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III Conferência Nacional

Cônsul de Cuba: “O único caminho é através da luta”

Em entrevista ao Diário Causa Operária, o cônsul de Cuba denunciou a política imperialista dos EUA e elogiou a política externa do governo Lula

No último final de semana, nos dias 9, 10 e 11 de junho, ocorreu a III Conferência Nacional dos Comitês de Luta. A conferência foi um sucesso, contando com a participação de mais de mil militantes e apoiadores. Convocada com o objetivo de romper a paralisia das organizações dos trabalhadores e impulsionar a luta para recuperar os direitos que foram arrancados do povo brasileiro pelo imperialismo desde o golpe de 2016, a conferência contou com a importante participação do Cônsul Cubano, Pedro Monzón, que compôs a mesa anti-imperialista, no último dia do evento.

Em entrevista para o Diário Causa Operária (DCO), o cônsul denunciou a política genocida do imperialismo (em especial dos EUA) contra Cuba, que impõe há mais de sessenta anos um embargo econômico, com a finalidade de estrangular o desenvolvimento da ilha e derrotar a Revolução Cubana.

Dentre várias denúncias, o Cônsul expôs que, mesmo durante a pandemia, o bloqueio dos EUA não apenas continuou a ser aplicado, mas foi aprofundado com dezenas de novas sanções, mostrando claramente o caráter genocida do imperialismo, que se aproveitou da COVID-19 para estrangular ainda mais o fornecimento de medicamentos, causando a morte de cubanos, a fim desestabilizar o regime. Contudo, a tentativa fracassou, pois, conforme expôs o Cônsul, Cuba desenvolveu sua própria vacina, uma de grande eficiência, controlando a pandemia no país.

Nesse sentido, emendou expondo que a indústria farmacêutica cubana é avançada, com o país fazendo parcerias com países atrasados para o fornecimento de vacinas e medicamentos. Assim, é também uma importante fonte de receita para Cuba.

Expôs também que o controle da pandemia foi fundamental para a área do Turismo, outra das principais fontes de receita da ilha, necessárias para que o país contorne o bloqueio.

Apesar dos problemas advindos do bloqueio, fez questão de frisar a positiva realidade social da ilha: ninguém passa fome, todos têm acesso à moradia e saúde.

Emendou com uma crítica aos EUA que, embora seja o país mais desenvolvido do mundo, tem um regime político que deixa milhares de americanos desassistidos. Cuba, por outro lado, mesmo sendo um país pobre, tem um regime que promove uma grande qualidade de vida para o povo.

Denunciou também que, no que diz respeito à guerra econômica travada contra a ilha, a eleição de Joe Biden, colocando o Partido Democrata no poder, nada foi modificado para melhor, sendo inclusive mais agressivo que o governo anterior.

Ao ser perguntando sobre os ataques à imprensa feita ao governo Lula, por ter recebido Nicolás Maduro e por vir se aproximando da China e da Rússia, Pedro Monzón afirmou que a política nacionalista de Lula está sendo positiva não apenas para Cuba, mas a todos os demais países oprimidos pelo imperialismo.

Por fim, a respeito de suas expectativas sobre a III Conferência Nacional dos Comitês de Luta, afirmou que Cuba segue lutando há mais de sessenta anos. Citando conversa de Fidel Castro com Nicolás Muro, afirmou que é apenas através da luta que o povo conquista seus direitos.  Assim, demonstrou expectativas positivas com o evento.

Leia a entrevista na íntegra:

Diário Causa Operária: Como está a situação de Cuba, agora que passada a pandemia, período em que mais se sentiram as ações, os bloqueios impostos pelo imperialismo. Um momento em que, o imperialismo, cinicamente dizendo-se preocupado com a “democracia” no país, impediu que Cuba tivesse acessos a remédios e insumos básicos. Como que está a situação agora com a pandemia, com o retorno do turismo?

Pedro Monzón: A pandemia foi muito agressiva contra Cuba, porém foi multiplicada por mil devido ao bloqueio dos Estados Unidos. Os EUA utilizaram a pandemia como uma ferramenta para castigar Cuba, para asfixiar Cuba. Aplicou-se mais de 240 sanções, as chamadas sanções adicionais (à já tradicionais sanções do bloqueio), que nos criaram problemas imensos. Apesar disto, Cuba controlou a pandemia. Criamos cinco vacinas, integralmente cubanas, há mais de dois anos. A pandemia não é mais um problema, mas o bloqueio (adicional) continua em todos os terremos há mais de dois anos.

De qualquer forma, ao sair da pandemia o setor de turismo começou a se recuperar, sendo para nós um setor muito importante, já que é uma fonte fundamental de acesso à nossa biotecnologia, sendo os produtos farmacêuticos cubanos famosos no mundo inteiro. Temos ajudado países solidariamente graças a esses recursos, que são também uma fonte de desenvolvimento econômico em termos gerais e, por óbvio, desenvolvimento tecnológico.

É verdade, temos muitos problemas devidos ao bloqueio, à escassez de dinheiro e de recursos para promover o desenvolvimento cotidiano do país. Apesar disto, ninguém passa fome ou morre de fome em Cuba; não há moradores de rua; não há problemas com drogas; Cuba é um país saudável devido às nossas políticas Não há como se comparar Cuba com um país desenvolvido. Há países que apesar de serem ricos, como os EUA, tem uma situação social horrível. Já Cuba, um país muito pobre, tem uma excelente situação social, o que é devido à política levada a cabo pelo regime cubano.

Diário Causa Operária: Continuando na questão do bloqueio, o senhor mesmo citou que foram colocadas mais de duzentas novas sanções, somente no governo Trump. E o governo Biden não retirou nenhuma delas. A gente viu na eleição norte-americana que houve um apelo para setores de esquerda apoiarem Biden, pois seria uma candidatura democrática. Mas, o que vemos, no entanto, ao se relacionar com os países oprimidos, é que o Partido Democrata tem o mesmo tratamento, às vezes até pior, que o Partido Republicano. Gostaria que você falasse se, para os cubanos, há alguma diferença entre a política do Partido Republicano e do Partido Democrata?

Pedro Monzón: Absolutamente nenhuma. Ambos respondem a políticas, a impulsos imperialistas, os democratas e os republicanos. Biden não promoveu nenhuma mudança essencial no bloqueio, de forma que este continua o mesmo e, até mesmo mais grave que em períodos anteriores. Não houve nenhuma modificação (para melhor). Nós estamos preparados para seguir vivendo assim, conseguimos nos desenvolver em uma situação que todos achavam impossível. Mas não faz diferença. Biden é o mesmo. Biden prometeu, quando foi vice-presidente de Obama, a seguir as mesmas políticas que, apesar de imperialistas, eram mais suaves, abrindo espaço para o diálogo. Contudo, quando foi eleito, fez tudo ao contrário. Está promovendo uma política rígida, rigorosa, agressiva contra Cuba, sob o pretexto de ajudar o povo cubano. Contudo, é para aniquilar o povo cubano.

Diário Causa Operária: Há algumas semanas, houve uma série de ataques da imprensa e até mesmo de setores da esquerda contra o convite de Lula para a vinda de Nicolás Maduro. Aquilo foi uma indicação de que Lula não está disposto a ser um presidente servil aos EUA, que está disposto a procurar a união dos países latino americanos, em torno de uma nova política. Queria que você colocasse, na visão dos cubanos, como vocês têm avaliado essas movimentações na política externa de Lula, ao se aproximar da China, da Venezuela e ao estabelecer uma relação de cooperação com a Rússia, apesar de toda essa pressão diante do conflito com a Ucrânia.

Pedro Monzón: Normalmente não comentamos a política interna de um país. Contudo, não há a menor dúvida de que a política exterior de Lula é uma política aberta, que gera muitas esperanças, não apenas a Cuba e à Venezuela, mas a todo o mundo. Brasil retomou o papel a que lhe corresponde internacionalmente, e está estabelecendo relações sem nenhum tipo de preconceito, sem se deixar levar pela ideia de que os EUA são a única potência mundial. A política de Lula obedece ao conceito de que deve haver um mundo multilateral, um mundo de relação com todos os países, e de acordo com seus interesses mútuos. Assim, isto nos beneficia e aos países que sofrem bloqueio, além de todos os outros.

Diário Causa Operária: Qual sua expectativa desse evento, da Conferência dos Comitês de Luta?

Pedro Monzón: Bom, quando se fala de Cuba, nos estamos lutando há mais de sessenta anos e seguiremos lutando. Se queremos direitos, a maneira é através da luta. Sem lutar, não se conquista absolutamente nada. Certa vez, diante das complicações da política internacional (sobre a Venezuela), Maduro recorreu a Fidel (já enfermo) por conselhos, que lhe respondeu que o único caminho é através da luta. Sempre. Para nós, que nos incluíram na mesa anti-imperialista, teremos muito que falar sobre o imperialismo, e falaremos, mesmo que todo o tempo do mundo não seja suficiente.

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