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Anseio dos camponeses

Extrema-direita deita e rola com capitulação da esquerda “verde”

A reboque da burguesia imperialista, adotando as políticas identitária e ambientalista, a esquerda acabar por abandonar o povo, vácuo que é aproveitado pela extrema-direita.

Novamente se aproveitando do fato de que a esquerda francesa (assim como a maior parte da esquerda mundial) segue a reboque da burguesia, condicionando toda sua política às diretrizes do imperialismo, em especial o identitarismo e o ambientalismo, o Reagrupamento Nacional (antiga Frente Nacional), partido de extrema-direita fundado pelo fascista Jean-Marie Le Pen, pai de Marine Le Pen, está em vias de apresentar uma nova política ecológica, para se contrapor ao ambientalismo imperialista.  

Conforme noticiado na imprensa imperialista francesa, o Reagrupamento Nacional chama sua nova política ambiental de “ecologia do senso comum”. Opõe-se ao ambientalismo imperialista, o qual eles chamam de “ecologia punitiva”. Segundo Marine Le Pe “A ideologia (dos ecologistas) é a luta contra o (ser) humano”, contra a qual ela reivindica uma “ecologia muito mais eficiente e mais respeitadora do equilíbrio entre a atividade humana e a natureza”.

Colocando em outras palavras, a política do Reagrupamento Nacional (RN) é de se opor aos ataques que ameaçam os modos de vida e consumo de bens materiais por parte dos franceses, ataques estes feitos com o pretexto de preservar o ambiente, de barrar o “aquecimento global” e as “mudanças climáticas”.

Essa nova forma de abordar a questão ambiental, proposta pelo RN, tem em vistas principalmente os interesses dos agricultores e pecuaristas franceses, os quais são, assim como em outros países europeus, um dos principais alvos de ataque dos ambientalistas, que estão a serviço do imperialismo.

Segundo a propaganda ambientalista, a atividade pecuária deveria ser drasticamente reduzida, pois os gases decorrentes da criação de gados, suínos e outros animais seriam uma das principais fontes de emissões de carbono na atmosfera e, por conseguinte, contribui para o “aquecimento global”.

Utilizando o mesmo pretexto falso de “defesa” do meio ambiente, o imperialismo busca também controlar (e reduzir) o uso de compostos nitrogenados, em especial o nitrato (NO³, poluente de recursos hídricos) e o óxido nitroso (N²O, causador de efeito estufa), compostos utilizados na produção de fertilizantes.

A cruzada contra os agricultores e pecuaristas europeus a pretexto da luta contra as “mudanças climáticas” está mais avançada na Holanda. No primeiro semestre desse ano, o parlamento apresentou propostas drásticas para o setor agropecuário, no sentido de cortar as emissões de carbono até o ano de 2030 (curiosamente a mesma marca que o Brasil tem para acabar com o desmatamento da Amazônia). Estima-se que as propostas resultariam em uma redução do rebanho holandês em até 30%. Da mesma forma, fora proposto diminuir significativamente o uso de nitrogenados, de forma a reduzir certas atividades agrícolas em até 70%, inviabilizando a atividade econômica de inúmeros agricultores.

Os camponeses reagiram com intensos protestos, o que acabou por resultar em vitórias eleitorais por parte do BBB (Movimento de Fazendeiros e Cidadãos), partido criado para atender aos interesses dos agricultores e pecuárias, e que foi resultado dos protestos dos mesmos, em andamento desde 2019.

Assim, da mesma forma que na Holanda a ofensiva do ambientalismo imperialista contra os agropecuaristas locais está mais avançado, a resposta dos mesmos também, contando já com um partido próprio. Embora não exatamente de extrema-direita, relata-se que o partido é apoiado por esses elementos do espectro política, afinal, grande parte do atual movimento de extrema direita mundial colide com a política imperialista em uma série de aspectos que afetam a vida das classes médias e mesmo da classe operária.

Na França, a situação não está tão diferente. No começo do ano, em fevereiro, camponeses locais foram às ruas protestar contra a proibição pelo governo francês do uso de um pesticida específico. Centenas de tratores inundaram as ruas de Paris, muitos dos quais carregavam frases como “Macron está liquidando a agricultura”, “Salve seu fazendeiro”. Um dos manifestantes entrevistado à época afirmou que “Os meios de produção não podem ser banidos”.

Como a esquerda francesa, assim como a maior parte da esquerda mundial (inclusa a brasileira), segue a reboque do imperialismo, adotando sua política ambientalista, a extrema-direita francesa, cujo principal agrupamento é o RN e a principal política é Le Pen, está buscando representar os interesses do campesinato, mesmo que de forma demagógica.

Vê-se, então, novamente a esquerda falhando em atender os anseios da população, deixando de agindo segundo sua tradição histórica: como representante do povo.

Pelo contrário, tornou-se uma das principais correias de transmissão das políticas imperialistas, seja do identitarismo, seja das guerras e golpes de Estado desatados contra países oprimidos, seja do ambientalismo.

Em relação a esse último caso, é fundamental relembrar que a política ambiental do imperialismo não tem nada a ver com a preservação do meio ambiente, com objetivo de salvar o mundo de um apocalipse resultante das “mudanças climáticas” e do “aquecimento global”. Não, o imperialismo, se apoiando na histeria e no moralismo da certo setor da classe média, utiliza essa causa nobre para manter o poderio econômico de seus monopólios e o domínio político de sua ditadura mundial.

Em termos concretos, o ambientalismo é utilizado para barrar o desenvolvimento dos países atrasados, impedindo-os de utilizar seus recursos energéticos e minerais. Estes devem ficar reservados para os países imperialistas, para quando deles necessitarem.

Mas nem a Holanda e nem a França são países atrasados. Há então, uma outra face da política ambientalista. Os países imperialistas, em especial os Estados Unidos, vêm ano após ano perdendo seu controle sobre as principais reservas de petróleo, as quais estão em sua maior parte localizadas nos países oprimidos (vide Brasil, Rússia, China e países da África e do Oriente Médio em geral). Essa perda de controle é uma situação sem volta. Assim, os países imperialistas precisam promover mudanças em suas matrizes energéticas, de forma a serem menos dependentes do combustível fóssil. Afinal, quanto mais os países oprimidos adquiram independência, mais utilizarão seus recursos energéticos em proveito de sua nação, e menos sobrará para o imperialismo.

Assim, a política ambientalista acaba tendo de ser utilizada também contra a população dos próprios países imperialistas, no sentido de utilizar parte das terras agrícolas para a implementação da chamada “energia verde”, cuja produção necessita de mais terras disponíveis.

Em suma, o ambientalismo, sendo uma política imperialista, é voltada não apenas contra os países oprimidos, mas também contra o povo dos países imperialistas.

Quanto mais a esquerda ficar a reboque dessa política, ela tenderá ao seu completo desmantelamento, já que os anseios do povo serão capitalizados pela extrema-direita.

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