Em meio a crise geral dos grandes monopólios capitalistas, a Rede Globo de Televisão, principal empresa do conglomerado da família Marinho, demitiu desde o início de abril mais de 50 funcionários, entre repórteres, produtores, apresentadores e técnicos, principalmente do departamento de jornalismo, em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco.
Embora não seja admitido oficialmente, as demissões estão relacionadas aos seguidos prejuízos que a Rede Globo vem sofrendo. Em 2022 a empresa registrou prejuízo de R$ 41 milhões e no ano anterior de R$ 121 milhões. Aliás, a onda de demissões, embora tenha se acentuado, não é de hoje. Nos últimos anos, houve muitas demissões no setor de dramaturgia, incluindo dezenas de artistas famosos.
A política da Rede Globo em nada se diferencia da prática corrente nas grandes empresas. Demite-se trabalhadores antigos com salários mais elevados e contrata-se novos trabalhadores pela metade ou até mesmo a quarta parte dos salários anteriores. O que diferencia a Globo de outras empresas não é o método em si, mas o fato de boa parte dos demitidos serem pessoas conhecidas do público em geral.
Uma outra condição que veio à tona com as demissões é que boa parte dos funcionários da empresa tiveram seus contratos de trabalho alterados para pessoas jurídicas, isso significa que não têm direitos trabalhistas, como horas extras, 13º salários e férias remuneradas. Um regime de exploração sem limites imposto pela “reforma trabalhista”, que teve a própria Globo como um dos maiores instrumentos da campanha dos golpistas em favor da destruição dos direitos trabalhistas.
A Globo não dá ponto sem nó. Por trás do seu jornalismo venal em aberta defesa do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, da prisão de Lula e o seu banimento das eleições de 2018 estão a defesa do imperialismo no Brasil, particularmente o norte-americano, do grande capital nacional e como pagamento a garantia da manutenção do seu monopólio e porque não, das benesses que os grandes capitalistas obtiveram com o golpe, como foi o caso da reforma trabalhista.
E por falar em golpe, nunca é demais relembrar que o poderio da Rede Globo, o monopólio quase absoluto que exerce no Brasil, é o resultado dos serviços prestados em defesa da sanguinária ditadura militar de 1964.
Por ironia, a Globo, que é um dos principais porta-vozes do imperialismo de valorização do identitarismo, está sendo acusada de etarismo, que seria um tipo de preconceito com pessoas mais velhas. Isso porque os jornalistas e outros profissionais mais experientes e com salários mais altos, estão demitidos e substituídos por mais jovens com salários bem inferiores.
Em resposta às demissões em massa promovidas pela emissora, a Federação Nacional de Jornalismo (Fenaj) em conjunto com os Sindicatos de jornalistas e Radialistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal estão convocando atos para o próximo dia 11 (terça-feira) nas sedes dos estados atingidos pelas demissões. É preciso que as organizações dos trabalhadores, em particular a CUT, se somem às atividades levantando a bandeira do fim do monopólio do Partido da Imprensa Golpista.