Após a reunião de cúpula entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos (Celac), o presidente chileno Gabriel Boric se mostrou frustrado com a falta de uma resolução contra a Rússia. Boric queria que a Celac fosse “enfático” em seu comunicado contra a guerra. Segundo ele, no futuro, os países da América Latina e do Caribe poderiam estar na mesma situação da Ucrânia (!):
“Estimados colegas, hoje é a Ucrânia e amanhã pode ser qualquer um de nós. Não duvidemos disso à complacência que se pode ter em um momento ou outro com qualquer líder”.
O presidente chileno acha que o Brasil, por exemplo, poderia ser invadido pela Rússia! Mas ignora completamente que todos os países da América Latina e do Caribe sofrem há décadas todo tipo de intervenção, inclusive militar, dos Estados Unidos.
O presidente Lula reagiu imediatamente à fala de Boric, dizendo que não podia concordar com o chileno e chamando-o de “sequioso”. Boric replicou o brasileiro, falando que era preciso ter um posicionamento “claro” em relação à guerra.
A insistência de Boric em condenar a Rússia, chegando ao ridículo de dizer que a América Latina está sob ameaça do país eslavo, só pode ser explicada de uma forma: o presidente é um capacho dos Estados Unidos e da OTAN. Uma pessoa dedicada a defender os interesses do imperialismo acima de tudo. Isso já tinha ficado claro em sua tentativa de formar um fórum paralelo ao Foro de São Paulo.
A sua subserviência total aos Estados Unidos também joga luz em por que Boric chegou à presidência do país andino. Eleito após o governo de Sebastián Piñera, Boric é parte do conjunto de manobras da burguesia para fazer refluir a onda de mobilizações iniciadas em 2019.