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Sr. Flávio Dino,

A polícia é o exército do golpe, não de Lula

Em discurso no lançamento de seu pacote de segurança pública bolsonarista, Flávio Dino chama Lula a confiar mais na polícia e aumentar sua capacidade, enquanto desarma a população

Na cerimônia de lançamento de seu pacote de segurança pública bolsonarista, o Ministro da Justiça fez um discurso onde procurou explicar cada uma das medidas que estava sendo colocada lá. Em sua fala, exortou figuras bíblicas, “puxou o saco” do vice-presidente tucano, Geraldo Alckmin, fez uma celebração bizarra da importância do aumento da repressão no Brasil, fez uma demagogia constrangedora com as instituições policiais do Estado nacional e procurou mostrar a importância de desarmar toda a população, deixando-a à mercê do Estado burguês armado até os dentes e inimigo do povo.

O pacote de Segurança Pública é um dos erros mais crassos do governo Lula, não só porque é uma medida extremamente ineficiente, já que não adianta aumentar penas e aumentar a polícia para impedir o crescimento da criminalidade do país, que existe devido a questões sociais, mas também porque fortalece uma das instituições que mais tem o potencial de liderar uma iniciativa golpista contra o próprio presidente Lula: a Polícia, tanto militar quanto de qualquer outro tipo.

Uma série de medidas de fortalecimento das polícias foram previstas no pacote bolsonarista de Dino, entre elas um aumento salarial de diversos setores da segurança pública. Outra medida é o aumento de patrulhas ostensivas próximo a escolas, além de cursos de capacitação para os agentes e outras medidas “educacionais”. Está previsto também um plano especial para a Amazônia, o AMAs (Amazônia mais segura). O plano irá implantar 34 bases terrestres e fluviais na região com policiais federais e estaduais. A estimativa é que sejam colocados 6.000 agentes. Para isso, ele receberá R$ 2 bilhões de investimento. Será instalado também, em Manaus, um centro de cooperação com polícias de outros países da Amazônia. Manaus irá receber ainda a Companhia de Operações Ambientais da Força Nacional de Segurança.

Para explicar a medida totalmente inconsistente com um governo de esquerda que deveria implantar medidas que sirvam aos interesses da população, Dino fez uma comparação esdrúxula de Lula com Moisés, do livro Êxodo, da Bíblia. Segundo o Ministro da Justiça: “O senhor [Lula] é o nosso general no Alto da Colina. Fique de braços levantados [para guiar a luta de seu exército] por favor e segundo eu quero afirmar o senhor que […] quando, eventualmente, o senhor cansar, […] pode contar com seus ministros […] para sustentar seus braços para cima, e inscreva no seu exército as polícias brasileiras. […] porque a gente precisa separar o joio do trigo para fazer justiça (…)”.

É preciso mostrar que, tanto a ideia de que os ministros de Lula seriam seus principais ajudantes quanto a ideia de que os policiais seriam o “exército” de Lula são totalmente erradas e mistificadoras da real situação da luta política no Brasil. Primeiramente, o ministério de Lula é muito diversificado. Ele é composto por alguns poucos ministros de confiança de Lula, entre eles estaria, por exemplo, Fernando Haddad; por ministros que Lula indicou para satisfazer setores do Centrão e da direita com os quais Lula quer compor uma base de apoio no Congresso (base essa que até o presente momento não foi capaz de mostrar sua verdadeira função), seria o caso do ministro da agricultura Carlos Fávaro (PSD), ou do próprio Flávio Dino, que é do PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin; e de ministros identitários infiltrados na esquerda pelo imperialismo e que Lula indicou para conseguir o apoio de agrupamentos esquerdistas filo-imperialistas como o PSOL, é o caso de Silvio Almeida ou de Anielle Franco.

No que diz respeito à confiabilidade desses diferentes grupos, já é possível ver que o aceno à direita não serviu de nada porque os deputados desses partidos de direita que Lula incluiu em seu governo nunca vota junto com o governo nos projetos apresentados por ele ao Congresso, é o caso do arcabouço fiscal, que teve que ser totalmente alterado para ser aprovado, por exemplo. O setor identitário pratica uma sabotagem até maior em certo sentido. Marina Silva, ministra do meio ambiente financiada por George Soros, foi responsável por impedir que a Petrobras explorasse uma importante reserva de petróleo na Margem Equatorial, região que vai da costa do Rio Grande do Norte ao Amapá, resultando num prejuízo gigantesco para o país. Não é possível confiar em nenhum desses grupos para o sucesso das principais medidas do governo.

Além disso, é preciso dar um destaque especial para o absurdo que é dizer que Lula precisaria adicionar as polícias ao seu “exército”. A afirmação vem seguida de um clichê tão mentiroso quanto ele é frequente, o de que se deve “separar o joio do trigo” no que diz respeito aos policiais. Diversas pesquisas feitas revelaram o caráter totalmente bolsonarista dos agentes das polícias militares no país. Trata-se de uma instituição quase 100% apoiadora de Bolsonaro.

Mas não é simplesmente essa questão ideológica que torna a instituição algo nada confiável. O viés golpista das polícias deve ser também ressaltado. No período em que Dilma Rousseff foi derrubada, uma das principais agentes das medidas golpistas era a Polícia Federal, liderada por Leandro Daiello, então delegado da Polícia Federal, e hoje membro do IREE, Instituto do qual Guilherme Boulos faz parte e que é presidido por seu amigo Walfrido Warde. Foi também a Polícia Federal que conduziu Lula coercitivamente para ser interrogado por Sérgio Moro sem que houvesse nenhum dispositivo legal que permitisse tal coerção. Além disso, foi também a PF que prendeu o presidente Lula sem que ele tivesse cometido crime algum, apenas para impedi-lo de participar das eleições de 2018 e poder, assim, dar continuidade ao regime golpista no Brasil com a vitória de Jair Bolsonaro.

Além disso, é preciso lembrar que no golpe de estado que ocorreu na Bolívia em 2019, o qual teve como principal impulsionadora a polícia do país. Naquele momento, os policiais chegaram a invadir e a incendiar a casa da irmã do então presidente, Evo Morales, e de dois governadores pró-Evo.

Outra questão abordada por Dino em seu discurso é a defesa do desarmamento do povo brasileiro. Ele diz: “Hoje, o senhor está assinando um Decreto que põe fim definitivamente ao armamentismo irresponsável que o extremismo político semeou nos lares brasileiros. [defendemos] Armas nas mãos certas! e não armas nas mãos das pessoas que perpetuam feminicídio. Hoje, Presidente, com a assinatura do seu decreto, o senhor está salvando a vida de milhares de mulheres brasileiras […], de crianças e de adolescentes no Brasil”.

Com o desarmamento do povo brasileiro e as outras medidas que aumentam o investimento nas Polícias e o seu consequente armamento ainda maior, o que se está fazendo é justamente o contrário do que afirma Dino: o decreto coloca as armas nas mãos erradas, nas mãos da polícia, no braço armado do estado burguês que persegue e assassina a população todos os dias.

A demagogia e os acenos de Flávio Dino à polícia são, não apenas, ineficientes porque não irão mudar seu caráter bolsonarista, mas também extremamente perigosas para o povo. A principal causa de morte de pessoas pobres e de trabalhadores no Brasil é justamente a atuação da Polícia. É preciso defender o armamento do povo porque é um direito fundamental dos cidadãos, mas também porque o povo precisa poder se defender do Estado burguês criminoso que o assassina através das polícias.

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