Ascânio Rubi

Ascânio Rubi é um trabalhador autodidata, que gosta de ler e de pensar. Os amigos me dizem que sou fisicamente parecido com certo “velho barbudo” de quem tomo emprestada a foto ao lado.

Imprensa da burguesia

Folha oferece apoio explícito a Bolsonaro

Bolsonaro é opção da burguesia para confrontar governo Lula

Bolsonaro e Alexandre de Moraes

Em seu editorial de 30 de março de 2023, a Folha de São Paulo estendeu o tapete vermelho a Jair Bolsonaro em seu retorno ao Brasil.  O ex-presidente escolheu voltar para o país a tempo de comemorar o golpe militar de 1964, que, no dia 31, completou 59 anos. O jornal, que, no passado, apoiou a ditadura, mas, nos últimos anos, mudou seu slogan para “um jornal a serviço da democracia”, passou uma cantada explícita em Jair: “Opondo-se ao petismo, o bolsonarismo pode dar vigor à política brasileira – desde que abandone a violência, a atitude antidemocrática e a polarização irracional”.  

Quem, no entanto, buscar o texto no site da Folha vai encontrar esse parágrafo de conclusão alterado para o seguinte: “O bolsonarismo até poderia, se abandonasse a violência e o autoritarismo, liderar uma oposição saudável ao PT. Esse não é, infelizmente, o desfecho mais provável”. A mudança, justificada em errata, atribui a erro de edição a publicação da “primeira versão”. É bom que se diga que, para acalmar as redes sociais, o editorialista trocou seis por meia dúzia, apenas suavizando a linguagem. Ou alguém acha que ele estava apenas imaginando como seria bom se Bolsonaro não fosse Bolsonaro?

O texto sugere que Bolsonaro na oposição poderia beneficiar-se do apoio da imprensa, que é antipetista até o último fio de cabelo. Precisaria, no entanto, trabalhar de outro modo a própria imagem e tornar-se mais palatável a uma casta de burgueses e pequenos burgueses que jogam migalhas para o povo. O editorial da Folha é claramente dirigido a ele.

O editorialista faz questão de mostrar que sabe que a “identidade de personagem antissistema” é apenas um “verniz” de Bolsonaro, que, na prática, está bem acomodado ao sistema, de cujas vantagens desfruta. Assim:

Quebrar protocolos é uma das marcas do bolsonarismo. Mesmo na Presidência da República, Bolsonaro fez questão de ignorar regras e desrespeitar liturgias, apenas para lapidar sua identidade de personagem antissistema.

Por baixo desse verniz, contudo, Bolsonaro não se diferencia de tantos outros políticos: desfruta vantagens de ex-deputado, receberá R$ 39.293 para assumir a presidência de honra do PL […]

O redator ainda adverte o ex-presidente de que ele “acumula problemas em série na Justiça”:  

Contam-se, só no Supremo Tribunal Federal, seis inquéritos que podem resultar em ações criminais. No Tribunal Superior Eleitoral, há 16 processos em curso, os quais podem tornar Bolsonaro inelegível. De quebra, mais de uma dezena de investigações sobre o ex-presidente tramitam na primeira instância judicial —e nesses números nem se considera o valioso mistério das joias da Arábia Saudita. 

Tudo indica que a Folha, porta-voz da burguesia financista, esteja tentando convencer Bolsonaro a se enquadrar no figurino tucano porque, agora, as coisas estariam menos fáceis para ele e ele poderia “precisar” do apoio do sistema para voltar ao poder. O problema desses cálculos é que o povo nunca entra na equação como força política. Se Bolsonaro virar um tucano, quem garante que continuará mobilizando seu eleitorado?

Lula nem bem chegou aos 100 dias de governo e a imprensa já está convocando Bolsonaro a ser o líder da oposição “antipetista”. A burguesia tudo faz para impedir Lula de cumprir seu programa e, sem a menor cerimônia, afaga Bolsonaro, que, até outro dia, era tratado como espantalho.

Na edição de anteontem, o mesmo jornal publica reportagem sobre o futuro do bolsonarismo, apoiada em estudo da socióloga Esther Solano. Levantam-se os nomes de Michele Bolsonaro e de Tarcísio de Freitas, o governador de São Paulo, como possíveis sucessores de Bolsonaro.

O saldo positivo desse tipo de editorial é deixar transparente a posição do jornal. Contra Lula, contra o povo, contra o desenvolvimento do país e a favor dos rentistas, vale tudo – até Bolsonaro repaginado.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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