Futebol e política

A segunda guerra mundial e o Cruzeiro, o time que mudou de nome

Mesmo acontecendo em solo europeu, a segunda guerra causou grandes impactos no time mineiro que foi obrigado a mudar de identidade, nome, cores e símbolos

O Cruzeiro não foi sempre Cruzeiro. O tradicional time mineiro nasceu em 2 de janeiro de 1921, batizado de Palestra Itália, mais especificamente como Società Sportiva Palestra Italia. Um nome escrito em italiano mesmo, pois era um time da colônia italiana de Belo Horizonte. Em seu início, no clube só entravam jogadores de origem italiana.

Como sabemos bem, o futebol não está imune à política. E o então time Palestra Itália sentiu isso na pele na época da Segunda Guerra Mundial. Na ocasião, o Brasil se colocou ao lado dos Aliados, declarando guerra aos países do Eixo (Alemanha, Japão e Itália). Em Minas Gerais, o estádio do clube de origem italiana foi ameaçado de incêndio. E no Brasil inteiro se observou uma crescente hostilidade e agressividade direcionada a população italiana que vivia no país, mesmo elas não estando envolvidas diretamente na guerra.

A situação foi ficando cada vez mais insustentável, até que em 1942 o time foi obrigado pelo governo brasileiro a mudar de nome. O governo federal do Estado Novo de Getúlio Vargas publicou um decreto que proibia qualquer organização brasileira de usar nomes e símbolos que fizessem referência aos países do Eixo, rivais do Brasil na guerra.

A intenção era impedir qualquer influência da Itália, da Alemanha e do Japão em território brasileiro. O mesmo aconteceu com outros times de origens italianas, como foi o caso do Palmeiras em São Paulo, que se chamava inicialmente também de Palestra Itália. O governo Vargas encarava o futebol como grande símbolo nacional e entendia que o esporte possuía grande força de influência na população.

Depois de idas e vindas, dirigentes do clube mineiro decidiram rebatizar o time com o nome de Cruzeiro Esporte Clube, uma homenagem ao Cruzeiro do Sul, a constelação presente na bandeira do Brasil. Já as cores que eram vermelha e verde, em alusão às cores da bandeira italiana, deram lugar ao atual azul e branco, que eram as cores da seleção brasileira naquela época.

O time já vinha passando por um processo de nacionalização. Com a entrada de Ennes Ciro Poni, como presidente do clube, foi crescendo a ideia de tornar o clube uma entidade totalmente brasileira. E mesmo antes da guerra já se observava no Brasil uma crescente pressão para nacionalizar os muitos times de origem estrangeira.

Mesmo que muitas pessoas não se deem conta, o futebol e a política andam sempre juntos. A história da Raposa nos mostra isso. Os times de futebol não estão nem aquém e nem além da política, mas caminham juntos. Se não fossem as pressões políticas da época de uma guerra que acontecia em solo europeu, muito provavelmente, a Raposa ainda seria Palestra Itália. E isso talvez nos lembraria mais que Minas Gerais e o Brasil cresceram e se construíram também tendo a participação de imigrantes italianos, além dos muitos outros povos que vieram para cá.

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