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A novidade do “identitarismo marxista”

Matéria do Juntos tenta emplacar uma nova expressão “identitarismo marxista”, e acaba se revelando oportunista e antimarxista.

Temos diante de nós um texto intitulado “Identitarismo marxista e performance revolucionária”, publicado no sítio Juntos. A dificuldade inicial é justamente saber do que trata o artigo. Ainda mais se consideramos que, segundo tentam explicar, “pouco se fala sobre um identitarismo puramente performático e conservador que tem se tornado comum entre os jovens que estão começando a se aproximar dos ideais revolucionários: o identitarismo marxista. Saiba porque esse é um fenômeno regressivo”.

O termo ‘performático’ nos remete a performance, que é um tipo específico de arte ‘teatral’ que surgiu por volta dos anos 1960. Agora, ‘fenômeno regressivo’, o que seria? algo que remete ou volta ao passado, reacionário? Não o sabemos.

O segundo parágrafo do texto parece tentar jogar luz sobre a questão. Vejamos: “Todas as vezes em que os debates sobre opressão e vivência que estão alinhadas à identidade surgem, vemos a emergência de um discurso (desonesto, na maior parte das vezes) que enquadra tais perspectivas sob o termo “identitarismo”. No entanto, pouco se fala sobre um identitarismo puramente performático e conservador que tem se tornado comum entre os jovens que estão começando a se aproximar dos ideais revolucionários: o identitarismo marxista”.

Essa nova categoria, o ‘identitarismo marxista’ – performático e conservador –, seria uma espécie de reação aos ‘debates sobre opressão e vivência que estão alinhados à identidade’. Se for assim, o marxismo realmente é crítico a essa ideologia, importada dos meios universitários dos EUA, o identitarismo, que tenta restringir o problema da opressão às identidades.

A matéria nos explica que “identidade”, no caso, seria um campo de reconhecimento coletivo que leva (…) identidades oprimidas a uma posição social, seja na luta ou nas hierarquias que sustentam o capitalismo. De fato, uma das reivindicações do indentitarismo é colocar pessoas negras, ou setores minoritários, a posições de poder, ou de mando, o que é uma reivindicação reacionária.

Se lutarmos para que mulheres, negros, LGBTs, ocupem cargos de chefia, ou apareçam mais em filmes publicitários, o que muda na vida desses setores oprimidos? Nada. No máximo, melhora a vida das pessoas que ocupam tais cargos, ou ‘posições’.

Exemplos sobre a falácia identitária não faltam. Os EUA, por exemplo, tiveram um presidente negro, Barack Obama. Hoje, têm uma vice-presidenta negra, Kamala Harris. E não foi justamente nos Estados Unidos que um policial branco se ajoelhou sobre o pescoço de um homem negro até levá-lo à morte? Não foi justamente no governo Obama que se tramou o golpe contra Dilma Rousseff (uma mulher)? Não foi esse golpe que jogou na miséria milhões de trabalhadores no Brasil? Metade era de mulheres. Quantos seriam negros, trans etc?

Portanto, essa tendência nas organizações e nas juventudes que resulta em um individualismo pequeno burguês, dogmatismo e na má compreensão dos movimentos da classe trabalhadora em torno das suas demandas não se refere a um pretenso “identitarismo marxista”, mas ao identitarismo ele próprio.

O identitarismo luta pelas ‘identidades’ portanto não compreende os movimentos da classe trabalhadora, que é a única força capaz de derrotar a burguesia e emancipar a humanidade como um todo. Os marxistas não podem lutar para colocar trabalhadores em ‘posições sociais’ ou nas ‘hierarquias que sustentam o capitalismo’, mas justamente querem acabar com a exploração capitalista.

Areia movediça

Da metade em diante, o texto entra por um terreno escorregadio. Diz que “atitudes de seita haviam se tornado comuns entre organizações que reivindicavam o marxismo”; que existem grupos ou “uma casta burocrática que se utiliza de seu espaço social e histórico entre a classe trabalhadora para a extensão dos seus próprios interesses”; que isso acontece também com grupos trotskistas que não possuem profunda compreensão da agência histórica das massas e na sua capacidade de pensar novas formas de ação a depender das suas necessidades concretas”.

A matéria segue dizendo que desses espaços saem discursos conservadores e masculinistas, resultando em ataque coletivo principalmente contra mulheres e pessoas trans que discordam e denunciam essas práticas. É aí que reside uma das características desse grupo: a briga constante pela auto afirmação e pelo purismo performático reside numa estética masculinista que, além de anti-marxista, é reacionária e se infiltra facilmente na juventude por meio de cultos às lideranças.

Deixando de lados os ‘masculinismos’ e ‘purismos performáticos’, três termos chamam a atenção e por isso os grifamos: grupos trotskistas, seita e cultos às lideranças. Não é preciso ser um gênio para saber do que se trata. O PCO, que é um partido trotskista, tem sido sistematicamente acusado pela direita e pela esquerda pequeno-burguesa de ser uma seita que cultua um líder, no caso, o seu presidente: Rui Costa Pimenta. E, como tenta explicar o artigo “o culto ao líder reside na sua defesa acrítica como forma de pertencimento a algo”.

Esclarecimento

É preciso dizer aos críticos do PCO, nunca é demais lembrar, que quem não tem argumentos precisa recorrer às ofensas. Um grupo político pode ser tachado de seita? Sim, mas é preciso provar, não apenas usar isso como subterfúgio para evitar o debate.

Será que os militantes do PCO são pessoas acríticas? Um partido que promove cursos teóricos na tradicional Universidade Marxista; que lança livros; uma revista como a Dossiê que traz textos aprofundados sobre os mais diversos assuntos; que tem jornal impresso semanal (o mais antigo e regular da esquerda); que tem diversos programas diários no YouTube; um partido cujos militantes produzem revistas em seus coletivos de Cultura, Mulheres, Negros, Esportes; que se reúnem 365 dias por ano para discutir e publicar algo em torno de quarenta matérias diariamente, seria esse um partido formado por pessoas ‘acríticas’?

Rui Costa Pimenta, o presidente do partido, é um dos mais antigos e experientes militantes da esquerda, é reconhecidamente um dos melhores analistas políticos que participa de programas tanto do PCO como convidado regular na imprensa independente. Se um partido tem um quadro desses, por qual motivo não o utilizaria? Seria como se um time de futebol deixasse de fora seu jogador mais importante.

Modismos

A esquerda pequeno-burguesa se agarra ao identitarismo porque essa é uma luta de cunho moral. De acordo com a matéria do Juntos, o“perigo mora na captação da juventude para um projeto perigoso e oportunista que não visa a criticidade teórica e nem o reino da liberdade, como Marx e os socialistas humanistas defenderam”. Ora, temos de concordar, mas isso não se aplica à juventude do PCO, que é a única que defende a liberdade de expressão e por isso é hostilizada nas redes sociais, pelos ‘marxistas’ que dizem que ‘liberdade tem limite’, que ‘liberdade é diferente de libertinagem’. A juventude do PCO é de fato humanista, pois critica esses setores tomados pelo identitarismo que querem transformar “fobias” em crimes com até cinco anos de reclusão e colocar todo mundo na cadeia.

O texto do Juntos, que reivindica o Psol como “uma grande ferramenta de mobilização das massas” – se bem que setores desse partido pediram a saída de Dilma Rousseff e apoiaram a Operação Lava Jato – termina dizendo o seguinte “não possuímos fórmulas prontas e etapistas para a revolução, e sequer acreditamos que elas existam. Portanto, compreendemos que nossos sonhos de sociedade são produtos da construção diária e autônoma dos mais diversos segmentos dos grupos oprimidos e explorados”.

Parece que estamos diante dos velhos e bons revisionismo e oportunismo, terreno fértil para identitarismo e outras ideologias burguesas.

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