No último domingo (05), o governo golpista peruano anunciou mais 60 dias de estado de exceção em mais sete regiões do país, colocando mais de metade da nação peruana em estado de sítio. As regiões afetadas foram Amazonas Madre de Dios, Cusco, Puno, Apurímac, Arequipa, Moquegua e Tacna.
A situação ocorre em meio aos constantes protestos que pedem a renúncia de Dina Boluarte, presidenta que subiu ao poder por meio de um golpe no início de dezembro de 2022, na derrubada de Pedro Castillo, ex-presidente.
O Congresso peruano, aliados do golpe contra Castillo, afastou a possibilidade de uma nova eleição em 2023 frente ao extremo rechaço da população a Dina Boluarte. Isso fez com que as manifestações se acirrassem ainda mais, possuindo também uma intensa repressão. Já são mais de 50 mortos pela polícia durante as manifestações, que só crescem.
A medida do estado de exceção decreta a restrição ou suspensão de “direitos constitucionais relativos à inviolabilidade de domicílio, liberdade de circulação pelo território nacional, liberdade de reunião e liberdade e segurança pessoais”, de acordo com o Diário Oficial do Peru.
A polícia tem utilizado bombas de gás lacrimogêneo para dispersar as manifestações diárias contra o governo. A violência é crescente e o golpe afunda, enquanto a população fica cada vez mais irritada.
Sindicatos, grêmios estudantis e outras organizações têm ido às ruas em diversas regiões do país, exigindo o fim do golpe, a destituição de Dina Boluarte e do Congresso, além da volta de Pedro Castillo.
O que o governo peruano está fazendo configura verdadeiros atos ditatoriais. A repressão à população e todas essas medidas que estão sendo tomadas deixam bem claro que o que ocorreu no dia 7 de dezembro de 2022 contra Pedro Castillo e contra a população peruana foi um verdadeiro golpe de Estado, descarado e apoiado pela burguesia e pelo imperialismo.
Apesar dos caráteres direitistas de Castillo e seu governo, o qual virou muito para a direita durante seu mandato, é fato que o ex-presidente ainda possuía um pouco de apoio da população, ainda mais quando comparado com Boluarte e com o resto do Congresso, que barrou cada mínima ação fracamente popular que o governo tentou passar.
O fato é que o povo peruano está certo, é preciso ficar nas ruas caso queiram que alguma coisa mude na situação. Naturalmente, a ditadura irá aumentar a dureza do regime, mas é preciso continuar se mobilizando para que Pedro Castillo não só volte ao poder, mas radicalize seu governo e volte a ficar do lado da população.