A CUT está chamando um ato para o dia de hoje contra Roberto Campos Neto, contra a chamada “independência” do Banco Central e contra a política de juros altos. Os atos foram convocados para 11 capitais e foram divulgados no site oficial do PT.
Os atos ocorrerão nos seguintes locais e horários:
Rio de Janeiro/RJ: Av. Presidente Vargas, 730 – Centro, às 17 horas.
São Paulo/SP: Av. Paulista, 1804 – Bela Vista, às 10 horas.
Belém/PA: Boulevard Castilhos França, 708 – Campina, às 9 horas.
Belo Horizonte/MG: Av. Álvares Cabral, 1605 – Santo Agostinho, às 10 horas.
Brasília/DF: Setor Bancário Sul (SBS), Quadra 3, Bloco B, Edifício Sede do BC, às 12h30.
Curitiba/PR: Av. Cândido de Abreu, 344 – Centro Cívico, às 11 horas.
Fortaleza/CE: Av. Heráclito Graça, 273 – Centro, às 9 horas.
Porto Alegre/RS: Rua 7 de Setembro, 586 – Centro, às 12 horas.
Recife/PE: Rua da Aurora, 1259 – Santo Amaro, às 9 horas.
Salvador/BA: 1ª avenida, 160 – Centro Administrativo da Bahia (CAB), às 9 horas.
A independência do Banco Central, que deu origem às manifestações, foi aprovada durante o governo Bolsonaro. Com isso, o presidente da República – e, com isso, o povo, que o elegeu – não tem mais jurisdição sobre a política econômica do governo, que fica a cargo dos tecnocratas. No entanto, uma ditadura da burocracia – que é o que acontece quando quem, supostamente, possui o conhecimento técnico toma as decisões políticas do Estado acima do povo – não paira no ar, mas está subordinada a classe dominante.
Além da revogação da independência do Banco Central, os atos exigem também uma democratização do Conselho de Administração de Recursos Financeiros (CARF). Ele é o órgão para onde as grandes empresas capitalistas recorrem contra as penas por sonegação de impostos e já impediu mais de 1 trilhão de reais de entrar nos cofres do Estado.
Isso ocorre, porque metade dos membros do CARF são representantes diretos do mercado financeiro e das próprias empresas sonegadoras. Além disso, durante o governo Bolsonaro, o indicado do ministério da Economia deixou de ter o voto decisivo em caso de empate – agora, se uma votação empatar, a decisão deve ser sempre em favor a empresa acusada.
Na peça de propaganda, divulgada pelo PT, consta a seguinte declaração, resumindo o assunto: “As grandes empresas autuadas por dever impostos ficam entrando com recursos no Conselho de Administração de Recursos Fiscais, o Carf. E é esse conselho que decide se as empresas devem ou não, e quanto devem pagar. Só que metade dos integrantes desse conselho são representantes das próprias empresas”…
Portanto, uma das reivindicações da manifestação é a democratização deste órgão. Além disso, a CUT incluiu nas palavras de ordem a defesa da saída de Campos Neto, que é o indicado de Jair Bolsonaro para a presidência do banco.
É válido lembrar que o presidente Lula teve diversas rusgas públicas com Roberto Campos Neto. O petista chegou a afirmar que Campos Neto buscava, com a política de juros altos, levar o país à recessão – afinal, quando se aumenta a taxa básica de juros, os juros do cartão de crédito e do empréstimo junto aos bancos aumentam, por exemplo; como consequência disso, o consumo é reduzido, e o país entra em uma espiral negativa de crise.
Ao dizer que Campos Neto busca levar o Brasil à recessão, Lula se referia a esse fato. A política levada adiante pelo Banco Central independente, pode-se concluir sem muito esforço, só favorece os especuladores, que veem seu dinheiro investido aumentar exponencialmente por conta dos juros.
Além disso, Campos Neto tem como seu avô Roberto Campos. Ele foi o principal pensador econômico do regime militar; em decorrência desse fato, seu neto foi indicado justamente por Bolsonaro.
Por conta de tudo isso, os sindicatos estão chamando esses atos em todo país. No mês passado, a esquerda tinha ido às ruas para também protestar contra a independência do Banco Central e contra a política de Campos Neto.
O presidente da CUT, Sérgio Nobre, à época, tinha dito que a esquerda continuaria nas ruas até derrubar Campos Neto. Trata-se, evidentemente, de coordenadas políticas dadas pelo próprio Lula: afinal, para poder levar sua política adiante, dentro dos limites impostos pelo nacionalismo burguês, ele necessita de uma pressão à esquerda.
Independentemente das considerações sobre a política de Lula, fato é que, dentro de sua própria lógica, ela necessita de uma pressão à esquerda. Por conta disso, é notório esse impulso saindo de uma campanha iniciada pelo próprio Lula – afinal, foi o petista que iniciou os ataques contra a independência do Banco Central.
Por fim, toda a esquerda deveria se somar a esta iniciativa da CUT, porque a independência do Banco Central é um verdadeiro crime contra o país e porque é preciso mobilizar os trabalhadores para que se possa conseguir levar a política da classe operária a vitória. O fato de o PT e a CUT estarem chamando esses atos é um indício da evolução política deles por conta da pressão dos acontecimentos. A esquerda deve apoiar estes atos, porque, finalmente, o controle do sistema financeiro pelo povo – no mínimo – é parte do programa de qualquer organização de esquerda séria.
