O golpe de Estado que ocorreu na última quarta-feira (26) no Níger é mais um acontecimento que merece o entusiasmo da classe operária mundial. O então presidente Mohamed Bazoum, uma marionete do regime francês liderado por Emmanuel Macron, foi deposto e preso, dando lugar ao governo de uma junta militar abertamente pró-Rússia.
Durante sua participação no programa Análise Internacional, que foi ao ar na segunda-feira (31), o Comandante Robinson resumiu de maneira precisa o conteúdo desse golpe: “toda vez que tem esse tipo de movimento você sempre tem que olhar quem está ‘chiando’. Vejam a diferença de tratamento do golpe no Níger para o golpe no Peru”. Concordamos integralmente com o analista militar: se a mesma imprensa imperialista que fechou os olhos para as barbaridades da ditadura de Dina Boluarte se diz preocupada com o golpe no Níger, é porque o golpe contraria os seus interesses.
E não é para menos. O golpe é o terceiro que ocorre na mesma região em um curto espaço de tempo. E, assim como no Mali e na Burquina Fasso, o golpe no Níger tem a mesma orientação: trata-se de um movimento em favor dos russos. Os três golpes de Estado que ocorreram na região do Sahel, portanto, são parte de um amplo movimento de nações africanas que estão buscando romper com a dominação imperialista, aliando-se, assim, ao bloco que promove as melhores condições para um enfrentamento: o bloco liderado por Rússia e por China.
O desgarramento dos países africanos da dominação imperialista é um acontecimento espetacular. É um processo que pode culminar em uma segunda onda de revoluções e guerras de libertação, como aconteceu após a Segunda Guerra Mundial. Afinal, os golpes ocorrem no mesmo momento em que o conjunto do continente africano tenta romper com as grandes potências opressoras. A África do Sul, por exemplo, está cada vez mais integrada ao BRICS e sediará, daqui a poucos dias, a reunião que possivelmente será a mais importante da história do bloco formado por Brasil, Rússia, China, Índia e o próprio país africano. O Egito, que hoje vive sob uma ditadura militar tradicional, implantada pelo imperialismo na tentativa de conter o avanço do nacionalismo árabe, também ameaça romper com os Estados Unidos. Há uma efervescência cada vez maior no continente.
Essa efervescência, por sua vez, é parte de uma rebelião generalizada de todos os países oprimidos contra o imperialismo.
Talvez o evento mais marcante dessa nova etapa, em que os países atrasados falam abertamente em “desdolarização” e em se aliar aos russos e chineses, tenha sido justamente a insurreição talibã no Afeganistão, em 2021. E por um motivo óbvio: um grupo de guerrilheiros muito mal armados impuseram uma vitória acachapante sobre o exército mais poderoso do planeta. Os bravos afegãos deram o recado: o xerife está na UTI. É hora de ir para cima!
Vladimir Putin anotou o recado e, menos de um ano depois, invadiria a Ucrânia e resistiria a centenas de sanções aplicadas contra o seu país. A rebelião africana é parte desse movimento. E, assim como a insurreição afegã e a guerra da Ucrânia, o golpe no Níger não pode deixar margem para dúvida: tudo aquilo que é, em seu conteúdo, uma vitória dos oprimidos contra o imperialismo, independentemente da forma, é um progresso para a luta de todos os povos contra o grande inimigo da humanidade.
Viva o povo do Níger, do Mali e da Burquina Fasso! Za Pobedy! Rumo à vitória!