O ex-chefe da ABIN de Bolsonaro e atual deputado federal Alexandre Ramagem, eleito no Rio de Janeiro, recorreu à Justiça para barrar a indicação de Aloizio Mercadante para o cargo do presidente do BNDES.
Alexandre Ramagem, do PL, alegou que a indicação de Mercadante ao BNDES supostamente iria contra a Lei das Estatais. Um dos trechos da lei veda a indicação de nome que tenha participado de qualquer instância de uma estrutura decisória de um partido nos últimos 36 meses.
A lei se trata de uma lei reacionária, que visa a instituição de uma tecnocracia supostamente imparcial, eliminando do controle das estatais figuras alinhadas e de confiança de líderes políticos e partidários. É evidente que tenha sido elaborada para impedir que lideranças populares coloquem figuras de confiança de seus partidos para ocupar postos estratégicos, deixando o caminho livre para a imparcialidade. O problema é que, na verdade, ser imparcial numa sociedade de classes onde o sujeito ativo é a burguesia, ou seja, que a burguesia domina, significa ser conivente com o massacre da classe trabalhadora.
Aloizio Mercadante participou da coordenação de campanha do Lula à presidência da República, então estaria vetado de exercer a presidência do BNDES.
Atualmente, essa não é a única ação em andamento que trata do tema. Outro deputado federal, Carlos Sampaio, do PSDB, também recorreu à Justiça Federal pedindo uma liminar contra a indicação de Aloizio Mercadante. As duas ações serão analisadas pela nona Vara Federal do Distrito Federal.
Houve uma flexibilização na regra de indicação para estatais, que possivelmente favorecerá o lado de Mercadante e permitirá que a indicação seja feita de forma democrática. A flexibilização ocorreu no final de 2022, e o projeto aguarda a avaliação do Senado Federal, que com sua composição bolsonarista, talvez desaprove para atravancar o governo Lula.
O que devemos ter claro com a situação é como os bolsonaristas estão tentando barrar um dos homens mais importantes da política econômica do governo Lula. O que revela como o governo está verdadeiramente emparedado pela campanha de sabotagem e paralisação levada adiante pela direita. A direita golpista, os bolsonaristas e a burguesia não querem permitir que Lula governe agora que ganhou.
Na imprensa, a oposição a Lula também é feroz. O convite de Roberto Campos ao roda-viva para fazer propaganda da independência do Banco Central foi um dos ápices da picaretagem do PIG, o Partido da Imprensa Golpista.
Enquanto isso, a imprensa golpista afirma que é Lula quem está querendo brigar. Lula apenas quer exercer seu direito de governar, concedido a ele pelo voto popular da maioria da classe trabalhadora.
Para tornar a situação ainda mais crítica, a extrema-direita, que tem um enorme apoio das forças armadas, também se opõe a sua política econômica, como mostra o caso apresentado por esta matéria.
A situação em que Lula terá de governar será muito difícil e impossível caso Lula não parta para o caminho das mobilizações populares das massas.