Afirmar que o governo Lula representa a frente ampla é uma loucura. Não é à toa que os ministros que, de fato, compõem a frente ampla já começaram a representar problemas e esses problemas vão crescer. Nós temos um governo que dá a impressão de que está emparedado. Quando olhamos o conjunto da coisa, tem-se a impressão de que o governo entrou com a determinação de fazer uma série de coisas e, ao tomar conhecimento da situação política e da situação econômica, freou a máquina.
Por isso não foi, até o momento, apresentado nada de mais concreto. Lula falou que os ministros precisam produzir resultados, mas que resultados seriam esses exatamente? É possível que o governo Lula consiga explorar determinadas situações para colocar alguma coisa em prática, mas está evidente que o regime está completamente endurecido mais do que o normal. O Lula não tem maioria no Congresso, os militares são hostis, a burguesia está contra tudo.
Devemos voltar ao refrão de sempre: a força que o PT tem para mudar essa situação é a mobilização popular e só a mobilização popular. É preciso prestar atenção nisso. Seria necessário, nesse sentido, desmontar várias das coisas que foram feitas não no governo Bolsonaro, mas desde 2016 nos últimos seis anos porque o pior foi feito pelo governo Temer, que estabeleceu o teto de gastos, por exemplo. É preciso acabar também com medidas que enfraqueceram os sindicatos, atacaram os aposentados, o salário mínimo congelado etc.
O que estaria colocado nesse momento seria uma revogação geral de todas essas medidas que o PT não está propondo. Lula falou durante a campanha que precisava de um “revogaço”, algo que não está conseguindo pôr em pauta por causa da sabotagem da direita ao seu governo. É necessário que se chame uma mobilização popular que eventualmente desaguasse em um plebiscito que revogasse tudo que foi feito. Tudo, inclusive a “independência” do Banco Central.
Uma segunda coisa é o problema das privatizações, que aleijaram a economia nacional. As grandes empresas estatais foram todas parar na mão do capital estrangeiro, que suga o sangue do país. O símbolo dessa situação é a Petrobras: se o governo Lula dispusesse do controle do petróleo, mesmo no regime capitalista, ele teria uma margem de manobra muito grande para fazer várias coisas, mas o dinheiro que é produzido pela Petrobras e que é pago fundamentalmente pelo povo brasileiro não fica no País.