Admirado até por muitos de seus adversários, o presidente russo Vladimir Putin vem conseguindo um grande êxito nos últimos conflitos na fronteira do país que governa. Recentemente, sob ameaça dos Estados Unidos de colocar a Ucrânia na OTAN, Putin não só neutralizou a ofensiva, explorando as contradições do imperialismo norte-americano com países como a Alemanha, como ainda aproveitou a desmoralização do governo ucraniano e do próprio imperialismo para reconhecer a independência das regiões de Donetsk e Luhansk.
Embora o conflito permaneça em aberto, a jogada de Putin é comparável a um xeque no xadrez. Enquanto o povo ucraniano vê seu próprio governo disposto a sacrificar seu povo em uma possível guerra que interessa somente aos Estados Unidos, Putin segue agrupando os setores que querem se ver livres da dominação imperialista.
O gesto de Putin não é uma mera demonstração da grandeza política de Putin. Cabe lembrar, inclusive, que o presidente russo iniciou sua carreira como um colaborador da política criminosa dos norte-americanos. O apoio de Putin às repúblicas de Donetsk e Luhansk, neste sentido, é parte de um movimento de reação à política predatória do imperialismo. Uma política tão predatória que fez com que o próprio Putin, pressionado pela situação desastrosa em que seu país se encontrava, mudasse sua postura. À situação desesperadora do povo, acresce-se o fato de que o imperialismo está dando cada vez mais sinais de fraqueza.
O imperialismo sofreu uma derrota humilhante no Afeganistão, onde foi expulso por homens de sandália, famélicos, armados com fuzis de assalto. Na Síria, o governo de Bashar al-Assad, desprovido de recursos, também está impondo uma derrota ao imperialismo. No Cazaquistão e em Hong-Kong, as últimas tentativas de golpe de Estado, impulsionadas pelo imperialismo ao modo de “revoluções coloridas”, também fracassaram. Uma vez que o imperialismo se impõe pela força, os oprimidos, e até mesmo os seus aliados mais fracos, veem, nessas derrotas, a oportunidade de se verem enfim livres.
É por isso que, no último período, a Rússia e a China, principais países atrasados na arena política mundial, estão organizando uma aliança dos países atrasados, que inclui a Venezuela, a Nicarágua, o Cazaquistão e tantos outros, indo desde acordos econômicos (como a Nova Rota da Seda) e organizações (como os BRICS, a Organização de Cooperação de Xangai, a União Econômica da Eurásia etc.).
Essa iniciativa nada tem a ver, como alega o Estado de S. Paulo, sendo seguido por setores completamente perdidos da esquerda nacional, com uma política imperialista da China e da Rússia. É uma política defensiva: o que esses países estão buscando, corretamente, é formar um cinturão de defesa política e territorial contra o imperialismo. Querem formar uma grande aliança não para oprimir os povos, mas sim para evitar que o imperialismo imponha governos-fantoche a esses países para atacar a China e a Rússia.