Assim como Pelé, Zico ficou mundialmente conhecido por seu apelido de infância. Arthur Antunes Coimbra foi chamado de Arthurzinho, Arthurzico e finalmente apenas Zico por conta do seu tipo físico franzino. O apelido de Galinho de Quintino faz referência tanto ao físico do atleta no início da carreira quanto ao bairro Quintino Bocaiuva onde nasceu, cresceu e prendeu a jogar bola na zona norte do Rio de Janeiro. Neste ano, o lendário Zico completa seus 70 anos de vida e merece ter sua história no futebol exaltada.
Filho de mãe brasileira e pai português, Zico nasceu numa família de boleiros. Seu pai foi goleiro amador e flamenguista apaixonado e seus quatro irmãos foram também jogadores, Zeca, Nando, Edu e Tonico. Zeca, o mais velho, jogou no Fluminense, América-RJ, Olaria e Cruzeiro de Porto Alegre, tendo treinado o Olaria depois de pendurar as chuteiras. Edu é um grande ídolo no America-RJ, segundo maior artilheiro do clube com 212 gols e chegou a defender a Seleção em três jogos como jogador e três como treinador. No Rio de Janeiro ainda jogou por Vasco e Flamengo, além de jogar pelo Bahia e outros clubes brasileiros.
Zico estreou no time principal do Flamengo em 1971, dando a assistência para o gol da vitória contra o Vasco. Já em 1974 recebeu a camisa 10 com a qual se tornaria lendário. Era um jogador completo, inteligente, que driblava com facilidade, dava suas arrancadas mortais e batia na bola com maestria. Além de passes, lançamentos e finalizações, Zico ficou reconhecido como um dos melhores cobradores de faltas da história. De 1978 ao começo de 1983 construiu um legado inesquecível pelo rubro-negro, com três títulos do Campeonato Brasileiro (1980, 1982 e 1983), além da Libertadores de 1981 e a Copa Intercontinental, também em 1981. Esse período é um marco fundamental na história do clube, tornando o Flamengo popular no Brasil inteiro, como Pelé havia feito com o Santos na década anterior.
A vitória na Copa Intercontinental, considerada o mundial de clubes da época, carrega uma simbologia importante. Até então, o Brasil só havia conseguido vencer a disputa com o Santos de Pelé e a conquista rubro-negra serviu como mais uma afirmação do nosso futebol. O adversário Liverpool vinha para a disputa muito prestigiado, com um elenco que havia conquistado diversos títulos nos anos anteriores, incluindo quatro títulos continentais na Europa. Foi um baile e mesmo sem marcar na vitória por 3 x 0 Zico foi eleito o melhor em campo, deixando os ingleses completamente desconcertados, ao ponto do treinador Bob Paisley soltar a seguinte pérola: “Vocês jogam um jogo que desconhecemos. Vocês dançam, isso deveria ser proibido”. A declaração contrastou bastante com a confiança do treinador antes da partida.
Unindo duas grandes paixões nacionais, Zico foi homenageado no carnaval pelo bloco Fla Master, que reúne ex-atletas do Flamengo na capital carioca. O bloco puxou um grupo de foliões, que incluía naturalmente muitos flamenguistas, num trajeto de cerca de duas horas, marcado pela característica simpatia do craque Zico com os fãs. Que seja apenas uma dentre muitas homenagens para o Galinho, considerado por muitos como o melhor jogador de futebol após Pelé.
Em meio a uma carreira recheada de conquistas, fez parte das excelentes seleções de 1978, 1982 e 1986, que apesar da enorme qualidade não levaram a Copa do Mundo. O time que disputou a Copa de 1982 na Espanha é lembrado como um dos melhores da história do futebol, com jogadores como Waldir Peres, Toninho Cerezo, Júnior, Falcão, Sócrates, Éder Aleixo e Roberto Dinamite, além do próprio Zico. Uma Seleção que inspirou toda uma geração de atletas e apaixonados pelo futebol no mundo inteiro.
Outro marco importante de Zico no futebol foi ter sido o principal responsável pelo desenvolvimento do esporte do Japão, onde é chamado de Deus do Futebol. Além de atuar como jogador no final da carreira pelo Kashima Antlers, ajudou a estruturar uma competição nacional, conhecida como J-League, e treinou a seleção japonesa que disputou a Copa do Mundo de 2006, sendo eliminada justamente pelo Brasil. O caso japonês é um exemplo da importância de Zico como embaixador do futebol brasileiro, conquistando mais pessoas para o esporte mais popular do planeta.
Parabéns, Zico! Viva o nosso futebol-arte!