Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Esquerda "nem, nem"

De novo MRT sobre o Niger: mais capachismo pró-imperialista

Esquerda Vila Madalena pensa que o Níger é campus na Califórnia

Uma classe oprimida que não se empenha em aprender a usar armas, a adquirir armas, merece apenas ser tratada apenas como escrava. Não podemos, a menos que tenhamos nos tornado pacifistas ou oportunistas burgueses, esquecer que estamos vivendo numa sociedade de classes da qual não há saída, nem pode haver, salvo pela luta de classes e destruição do poder da classe dominante […]. E, frente a tal fato, revolucionários social-democratas insistem em “exigir” “desarmamento”! Isso é equivalente ao completo abandono da perspectiva da luta de classes, à renúncia de todo pensamento revolucionário. Nossa palavra de ordem deve ser: armar o proletariado para derrubar, expropriar e desarmar a burguesia (Lenin, 1916, A Palavra de Ordem do “Desarmamento”).

Definitivamente o MRT vai se consolidando como um grupo kautskista. Além de pequeno-burguês, advoga teses do pacifismo não para libertar a sociedade da guerra, mas para favorecer o imperialismo com sua política “nem-nem”, que é a política mais eficiente para o domínio da burguesia. Diante de toda e qualquer insurgência armada, o MRT se posiciona de modo reacionário, contra qualquer movimento de libertação da opressão imperialista. Agora, no momento em que há uma verdadeira luta revolucionária entre os povos do Sael contra o imperialismo, o MRT dá uma força para os opressores lançando críticas infundadas ao movimento de trabalhadores explorados pela indústria de mineração na região. O MRT operou em nome dos opressores no artigo intitulado “África convulsionada na disputa entre potências”.

Antes de caracterizar a tomada de poder por parte dos oprimidos do Sael frente aos opressores franceses, precisamos refutar toda e qualquer tentativa pequeno-burguesa de depreciar as tomadas de poder pelos militares da região. O fato de que a tomada de poder tenha sido por militares, não permite que grupos pequeno-burgueses turvem a análise marxista sobre poder. Lenin é absolutamente claro nesse aspecto. As premissas pequeno-burguesas em favor do desarmamento são a de oposição à guerra. Porém, aqueles que se proclamam marxistas devem se lembrar que ao se oporem a TODA guerra, inclusive às de libertação nacional, deixam de ser marxistas e passam a ser meros papagaios do pacifismo burguês. De acordo com Lenin, às vésperas da Revolução Russa:

“Nós não devemos nos deixar cegar pela atual guerra imperialista. Guerras entre “Grandes” Potências são típicas da época imperialista; mas guerras democráticas e rebeliões, por exemplo, de nações oprimidas contra seus opressores para libertarem-se da opressão, não são impossíveis. Guerras civis do proletariado contra a burguesia pelo socialismo são inevitáveis. Guerras são possíveis entre países nos quais o socialismo triunfou e outros países, reacionários ou burgueses”. (Lenin, 1916)

O fato de vários países da região do Sael passarem a ser governados por militares, na realidade só expressa o nível de desigualdade em um processo de desenvolvimento desigual complexo, em países que estão de frente para seu inimigo maior, a França, que detém um dos maiores exércitos do mundo, dinheiro e apoio dos Estados Unidos para proceder com qualquer barbaridade contra o povo em rebelião, uma rebelião de trabalhadores, antes de mais nada. Os trabalhadores do Sael se insurgiram diante do nível de exploração, que se assemelha ao processo de exploração colonial convencional.

Corredor golpista?

A imprensa imperialista, e seus vassalos em órgãos de esquerda pequeno-burguesa, entre outros veículos menores, já criaram o termo “corredor golpista”, que é uma forma de desqualificar a luta popular, até porque tomada de poder sobre o imperialismo só pode mesmo ser com uso da força. Se os oprimidos vencerem por via “eleitoral”, esse processo também dependeria, no desenrolar do tempo, de forças que sustentam o poder. Portanto, é idealista qualquer manifestação em contrário a esse movimento no Sahel. Mas, para o MRT:

Em uma reviravolta copernicana, o Níger se tornou o novo elo de uma cadeia de golpes que abalou a região do Sahel, a uma taxa de sete nos últimos três anos. Tornou-se parte do chamado “corredor golpista” – uma faixa transversal de 5.500 km – que se estende da Guiné, na costa oeste, ao Sudão, na outra ponta, passando por Mali, Burkina Faso e Chade. (MRT)

O “golpismo” pode ser parte de uma revolução, pois existe claro no movimento que há questões relativas à exploração do trabalho e contra o imperialismo. Isso aparece com clareza em gritos e cartazes erguidos pelo povo, e não podemos duvidar que são as forças do proletariado que sustentaram o “golpe” no Níger, que pode apontar para a ampliação da libertação nacional.

O MRT se coloca de forma anarquista perante aos acontecimentos, completamente alheio ao interior das lutas de povos oprimidos, ditando uma retórica que visa impor aos países oprimidos que não se desenvolvam, não compreendem que parte da luta política é a sustentação econômica. Na visão do MRT os países que sofrem imposição ao atraso não possam constituir meios e formas de arranjos geoeconômicos para superar a dominação imperialista. Deste modo, todos os países que buscam inserção política no mundo são considerados imperialistas pelo agrupamento kautskista. 

O que é indiscutível é que a África entrou plenamente na disputa estratégica entre, de um lado, o bloco “ocidental” liderado pelos Estados Unidos e formado pela UE/OTAN e seus aliados; e, de outro, uma aliança informal entre a Rússia e a China, cujo principal teatro de operações é a guerra na Ucrânia. Neste rio conturbado de rivalidades e alianças mutáveis, outras potências menores, como a Turquia, também estão fazendo seu jogo.

Esse realinhamento geopolítico se expressa na inflamada retórica antifrancesa (e antiocidental) dos governos que emergiram desses golpes, e sua passagem para a órbita da Rússia e da China, que com menos estridência que a Rússia, tornou-se o principal centro comercial sócio – e em alguns casos credor – desses países (MRT).

Com isso, o MRT passa o atestado de que não é um agrupamento marxista, pois não é anti-imperialista. Evidentemente, uma luta anti-imperialista é também uma luta com retórica inflamada contra os opressores. Não há possibilidade de, em uma luta anti-imperialista, não inflamar a retórica, pois foi assim em todas as revoluções. Pior ainda, o MRT não dá protagonismo nenhum ao Níger, o colocando em um patamar de submissão que não tem a ver com a luta dos trabalhadores. O alinhamento do Níger se dá, como em qualquer grande luta, com países que estão envolvidos direta ou indiretamente no processo todo.

O padrão de delírio do agrupamento kautskista é gigantesco. Para eles, a tomada de poder no Níger é parte das pretensões de nada mais, nada menos, que Putin. Para o MRT todo o movimento “serviu de palco para Putin usar as armas de sedução da Rússia: entre outras coisas, prometeu enviar até 50 mil toneladas de grãos gratuitamente para Burkina Faso, Zimbábue, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritréia”. Como assim? O MRT quer dizer que a Rússia é imperialista com grãos!? Como isso? O MRT propõe que países não comercializem nem mesmo grãos em comércio internacional? Difícil até mesmo levar a sério uma caracterização com esse nível de suposto marxismo.

Cabe ainda apreciar nesse aspecto do texto o fato de o MRT ter pura ignorância (ou má fé) sobre as relações geopolíticas e geoestratégicas no continente africano. Para eles, existem agora dois blocos em disputa, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), e outro bloco formado por Mali, Burkina Faso e Guiné, que se pronunciou a favor do golpe no Níger. O absurdo é que o MRT afirmou que o CEDEAO é uma coligação de 15 países atualmente presidida pela Nigéria, quando sabemos que a Nigéria dá o nome para uma presidência formal da França, que organizou inclusive o sistema econômico desse bloco fantoche.

Um grande movimento anti-imperialista, não podemos ter dúvidas

O MRT tenta argumentar que os movimentos no Sahel não são anticoloniais. São anti-imperialistas com um grau muito elevado de conscientização das massas populares. Desde o Mali, Burkina Faso e outros países que vem se libertando da dominação francesa, a expressão clara do anti-imperalismo se dá na consciência dos trabalhadores e com o alinhamento com outras duas expressões da luta contra o imperialismo, que são a China e a Rússia. Para os kautskistas:

“Por isso, embora os golpes não sejam “anticoloniais” (e muito menos “anti-imperialistas”), mas em grande parte motivados por disputas entre camarilhas pelo controle do aparato militar-estatal, eles tentam construir sua legitimidade ao incitar a retórica anti-francesa e mudança de lealdade para a China e a Rússia.

“Quem melhor expressou essa política foi o capitão Ibrahim Traoré, atual líder do governo interino de Burkina Faso após o golpe. Na cúpula de São Petersburgo, Traoré invocou a memória de Thomas Sankara, líder da luta anticolonial e referência do pan-africanismo. Em seu discurso, ele saudou a chegada de uma “ordem multipolar” e a aliança com “verdadeiros amigos” como a Rússia.” (MRT)

Para os pequeno-burgueses do MRT, uma luta anti-imperialista não pode ter referências como Sankara, muito menos mirar a colaboração entre países oprimidos. O que o MRT queria mesmo, muito provavelmente, era uma intervenção dos Estados Unidos, país que tem a cara, a face desses agrupamentos da esquerda pequeno-burguesa. Traoré não seria revolucionário, o revolucionário do MRT tem que ser alguém como Mandela, como Luther King, figuras que estavam no bolso do imperialismo. São revolucionários da Vila Madalena, de boutique e de perfumaria.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.