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Imprensa golpista

Folha: tortura e assassinato com carinha de “progressista”

Elogiada pela esquerda pequeno-burguesa, Folha colaborou com a ditadura

Não é recente a ideia de que o espaço público é também uma expressão do poder. Desde a idade do bronze, praças, monumentos e templos eram erguidos como uma forma de demonstrar a grandiosidade do poder constituído e, muitas vezes, sedimentar um determinado entendimento do passado. Também não é recente que, estes mesmos espaços, sejam depredados, ou mesmo refeitos por inimigos e sucessores do grupo que anteriormente foi responsável por erigir tais monumentos, testemunhas simbólicas do poder constituído. A novidade, no entanto, é o que vulgarmente se convencionou chamar de “cancelamento”, uma revisão motivada por mudanças nas sensibilidades sociais.

O que apontamos como “revisão” não é uma mera reinterpretação histórica, mas um movimento que busca jogar em um baú do esquecimento desde pessoas a organizações e até mesmo períodos históricos inteiros que não coadunam com as tais “sensibilidades”. Um exemplo nacional deste modismo que se originou nos países centrais do imperialismo, foi a queima de monumentos como o do bandeirante Borba Gato. No entanto, quando jogar no baú do esquecimento é muito custoso para a classe burguesa — que apoia o cancelamento como expressão impotente de revoltas, por vezes legítimas, da pequena burguesia — o que resta é “se reinventar”. Foi assim que o Carrefour agiu após o assassinato de um de seus clientes; foi assim que os EUA agiram após a invasão do Iraque e Afeganistão ao colocar um homem negro na presidência; foi também assim que o jornal Folha de São Paulo se reinventou: como penitência de sua contribuição ao golpe de 1964 e ao regime militar de conjunto.

O jornal Folha de São Paulo, assim como os demais jornais burgueses, apoiaram o golpe de 1964 e o regime militar.

Nova Folha, pero no mucho

Como apontou José Henrique Mariante em sua coluna, a Folha vem agindo diuturnamente para compensar seus anos de “apoiadora do regime”. Nas palavras do colunista:

O relatório é de 2005. Seu autor, Oscar Pilagallo, em 2011, publicou “História da Imprensa Paulista”, onde boa parte da pesquisa inicial está reproduzida. Conteúdo equivalente foi a público em 2012, com o lançamento de “Folha Explica Folha”, de Ana Estela de Sousa Pinto. Em 2014, em editorial, a Folha reconheceu ter errado ao apoiar a ditadura na primeira metade de seu regime. Em 2020, durante a campanha de valorização da democracia, ameaçada então pelo bolsonarismo, reiterou a autocrítica. Não faltaram oportunidades antes do último domingo para que o jornal fizesse uma reflexão tempestiva e aprofundada sobre seu papel durante a ditadura. Talvez até em debate aberto com a sociedade, instituto tão caro ao jornal.

José Henrique Mariante

No entanto, observamos desde a vitória do presidente Lula uma inflexão golpista do jornal, que não se inicia verdadeiramente aqui. Ora, podemos citar até mesmo o papel do Grupo Folha no golpe contra a presidente Dilma Rousseff em 2016, assim como editoriais em apoio à operação lava-jato e outras tramóias vende-pátria. A questão fundamental por trás do arrependimento da Folha e de todos os outros jornais que chafurdam na mesma lama, é a composição social: estes são, fundamentalmente, órgãos da imprensa burguesa. O apoio ao regime militar não se deu por acidente, assim como os atuais ataques ao presidente Lula também fazem parte de um movimento mais amplo. Estamos lidando com uma política de classe, que visa defender os interesses da burguesia brasileira vende-pátria e seus patrões estadunidenses.

Nesse sentido, é preciso falar com todas as letras que, a mudança de opinião perante ao regime militar acompanhou, também, a mudança de posição da própria burguesia, atentos ao esgotamento do regime, o que nada tem a ver com um repentino despertar moral. Assim conseguimos entender como, nas mesmas páginas que a Folha de São Paulo defende a “democracia”, ataca a instituição da presidência da república na pessoa de Lula. O objetivo é a defesa dos interesses de classe, sem apego à Constituição Federal. 

Democracia para quem?

Um ponto fundamental ao entender a “reinvenção” da Folha de São Paulo como um jornal “democrático”, é revelar o que seu conselho editorial entende como “democracia”. Já  explicamos em parágrafos anteriores o caráter de classe da Folha de São Paulo, órgão da imprensa burguesa brasileira, colonizada pelo capital estrangeiro e pela ideologia do Imperialismo. Logo, não surpreende que a democracia bradada pelo jornal seja uma réplica deslocada do que o imperialismo europeu e americano entendem por “democracia”. Nessa acepção, apenas o Estado burguês da estirpe república representativa (ou nem tão “representativa” assim), submetido política e economicamente às forças do imperialismo, seria o sinônimo de democracia. 

Substancialmente, o que os órgãos da imprensa burguesa defendem é uma aparência democrática, de diálogo e consenso nacional; quanto ao conteúdo, temos a dominação do imperialismo associado à burguesia nacional, seu setor mais tacanho e vende-pátria. Entender o conteúdo do que está sendo discutido é fundamental para distinguir os amigos dos inimigos. A luta da classe trabalhadora pelo poder e, por tanto, a conquista de um regime verdadeiramente democrático não se confunde com a defesa da democracia burguesa, que é uma mera superficialidade e pior: como demonstrado historicamente, na agudização da luta de classes, nem mesmo essa democracia superficial é defendida pela burguesia e seus jornais.

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