BRICS, que há um não alinhamento com a postura imperialista na guerra.
Outra gota d’água, no entanto, foi o fato de ter começado a revender combustível russo, uma afronta em qualquer idioma ao domínio e às sanções russas em toda a Ásia. Independentemente de ser um direitista, Modi está confrontando o imperialismo norte-americano, que disparou fortes ataques contra a burguesia indiana – da qual o primeiro-ministro faz parte e representa – no caso Adani. O que era um grande aliado, no entanto, tornou-se um problema para a expansão imperialista na Ásia, sendo uma pedra no sapato das alianças dos Estados Unidos com Japão e Filipinas, por exemplo. O confronto mostra, sobretudo, o enfraquecimento do controle e domínio imperialista sobre os povos oprimidos.