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13 de junho de 2013

Há 10 anos, população de SP se revoltava contra repressão do PSDB

O momento decisivo da chamadas "Jornadas de Junho"

O dia 13 de junho de 2013 foi um dos mais importantes da história recente do País. E como todos os acontecimentos políticos, o que aconteceu em junho de 2013 gerou e ainda gera muita confusão no calor dos acontecimentos.

Completando 10 anos, as chamadas “Jornadas de Junho” foram um marco decisivo para o que viria a ser o país, cujo golpe de Estado foi um evento culminante.

O dia 13 foi decisivo porque sem entender o que houve ali, não é possível analisar corretamente o problema. Muitos analistas de escritório, que não participam e não acompanham o movimento de perto, acreditam que as “Jornadas de Junho” começaram em 17 de junho. Com isso, acreditam que a mobilização foi uma espécie de “revolução colorida” no Brasil, organizada, impulsionada e sustentada pela direita. Eis um erro importante.

Já a esquerda pequeno-burguesa, que até participou do movimento, não conseguiu tirar as conclusões corretas, pressionada como sempre pela propaganda da burguesia.

Vamos direto ao ponto: a luta contra o aumento da passagem acontecia em São Paulo e outras cidades há quase 10 anos, sem nunca ter conseguido uma amplitude necessária. Foi em 2013, por uma série de circunstâncias políticas e econômicas, que essas manifestações se transforam em uma grande mobilização.

Já nos primeiros atos no início de 2013 manifestava-se uma tendência ao aumento da mobilização. Foram manifestações grandes e radicalizadas. A cada novo ato, maior a adesão da população – principalmente jovens proletários e universitários -, maior a repressão da PM de São Paulo e maior a radicalização.

Foi assim até que em 13 de junho a situação saiu completamente do controle da direita. O governo tucano de Geraldo Alckmin colocou um arsenal de guerra no centro de São Paulo, sitiando as ruas da cidade. Uma brutal repressão foi colocada em marcha contra a manifestação que, a essa altura, já tinha um tamanho muito relevante de dezenas de milhares de pessoas.

Na época, o PCO, por meio de Rui Costa Pimenta, afirmava que:

“Estava colocado o impasse para o governo estadual. Ceder às manifestações ou reprimir. Se cedesse haveria sido derrotado pela mobilização, a qual não conseguia conter, desmoralizando completamente a campanha caluniosa do ‘movimento criminoso’, do ‘vandalismo’ e da ‘baderna’. Se reprimisse, abrir-se-ia a seguinte alternativa: ou não conseguir impedir a manifestação, uma desmoralização ainda maior do que ceder sem enfrentamento, ou usar de muita violência para reprimir o movimento, o que levaria à desmoralização da repressão diante da população que estava sendo desinformada com o relato de que se tratava de uma minoria de marginais.

Alckmin, de maneira absolutamente equivocada, optou pela repressão e colocou em jogo um amplo contingente de repressão com milhares de soldados da PM, a Rota, a Tropa de Choque, a Cavalaria e vários destacamentos especiais. A violência da repressão – inevitável e não acidental – que atingiu simples observadores e passantes, jornalistas, além dos manifestantes, fez com que a crise política se abrisse completamente.”

Essa brutal repressão contra um movimento popular, desencadeou uma reação contrária ao esperado pela burguesia. A ação acabou impulsionando o crescimento da mobilização e a população de São Paulo – e do Brasil – passou a apoiar integralmente os manifestantes.

“A violenta repressão do dia 13 de junho foi o momento decisivo de toda a crise. Justamente por isso, toda a imprensa capitalista silenciou sobre esta questão nos dias posteriores. A repressão não pôde ser escamoteada pela imprensa com os argumentos conservadores tradicionais de que o governo estava cumprindo a lei, que havia agido contra baderneiros e outras fantasias da propaganda reacionária.

O resultado da repressão foi a liquidação de toda a aparência de autoridade do governo do Estado e da sua máquina repressiva como fator político local e nacional. Todos os planos da direita estão baseados no controle do aparelho administrativo do Estado de São Paulo, a tal ponto que dias antes da manifestação, o jornal Folha de S. Paulo havia estampado na capa a manchete absolutamente inverossímil de que Alckmin era eleitoralmente imbatível em São Paulo e que seria capaz de derrotar até mesmo o próprio Lula.”

Notem que, diferentemente do que afirmam os analistas de escritório, Junho de 2013 começa como uma enorme mobilização popular contra a direita, em particular contra o regime ditatorial colocado em prática pelo governo tucano em São Paulo.

A partir daí, a burguesia se deu conta de que perderia o controle da situação. Se continuasse a tentar bater de frente com o movimento, correria o risco de perder toda a autoridade do regime político. Por isso, a manobra da direita foi sequestrar a mobilização através de uma série de artifícios, favorecidos pela completa desorientação e desorganização da esquerda. A manifestação do dia 17 foi infiltrada por elementos policiais e da direita com o objetivo de expulsar a esquerda e impor palavras de ordem voltadas contra o governo do PT.

Cinco anos depois: o balanço de 2013 escrito por Rui Costa Pimenta no calor dos acontecimentos

“A crise de quinta-feira levou à convocação de uma manifestação na segunda-feira que todos os que têm capacidade para analisar minimamente a situação política sabiam que seria gigantesca. A convocação da manifestação no Facebook, na própria sexta-feira, já registrava mais de 100.000 pessoas confirmadas. A manifestação estava preparada para ser a marcha fúnebre da direita em São Paulo nacionalmente e dos seus propósitos golpistas em nível nacional, articulados na embaixada norte-americana. Os preparativos do golpe, que seria um coup de main, senão um coup d’etat, viriam a se mostrar claramente na semana seguinte à repressão.

A situação extremamente crítica forçou a direita a ensaiar um verdadeiro golpe, mas contra o movimento popular, que foi organizado emergencialmente de quinta a segunda-feira. A imprensa colocou em ação toda a sua capacidade de ação com as seguintes diretrizes: ocultar a repressão da quinta-feira, apoiar a manifestação que estava sendo convocada, chamar à realização de uma manifestação pacífica, ordeira e ‘cívica’, ou seja, o oposto do que tinha acontecido até aí. Era preciso conter a raiva e a rebelião popular contra a repressão e diluir completamente as reivindicações. Até este ponto, não se tratava de uma manobra muito distinta daquelas que estes mesmos capitalistas da comunicação, a serviço dos grandes capitalistas em geral, havia realizado antes, durante a luta contra a ditadura, nas diretas já, no Fora Collor etc. Seu objetivo era diluir, conter e, finalmente, asfixiar a manifestação popular contra o governo Alckmin. Ainda mais quando as manifestações em solidariedade a esse movimento começavam a ocorrer em todo o país e até mesmo fora do país.

Não podemos esquecer que o crescimento das manifestações poderia e, na medida em que não terminaram completamente, poderá quebrar as outras duas pernas do tripé que sustenta o regime político, ou seja, os governos estaduais do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, este último, também um baluarte do PSDB.

A burguesia, porém, era consciente de que esta manobra para diluir e estrangular o movimento não era suficiente. Finalmente, uma manifestação pacífica, com os mesmos objetivos e sob a mesma direção que havia atuado até então, somente serviria para transferir a luta contra a direita para o terreno eleitoral, beneficiando objetivamente o PT, e para postergar a ofensiva popular nas ruas. Era necessário fazer intervir um novo fator para destruir ou manipular os efeitos da manifestação. Era preciso efetivamente disputar a direção da mobilização em um sentido mais profundo e buscar direcionar o ponteiro da manifestação contra o governo, contra o PT e contra a esquerda em geral.”

Há 10 anos, o povo paulista – e brasileiro – levantava-se contra o regime político ditatorial da burguesia. Sem essa clareza, é impossível saber o que houve em 2013 e como foi feito o golpe de Estado de 2016.

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