Em uma entrevista o ator Sylvester Stallone declarou que, durante as filmagens do “Fuga para a Vitória”, ficou no gol e tentou pegar a bola chutado pelo Pelé fraturando o dedo mindinho. Era o segundo chute do Pelé, a primeira Stallone nem conseguiu ver, só ouviu ‘barulhão’ de bola na rede. Acrescentou ainda que a bola furou a rede, atravessou a parede do cenário e quebrou uma janela, de tão forte que era o chute.
No filme de 1981, o Pelé faz o papel de jogador de futebol de Trinidade e Tobago, pois se passa na França ocupada pelos nazistas, em torno de 1941 a 1942, e nessa época o Brasil ainda não tinha declarado oficialmente guerra contra o Eixo (formado pela Alemanha, Itália e Japão).
No filme que se passa no campo de concentração nazista, alguns prisioneiros são jogadores de futebol, e são obrigados a formar um time e jogar uma partida contra o time alemão, pois os nazistas querem aproveitar a existência de jogadores de futebol como prisioneiros e mostrar a superioridade ariana usando como elemento de propaganda a vitória no jogo de futebol. A versão que o Pelé participa é do remake do filme húngaro “Two Halves in Hell”. Ambos são baseados em fatos histórico, o famosíssimo jogo “Partida da Morte”. E o que era a “Partida da Morte”? Um jogo onde os jogadores, mesmo sofrendo ameaças de morte, não sucumbiram e não entregaram a partida.
Durante a 2ª Guerra Mundial, na Ucrânia ocupada por nazistas, os soviéticos da cidade sitiada de Kiev jogaram futebol contra o time de soldados nazistas. O time soviético era formado majoritariamente por ex-jogadores do Dínamo de Kiev, e eles derrotaram os nazistas, mesmo sabendo que a retaliação seria fatal.
Na URSS, o futebol se popularizou durante a década de 1930, principalmente na Ucrânia. Fundado em 1938, o Dínamo de Kiev era o time com mais destaque, sempre entre os melhores da liga nacional soviética. Em 22/06/1941 a cidade de Kiev foi invadida pela Alemanha nazista. Os populares, inclusive os jogadores do Dínamo de Kiev juntaram-se ao exército, e quem permaneceu na cidade foram obrigados a proteger a cidade. Mas a força nazista era superior e ocupou a região, encarcerando milhares de soviéticos em condições desumanas, e muitos foram vítimas de massacres de forma aleatória. Os prisioneiros considerados inofensivos foram libertos, incluindo entre eles os jogadores do Dínamo de Kiev. De volta à cidade em ruínas, os jogadores reuniram para jogar futebol para aumentar o ânimo do povo, inclusive vestindo camisas vermelhas que encontraram por acaso, para mostrar que estavam jogando pela cidade.
O campeonato de futebol era patrocinado pelos alemães nazistas, pois queriam reintroduzir o falso clima de normalidade. O time formado por ex-jogadores do Dínamo de Kiev era Start, e venceu de forma esmagadora os times adversários, formados por soldados nazistas e de nações aliadas do nazismo como húngaros e romenos. O time formado por soldados nazistas era Flakelf, e após perder a partida, pediu pela revanche. O jogo foi marcado para o 09/08/1942, com a presença de policiais e tropas alemãs, e o árbitro era um oficial de SS. A partida foi marcada pela violência física contra o Start, com a arbitragem visivelmente parcial para os nazistas. Mesmo assim o Start marcou gol. Durante o intervalo, o Start foi aconselhado a não vencer o jogo. Esse conselho foi ignorado, e Start ganhou de 5 a 3.

Logo depois a retaliação começou. Todos os jogadores foram presos e torturados. Os que não morreram na tortura foram encaminhados ao campo de concentração, onde alguns foram exterminados. Entre os sobreviventes estavam 3 jogadores do Start que disseminaram a partida histórica contra os nazistas.