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“Com Supremo, com tudo”

A insana defesa do Judiciário e da PF

Jornalismo dito de esquerda chega ao absurdo de elogiar o STF e Polícia Federal, elementos-chave do golpe de 2016

Cabeça explosão

O artigo “Bolsonaro ainda solto é piada de péssimo gosto” de autoria de Bepe Damasco e publicado em 11 de agosto no Brasil 247, é mais um exemplo de como parte de esquerda aderiu completamente aos métodos burgueses de se fazer política. 

O que nos chama a atenção é o elogio à polícia e ao Judiciário, esses que colocaram Lula na cadeia.

Um dos principais equívocos da esquerda pequeno-burguesa é acreditar que bolsonarismo e Bolsonaro sejam a mesma pessoa. Se Bolsonaro for preso, nem por isso o bolsonarismo se extinguirá, pois estamos falando de um fenômeno social.

Bepe Damasco descreve Bolsonaro como “líder do nazifascismo nativo”. Antes de concordar ou discordar dessa frase, é preciso ter claro que Bolsonaro não chegou sozinho ao poder, foi financiado e se beneficiou de um esquema fascista montado contra o PT e contra o povo brasileiro. Uma das características do fascismo é o de atacar e tentar destruir a classe e seus partidos, sindicatos, associações, conquistas sociais etc.; o principal objetivo do Golpe de 2016.

Antes do golpe contra Dilma Rousseff, o fascismo já era praticado a céu aberto pelas polícias em todo o Brasil, com seus esquadrões da morte, suas chacinas e assassinatos diários da população pobre.

A burguesia lançou mão da extrema-direita porque precisava consolidar o golpe e conter a crescente polarização social que se desenvolve no País. Se Bolsonaro for um nazista, o que podemos dizer é que este se beneficiou de circunstâncias produzidas pela própria burguesia, com ênfase para o imperialismo.

Justificativas

Para fundamentar sua posição, a de que o presidente derrotado deva ir para a cadeia, Bepe escreve que “Só no Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro responde a seis inquéritos, além de mais de 20 na justiça eleitoral. Se somadas as ações que correm nas justiças estaduais nos TRFs e no STJ, o capitão é alvo de centenas de processos”. Não somos, nem pretendemos ser, advogados de Bolsonaro, mas ser processado, até que haja a condenação, não põe ninguém na cadeia. Quer dizer, não deveria colocar.

O absurdo dos absurdos é Damasco dizer que A democracia é devedora do ministro Alexandre de Moraes especialmente, da justiça eleitoral e da maioria dos ministros do STF pela postura determinada em defesa do estado democrático de direito”. – grifo nosso.

Pela milionésima vez, temos que relembrar da famosa frase de Romero Jucá, que atesta que o golpe no Brasil seria dado “com Supremo, com tudo”. Como Bolsonaro, sua eleição, é produto do golpe, temos que corrigir o que disse o jornalista e afirmar que “o fascismo é devedor…”

Um jornalista, se supõe, deveria ler os jornais. A imprensa, especialmente a de esquerda, divulgou e denunciou inúmeras vezes a participação dos judiciários como peças-chave em uma nova modalidade de golpe de Estado. Aqui, na América Latina, tivemos diversos exemplos, como o de Honduras, Paraguai, Brasil. As perseguições judiciárias na Argentina de Cristina Kirchner; no Equador de Raphael Correa etc.

Estão tratando as arbitrariedades de Alexandre de Moraes como defesa da democracia. O STF está legislando, está usurpando as atribuições do Congresso e do Senado. De qual democracia se trata?

Porém, a coisa não para por aí, ainda nos deparamos com outra aberração. O jornalista escreve que “Merece elogios também a nova filosofia e dinâmica republicanas adotadas pela Policia Federal sob a direção do delegado Andrei Rodrigues, na gestão do ministro da Justiça, Flávio Dino”.

Temos um ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal que caiu nas garras do STF por interferir na votação do ano passado. Mas esse diretor não é um estranho no ninho. As polícias estão todas recheadas de bolsonaristas. Ou devemos ser ingênuos ao ponto de acreditar que a eleição de Lula os tenha feito mudar de posição?

O Pacote de Segurança apresentado por Flávio Dino é uma peça bolsonarista, não fica devendo nada a Sérgio Moro.

O enaltecimento da polícia, o desarmamento da população, o aumento de penas para até 40 anos de prisão, são um duro ataque contra os direitos democráticos mais básicos.

O massacre no Guarujá, na Baixada Santista, onde a polícia militar saiu matando pessoas a esmo para se vingar da morte de um policial, é um verdadeiro tapa na cara desse pacote bolsonarista de Flávio Dino, pois deixa claro onde está o problema. 

A Polícia Federal, que desde o governo FHC tem forte influência imperialismo norte-americano, foi fundamental para a perseguição ao PT, para o golpe, e para o crescimento e estabelecimento da extrema-direita.

Picuinhas

A imprensa de esquerda caiu nessa lenga-lenga da direita e quer moralizar a política e lutar contra a corrupção. O problema é que vão atrás de coisas miúdas. Se o problema, antes, é que a direita martelava na suposta Ferrari de Ouro, do filho de Lula; no tríplex do Guarujá; a esquerda fica se pegando na venda de umas certas joias, ou de um relógio. É simplesmente ridículo. A “privatização” da Eletrobrás é muito mais importante. A “independência” do Banco Central, a condução das políticas de saúde pública durante a pandemia de covid-19. Não faltam elementos graves para se combater Bolsonaro, mas querem prendê-lo porque teria falsificado um atestado de vacinação, ou porque não usou máscara. Coisas que visivelmente não darão em nada.

O bolsonarismo deve ser combatido nas questões importantes, pois é isso que vai fazer Bolsonaro perder sua base eleitoral. Seria preciso investigar a Eletrobrás, mostrar o roubo que está sendo realizado contra todos os brasileiros, o quanto isso vai prejudicar toda a população e a economia do Brasil.

O mesmo deve ser feito com relação ao Banco Central. É preciso que todos saibam que mais da metade das riquezas que produzimos vai parar nas mãos dos banqueiros. É preciso mostrar que a independência do BC, sua política de juros está produzindo miséria e fome. Que está impedindo que a classe média está ficando sem acesso ao crédito e ficando terrivelmente endividada. A classe média é base de Bolsonaro, conscientizá-la é enfraquecer o bolsonarismo.

Prisão

Não somos contra que Bolsonaro seja preso, mas é preciso que haja motivos e o devido processo legal. O ex-presidente não é pior que o Judiciário brasileiro que o ajudou a se eleger e a quase se reeleger.

A esquerda não deve nunca se apoiar nas instituições do Estado burguês, não deve fortalecê-lo, pois é alimentar o inimigo.

Prender Bolsonaro, em si, não significa nada. Pode, na verdade, fortalecer a extrema-direita, pois muitos o vêm como uma vítima de perseguição judicial. O mais eficaz é o uso dos métodos da esquerda, que são a luta e a conscientização. Apenas assim o bolsonarismo será enfraquecido, é o fortalecimento da classe trabalhadora que vai virar o jogo. O Judiciário, do jeito que a coisa está andando, apenas está acumulando forças para atacar ainda mais a esquerda.

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