A Marcha das Margaridas

A marcha das Margaridas na TV Mulheres

Maior movimento de mulheres do campo da América Latina. A marcha é uma manifestação de população contra a violência e repressão da burguesia

A edição de TV Mulheres nº175, que foi ao ar no dia 20/08/2023 teve como tema a “A marcha das Margaridas”, apresentada pela Simone Souza, teve a participação especial da Perci Marrara. No programa, Perci apresentou um balanço do evento que ocorreu em Brasília, a Marcha das Margaridas. A sétima edição da marcha, que ocorre a cada quatro anos. A edição deste ano iniciou em 15 e 16 de agosto de 2023, com o lema “Margaridas em marcha pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”.

O nome da marcha lembra Margarida Maria Alves, líder sindical paraibana, que foi assassinada brutalmente por latifundiários. A sindicalista os povos do campo, que exigia direitos básicos de qualquer trabalhador. Na década de 1980, o campo era cenário de uma ausência total de direitos trabalhistas, longas jornadas nos canaviais, baixa remuneração, trabalho infantil etc.

Margarida era presidente do sindicato que era composto majoritariamente por homens. Ela reivindicava direitos básicos de trabalhador, como décimo terceiro, e não estava reivindicando reforma agrária nem extinção do latifúndio.

Como os patrões, os latifundiários não davam nem o básico, os camponeses organizaram em sindicato, e a Margarida, como presidente, instigava os trabalhadores a procurar justiça trabalhista e com a justiça no interior baiano pressionada precisava executar a sua função, os fazendeiros resolveram agir, usando a força do dinheiro, contratando serviço de matador, para intimidar a população, causando o terror.

Para que os trabalhadores se recuem, e deixem de reivindicar seus direitos. Os assassinatos de líderes sindicais servem para intimidar a população. A marcha é significativa nesse sentido, de mostrar que apesar da brutalidade, existe a mobilização de luta e resistência por direitos.

Margarida Alves

No depoimento de Maria da Soledade Leite, poeta e cantora, apresenta a Margarida como “mulher forte, de fibra, muito corajosa e uma grande lutadora. Enfrentou uma luta ferrenha contra os latifundiários, os perseguidores dos trabalhadores (…)”. No fim do programa, passou um documentário do CUT com a participação da Maria da Soledade homenageando a Margarida Alves.

Maria Soledade Leite com a imagem da Margarida Alves

A Marcha das Margaridas surgiu de um movimento de trabalhadoras rurais que denunciava a política neoliberal do governo Fernando Henrique Cardoso, o que impactou de forma extraordinariamente negativa à vida dessas mulheres, sendo o maior movimento de mulheres da cidade e do campo da América Latina.  Também foi uma adesão à Marcha Mundial das Mulheres que mobilizou mulheres do mundo inteiro contra a fome e a violência.

A primeira Marcha das Margaridas aconteceu no ano de 2000 e levou 20.000 trabalhadoras rurais à Brasília e teve como lema: “2000 razões para marchar: contra a fome, a pobreza e a violência sexista”.

Outras Marchas das Margaridas aconteceram em 2003, 2007, 2011 e 2019, se consolidando como uma ampla ação estratégica das mulheres do campo e da floresta na agenda do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR e de outras organizações parceiras como movimentos feministas e de mulheres trabalhadoras e centrais sindicais e organizações internacionais.

Lula assina 8 decretos em resposta à Marcha das Margaridas

Sobre a pauta da Marcha das Margaridas, Lula respondeu com assinatura de 8 decretos abaixo.

  1. Instituído o Programa Quintais Produtivos para promover a segurança alimentar das mulheres rurais;
  2. Retomada da Reforma Agrária com atenção a famílias chefiadas por mulheres;
  3. Instituída uma Comissão de Enfrentamento à Violência no Campo;
  4. Criação de Grupo de Trabalho Interministerial para construir o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural — que oferecerá serviços públicos para a população jovem da agricultura familiar e ampliação das oportunidades de trabalho e renda para esse público;
  5. Programa Nacional de Cidadania e Bem Viver para as Mulheres Rurais com a retomada do Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural;

6.Criação do Pacto Nacional de Prevenção dos Feminicídios;

  1. Retomada da Política Nacional para os Trabalhadores Empregados, para fortalecer os direitos sociais desses operários;
  2. Retomada programa Bolsa Verde, que permite pagamento a famílias de baixa renda inseridas em áreas protegidas ambientalmente.

Análise política da marcha

Segundo Perci, a pauta apresentada não é propriamente uma pauta de reivindicações, é uma coletânea, um dossiê das pautas legislativas para as quais se faz um lobby ou uma denúncia ou esclarecimento do conteúdo que pode ser contra os interesses das mulheres etc. Foi comentado que quando o governo é de esquerda, os sindicatos de base ficam reticentes em reivindicar assuntos mais contundes, que realmente podem mudar a vida da população, porque pode ser contra o governo se as reivindicações não forem cumpridas.

Não importam se vão conseguir realizar ou não, pois isso é a tarefa do governo. O papel do sindicato ou comunidade é reivindicar ações que consigam fazer diferença e mudar a sociedade.

Lula falou na marcha das Margaridas para que não tenham medo de falar, mas infelizmente o próprio movimento não reivindica, na própria Marcha das Margaridas, embora tivessem fotos de reivindicações de organizações especificas, a pauta da direção reivindica algo muito subjetivo, como o tema da marcha, “Reconstruir o Brasil pelo bem viver”. A Margarida foi assassinada, a Bernadete foi assassinada, então não está acontecendo “bem viver”.

Na marcha, tinham cartazes de mulheres assalariadas pedindo coisas especificas, pessoal da reciclagem pedindo diretamente ao governo que isentasse determinados impostos, pessoal de funcionários públicos pedindo algo para municípios ou estados. Atualmente, estão acontecendo diversas greves no País todo, evidenciando que existe a tendencia da população para reivindicar, mas a direção do movimento é muito recuada e apesar da fala do Lula de não ter medo de reivindicar, não coloca na mesa as reivindicação reais do movimento, como legalização do aborto, salário-mínimo vital, 100% do petróleo nacional, toda pauta de reivindicação dos trabalhadores. Revogar reforma trabalhista, nada desses itens foram colocados para que o governo esforce para realizar.

Denúncia de ataque contra Guarani-Caiouá no Mato Grosso do Sul

No programa foi citado o ataque dos pistoleiros contra indígenas Guarani-Caiouá na região de Dourados-MS, terra de Simone Tebet. Os indígenas tiveram suas casas incendiada e destruída na retomada Avaeté. Segundo a matéria publicada no DCO, os indígenas relataram a ameaça de pistoleiros de que iriam atacar com o caveirão. Abaixo o link da matéria publicada.

https://causaoperaria.org.br/2023/pistoleiros-atacam-indios-guarani-e-incendeiam-suas-casas-no-ms/

Brutal assassinato da líder quilombola Maria Bernadete na Bahia

Outra notícia preocupante foi o assassinato da Maria Bernadete Pacífico, líder quilombola do município de Simões Filho-BA, na região metropolitana de Salvador. Maria Bernadete foi secretária da Promoção da Igualdade Racial e militante na luta pela valorização das comunidades quilombolas, e de matrizes africanas. Seu filho, que foi ex-candidato a vereador e era líder comunitário, também fora assassinado de forma brutal.

Maria Bernadete, líder quilombola

O programa em íntegra da TV Mulheres nº 175 pode ser acesso no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=vgaJkHx4tPc

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