Nos dias 11 e 12 desse mês de julho, respectivamente terça e quarta-feira, a Cúpula da OTAN de 2023 está sendo realizada na cidade de Vilnius, capital da Lituânia.
Nos dias que precederam o início do evento, muito se especulou sobre as decisões que seriam tomadas, em especial no que diz respeito às possíveis adesões da Ucrânia e da Suécia à organização.
Ocorreu que evento se dá em meio ao fracasso da tão alardeada ofensiva ucraniana, que foi devidamente barrada pelos russos.
É possível que o imperialismo realmente esperasse o sucesso da ofensiva, de forma que medidas mais amplas e incisivas contra a Rússia pudessem ser tomadas durante a cúpula. Contudo, o sucesso dos russos em barrar a ofensiva parece ter prejudicado os planos imperialistas.
Assim, deve-se olhar com ressalva o fato de a imprensa burguesa ter ficado em alvoroço com as declarações de Erdogan a respeito da Ucrânia e da Suécia. Sobre a Ucrânia, o chefe de Estado turco declarou a Volodimir Zelenski que o país do leste-europeu merece entrar na OTAN.
Trata-se de uma declaração vazia de conteúdo.
Dada a situação peculiar da Turquia, e fato de Erdogan ser um político representante do nacionalismo burguês turco, deve-se lembrar de que ele é um político que constantemente busca se equilibrar entre o imperialismo e a Rússia, a fim de conseguir o melhor negócio para o Estado turco. É nessa conjuntura que deve ser vista sua declaração sobre a Ucrânia.
Ele sabe que o imperialismo não está em condições de permitir sua entrada na OTAN. Ora, mesmo Joe Biden, presidente dos EUA, declarou que a Ucrânia não está pronta para a organização imperialista, que seria prematuro iniciar o processo de adesão. Afinal, o país está sendo utilizado como bucha de canhão para que o imperialismo trave uma guerra disfarçada contra a Rússia. Caso seja permitida a entrada da Ucrânia na OTAN, o imperialismo teria que declarar formalmente guerra à Rússia, uma decisão política inviável no presente momento.
Assim, a declaração de Edorgan sobre a Ucrânia é uma manifestação de sua típica política de tentar extrair o máximo de vantagens do imperialismo e da Rússia.
No mesmo sentido se dá seu apoio à adesão da Suécia.
O Estadão, jornal pró-imperialista, chegou ao ponto de dizer que isto seria uma virada histórica. Não há virada. O apoio à entrada da Suécia na OTAN foi condicionado ao ingresso da Turquia na União Europeia.
A probabilidade de que a União Europeia aceite essa condição é mínima.
Está-se, diante, portanto, de novo jogo de cena feito por Erdogan, a fim de conseguir o que ele acredita ser o melhor negócio para os interesses do Estado turco.
Assim, dada essa situação de impasse, o que transparece é que nenhuma grande decisão será tomada durante essa cúpula da OTAN. As decisões referentes à Ucrânia tendem a serem limitadas a um aumento do apoio quantitativo à continuidade da guerra, tais como a aprovação de novos envios de armamentos e munições.
Não é coincidência que Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN, declarou que a Ucrânia só ingressará na aliança militar “quando as condições forem atendidas”, o que, provavelmente, não irá ocorrer por agora. A fim de não demonstrar o enfraquecimento do imperialismo perante da Rússia, Stoltenberg afirmou que os países membros da organização concordaram em facilitar os requisitos para a adesão da Ucrânia, e que o país do leste europeu “se tornará membro da OTAN”.
Em outras palavras, a suposta entrada da Ucrânia na OTAN foi adiada (se é que, de fato, irá ocorrer).