Em dois períodos bem próximos, um em 13 e outro em 16 de julho, os trabalhadores de dois frigoríficos distintos relataram a ocorrência de vazamento de gás amônia. Ambos os casos ocorreram em Minas Gerais, no entanto, essa é uma situação rotineira em todo o território nacional.
No primeiro caso, na Avivar Alimentos, localizada em São Sebastião do Oeste, na Região Oeste de Minas, ao menos 27 pessoas foram afetadas. O segundo caso ocorreu na cidade de Itajubá.
Apesar dos efeitos do gás amônia, que pode até levar o trabalhador à morte ao inalar o gás, bem como ficar com sequelas irreparáveis pelo restante de suas vidas, a imprensa, fazendo-se de porta-voz dos donos da empresa, imediatamente anunciaram que todos os trabalhadores que foram afetados foram socorridos e, pasmem, passam bem. Uma falácia.
No entanto, na Avivar Alimentos, dez pessoas foram socorridas e levadas ao hospital por trabalhadores que conseguiram se safar do gás. Outras cinco foram atendidas e conduzidas pelos bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Para se ter ideia da gravidade do acidente, foram necessárias cinco ambulâncias do Samu e duas dos bombeiros para atender à ocorrência.
Na empresa de Itajubá, o frigorífico precisou ser evacuado, bem como a vizinhança , pois o gás que se espalhou fez com que a população próxima da fábrica começasse a sentir náuseas.
Danos irreparáveis
No frigorífico Cardeal, um trabalhador da casa de máquinas, devido ao contato com a amônia, teve que ser operado, tendo sido colocadas válvulas nos dois olhos. Até hoje, sofre devido à irresponsabilidade dos patrões. Os operários do Cardeal denunciaram ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carne, Derivados e do Frio, no Estado de São Paulo, que a situação perdura. Em uma das fábricas, foi mudado o sistema de refrigeração das câmaras frias, porém, em outra unidade, onde são estocados os produtos prontos, nada mudou.
Assim como ocorreu com o operário, onde a empresa nunca deu qualquer assistência a ele, mas simplesmente o mandou embora; muitos outros, em praticamente todos os frigoríficos, acabam sendo tratados da mesma forma, ou seja, com um chute no traseiro.
Quais são os danos?
Além de causar morte, dependendo da quantidade inalada, a amônia é um produto químico perigoso, sendo um gás muito tóxico, corrosivo para a pele, olhos, vias aéreas superiores e pulmões. Caso seja inalada, pode causar tosse, chiado no peito, falta de ar, asfixia e queimar as vias aéreas superiores.
No caso do Cardeal, o Sindicato dos Frios fará uma reunião com os trabalhadores para discutir sobre essa e outra questões que vêm sendo denunciadas, tendo como exigência a de que os patrões acabem com as péssimas condições de trabalho e como único objetivo sugar o sangue dos trabalhadores e aumentar suas contas bancárias.
Que haja uma comissão de fábrica escolhida pelos operários, bem como uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) dos trabalhadores, escolhidas somente por eles.
É preciso, ainda, que se discuta a situação junto com os demais sindicatos combativos e de luta, bem como, com a CUT à frente, em uma luta conjunta contra os brutais ataques às condições de vida e saúde dos trabalhadores desse setor industrial.