Na última semana, a TV GGN, na segunda-feira (12), contou com a participação de Ikaro Chaves, diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobrás, que denunciou o sequestro da empresa pela 3G Radar, cujos sócios são os responsáveis pela quebra de outras grandes companhias, como as Americanas e a Light. Chaves denunciou a influência de Jorge Paulo Lemann, Marcelo Telles e Carlos Alberto Sicupira no processo de privatização da então estatal ainda no governo golpista de Temer.
Em matéria publicada por este Diário, há uma denúncia de como a empresa 3G Radar, de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, elementos envolvidos diretamente na quebra das Lojas Americanas e da Light, dominam a Eletrobrás. As compras das ações começaram ainda durante o governo ilegítimo de Temer e seguiu no governo seguinte de Bolsonaro. Atualmente, a 3G Radar possui 15% das ações da Eletrobrás, mas como colocado no texto acima, tem maior poder de decisão que o governo que tem, neste momento, 43% das ações.
“Por que o governo tem 43% das ações ordinárias da Eletrobras e não consegue votar com mais de 10%? Porque foi colocado uma limitação na Lei da Privatização para que qualquer acionista só possa votar com 10%. Por acaso, o único acionista que continua com 10% da Eletrobras é o governo”, explica o diretor Ikaro Chaves. Segundo Chaves, o presidente da Eletrobrás ganhava R$50 mil por mês. Após a privatização, a remuneração saltou para R$300 mil mensais, sem contar os bônus. Até os conselheiros, que recebiam R$5 mil mensais, lucraram com a privatização e chegam a faturar até R$200 mil.
Durante a participação de Leonardo Coelho Pereira na CPI da Americanas, na Câmara, o atual CEO da empresa declarou à Comissão que foi feito o aumento artificial do lucro, o objetivo seria ocultar o resultado financeiro. Os documentos divulgados na CPI têm uma coluna chamada de “visão interna”, que mostra um prejuízo de R$733 milhões. Na coluna “visão conselho”, há o demonstrativo de lucro de R$2,8 bilhões. Pereira mostrou também uma troca de mensagens do ex-diretor Timotheo Barros. “Não podemos mostrar para conselho e mercado nada acima de R$3 bi. Será morte súbita”, dizia o texto.
O CEO da Americanas, afirma que havia um alinhamento por mensagens da diretoria na formulação de respostas a questionamentos do comitê de auditoria. Pereira também declarou que bancos, como Itaú e Santander, aceitaram modificar cartas de risco sacado para mitigar a situação da dívida da varejista. “Consigo dizer que os documentos mostram uma troca de informações entre os bancos e pessoas de dentro da companhia, puxados por pessoas da companhia. Os bancos mencionados aceitam suavizar a redação da carta”, afirmou.
O risco sacado consiste, basicamente, na antecipação por parte dos fornecedores de títulos ou notas fiscais a receber de seus clientes. Ou seja, são verdadeiros fraudadores, como o próprio Pereira afirma: “A fraude das Americanas é uma fraude de resultado”.
Os capitalistas afundaram umas das maiores varejistas do Brasil e agora estão controlando a maior empresa de energia elétrica da América Latina. Para além do encarecimento da energia, estaremos nas mãos de tubarões que não ligam a mínima para essa necessidade essencial da população, só pensam em lucros.
Esses vigaristas não podem ter em mãos a energia elétrica de um país, devem ser denunciados como estelionatários que são e o processo de privatização feito pelos governos golpistas deve ser revertido imediatamente. A Eletrobrás é do povo brasileiro e assim deve ser considerada.
No entanto, o governo Lula enfrenta dificuldades para enfrentar esse crime lesa-pátria levado adiante por governos anteriores e somente uma ampla e grande mobilização pode reestatizar essa empresa do povo.