Nos dias 29 e 30 de maio, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, esteve no Brasil a convite do governo Lula para participar de cúpula que reuniu dez chefes de Estado da América do Sul, com o objetivo de discutir as futuras perspectivas econômicas e políticas para continente.
Conforme já relatado por este Diário, em seu retorno ao país após oito anos, Maduro foi recebido calorosamente por Lula, como um companheiro de luta, um importante aliado entre os países oprimidos na pugna contra o imperialismo, em especial contra os EUA. Lula criticou as falsas narrativas do imperialismo contra a Venezuela, chegando a propor a entrada do vizinho no BRICS. Diante desta recepção, Lula foi bombardeado com ataques da imprensa burguesa, de políticos da direita e da extrema-direita e de personalidades defensores da frente ampla.
Estas reações ocorreram no dia 29. Mas não parou por aí. A cúpula ocorreu no dia 30, e contou com a participação do direitista disfarçado de esquerdista Gabriel Boric, atual presidente do Chile. Após a reunião, Boric resolveu criticar as declarações de Lula. Como porta-voz do imperialismo que é, e agindo como papagaio da imprensa burguesa, afirmou que na Venezuela existe uma ditadura e violações a direitos humanos.
As semelhanças entre Boric e a direita e o imperialismo não se limitam nas mentiras propagadas contra a Venezuela. A hipocrisia e o cinismo também é outro aspecto em comum entre eles. Enquanto Boric condena um suposto autoritarismo, uma suposta ditadura na Venzuela, seu governo, no Chile, mantém encarcerados os milhares de presos do governo direitista de Sebastián Piñera; mantém intacto o regime neoliberal instituído pelo regime fascista de Pinochet (um dos mais sanguinários da América do Sul); reprime os índios Mapuche em sua luta pela terra; aprova lei que dá carta branca aos carabineiros para reprimirem a população a torto e a direito etc.
A forma de Boric agir, a sua condenação à Venezuela e a Lula por se aproximar de Maduro demonstra que o presidente Chile não é uma pessoa de esquerda, mas sim um agente do imperialismo, que se vale da demagogia identitária para transitar entre esquerdistas. Suas condenações a Cuba e a Nicarágua apenas reforçam seu caráter pró-imperialista.
Boric é um carreirista pequeno burguês de direita que foi impulsionado pelo imperialismo para conter as mobilizações pré-revolucionárias que ocorreram no Chile entre 2019 e 2022. Por ter sido parte da burocracia do movimento estudantil, os EUA conseguiu disfarçá-lo como esquerdista. Um contrabando, um estelionato, que ficou patente quando Boric alçou à presidência do país.
Esse tipo de operação não é circunscrita ao Chile, contudo.
Aqui no Brasil temos um Boric em potencial. Seu nome é Guilherme Boulos. Suposto líder popular por sua ligação com o MTST, não passa de um carreirista pequeno burguês bastante conservador. Conforme relevado por este Diário, Boulos é diretamente ligado a Walfrido Warde, uma espécie de embaixador das organizações financiadas pela CIA no Brasil.
Boric e Boulos vêm se aproximando cada vez mais. Em movimentação que serve aos interesses imperialistas na América do Sul, ambos são figuras chaves na criação da Rede Futuro, articulação que busca reunir toda a “esquerda” identitária e pró-imperialista da região, a fim de fazer contraposição à esquerda representante do nacionalista burguês, reunida no Foro de São Paulo.
Sendo assim, diante é preciso expor esses direitistas que se disfarçam de esquerda. Tanto Gabriel Boric quanto Guilherme Boulos constituem exemplos perfeitos. São inimigos dentro das fileiras dos movimentos populares. Boric já mostrou a que veio – para servir o imperialismo. Por enquanto, ele concentra seus ataques na Venezuela, Cuba e Nicarágua. No entanto, quando o momento chegar, Lula será o alvo.
Quanto a Guilherme Boulos, no presente momento, ele ainda não se pronunciou criticando Lula pela reaproximação com Maduro, pois a situação não é favorável. Contudo, eventualmente, quando surgir a oportunidade, ele também mostrará todas as suas cores, e revelar-se-á o completo lacaio dos Estados Unidos, que no fundo já é. E, a mando do Tio Sam, irá se voltar contra Lula, assim como fez contra Dilma na campanha do “Não vai ter Copa” e durante o golpe de 2016, quando trabalhou para a Folha de São Paulo, fez campanha golpista contra o ajuste fiscal e dividiu o movimento de luta contra o golpe criando a Frente Povo Sem Medo.