Nesta semana, as famílias do Acampamento Zé Maria Albuquerque, pertencente a Frente Nacional de Lutas (FNL) sofreu um violento ataque da Polícia Militar do estado do Amapá. Na tarde do dia 18, as famílias foram surpreendidas por policiais fortemente armados do BOPE e da CODE ameaçando e dizendo que as centenas de famílias do acampamento deveriam sair da área devoluta ocupada. Com muita violência e ameaças, os PMs disseram estar a mando do governador do estado, Clécio Luiz Vilhena, e que colocaram as famílias na rua.
Após o uso de ameaças, as famílias saíram da área ocupada e os policiais de maneira criminosa atearam fogo em todos os barracos e pertence das famílias para liberar a área para a grilagem de latifundiários e de pessoas ligadas ao governador.
O Acampamento Zé Maria Albuquerque fica numa área devoluta a 69 quilômetros da capital Macapá e está localizada no entroncamento “do Paulo” que liga os Municípios de Macapá, Santana, Itaubal e Porto Grande e as comunidades de Santa Luzia do Pacuí, Comunidade Cantanzal e Comunidade CURICACA. Esse entroncamento é bem no coração entre todas as áreas que o Governo Federal retomou no ano de 2006 da latifundiária Amcel (Amapá celulose), que havia grilado essas extensas áreas por meio de documentos falsos, o que foi desvendada na CPI realizada em 2006 e que após a União juntamente com a Assembleia Legislativa, retomaram essas terras griladas pela Ancel e não distribuiu ao povo sem-terra e pobre do estado.
Um dos maiores esquemas de grilagem do Brasil
O estado do Amapá sofre uma enorme pressão do imperialismo para que o Brasil não explore seus recursos naturais e, ao mesmo tempo, grila enormes quantidade de terras públicas. O Amapá tem quase 70% do seu território composto por unidades de conservação e terras indígenas por seu um estado Amazônico, mas na maior parte de seu território não possui florestas e sim áreas de Cerrado.
Em 2006, devido ao processo de grilagem ser absurdo, foi instalada a CPI das Terras Públicas do Amapá. Durante a CPI foi constatada que a AMCEL, que está na região desde os anos 1970, grilou centenas de milhares de hectares de terras públicas.
Os dois foram denunciados pelo Incra por um esquema de grilagem na Fazenda Lago Azul. Segundo a ação ajuizada no Ministério Público no, os deputados compraram inicialmente 1.377 hectares pela bagatela de R$ 67 mil. O preço baixo se devia ao fato das terras estarem em uma área sob litígio, originalmente pertencentes à Amapá Florestal e Celulose (Amcel), desde os anos 1970, considerada uma das principais responsáveis pela grilagem de terras públicas no estado.
Anos antes da CPI, em 1998, a Amcel já havia se comprometido diante do Ministério Público e do INCRA de não utilizar 140 mil hectares grilados e em 1995, já havia devolvido ao município de Tartarugalzinho 10 mil hectares comprovados da prática de grilagem. Após a CPI, a Amcel foi condenada a devolver 118 mil hectares à União.
Direita se mobiliza para impedir que trabalhadores tenham acesso às terras públicas.
Todas as centenas de milhares de hectares deveriam ser utilizadas para assentar famílias de trabalhadores sem-terra pelo Governo Federal. Esse processo não foi concluído devido à pressão de políticos latifundiários locais, como o próprio governador bolsonarista e ao senador David Alcolumbre.
Há uma enorme pressão para que essas terras férteis sejam distribuídas a latifundiários locais para o plantio de soja e outra commodities agrícolas em detrimento de milhares de famílias trabalhadoras do estado.
A FNL, juntamente com o PCO, está organizando as famílias de trabalhadores sem-terra, para não deixarem esse processo avançar e nessas terras sejam assentadas, no mínimo, as 550 famílias acampadas em todo o estado do Amapá.
Para que isso aconteça é preciso denunciar todo esse esquema de entrega de terras publicas a latifundiários, ligado ao governo e a político locais, e também da violência policial e perseguição de lideranças dos trabalhadores sem-terra.