Na semana passada, vários meios de comunicação da imprensa golpista, financiados pela direita, publicaram a notícia de que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, se reuniria na terça-feira, 19 (ontem), em Brasília, com representantes da ONG #VoteLGBT.
A reunião, segundo a Folha de São Paulo, seria para solicitar que a Justiça Eleitoral “colete informações sobre a identidade de gênero e nome social de candidaturas de pessoas transsexuais, travestis e não-binárias, além da orientação sexual.” Além disso, ainda segundo a Folha, a ONG apresentaria dados da pesquisa “A Política LGBT+: entre potências e apagamentos”, que conclui que apenas 0,15% dos candidatos eleitos são LGBT.
Pois bem, sabendo do teor identitário da reunião, na qual se juntam o TSE e os identitários, – em que ambos são agentes financiados pela política da direita -, é possível considerar que essa é uma reunião de caráter golpista. O encontro tem finalidade de atacar as eleições, com intuito de pulverizar os votos na candidatura de Lula, o candidato da classe trabalhadora pobre.
A manobra visa arrebanhar politicamente uma grande parcela da esquerda que, sem entender a importância do debate sistemático em torno do aprofundamento do Golpe de Estado de 2016 e do avanço da política golpista da direita, faz uma associação vazia entre candidatos da esquerda e identitários, com o verdadeiro intuito criar rachas dentro do primeiro grupo.
Em verdade, as pretensões políticas desses grupos não se confundem em nenhum momento, visto que os identitários não entendem que o direito democrático de exercer a sua sexualidade não é, de nenhuma maneira, de interesse da direita. É utilizado apenas como ferramenta de demagogia para lucrar ou atingir objetivos políticos. Essa confusão ganha força também em meio à esquerda progressista, em partidos como o PCB, o PSOL, a UP, o PCdoB e até mesmo dentro do PT, que confundem os interesses urgentes da classe trabalhadora com “debates” abstratos, impostos de maneira fraudulenta pelo imperialismo. Desse modo, acabam servindo como ferramentas do imperialismo para pressionar, desgastar e até empurrar a candidatura de Lula para a direita.
A tática da direita em relação aos LGBT’s tende a ser mesma que a já proposta para as mulheres e a mesma que está sendo defendida em relação aos negros. No caso das mulheres, foi aprovada no congresso a lei golpista de cota, na qual 30% do pleito eleitoral deve ser composto por mulheres. Com os negros, há uma mobilização política da direita dentro do TSE, de implantar não só as cotas, mas também de exigir a obrigação de recursos financeiros para os candidatos, pelo simples fato de serem negros. Isto é, literalmente, a direita encontrou uma maneira de interferir nas eleições, criando leis autoritários através do STF, fazendo demagogia política.
O juiz Fábio Francisco Esteves, coordenador substituto da Comissão de Promoção da Igualdade Racial do TSE, é um dos articuladores infiltrados, financiados pela direita para criar o contexto de implementação dessas medidas arbitrárias, seguindo a cartilha da política identitária. O juiz Esteves é negro, e isso faz com que ele seja a desculpa perfeita da direita para criar esse cenário. Ou seja, a direita se vale do argumento identitarista de que pessoas negras ou LGBT’s têm de ocupar cargos de poder a qualquer custo. No entanto, essa política é uma grande fraude já há muito provada em casos como Hélio Negão, Sérgio Camargo, Fernando Holiday entre outros agentes reacionários que votam contra os trabalhadores nas assembleias legislativas do País.
Não há política em simplesmente eleger um indivíduo negro por ser negro, uma mulher por ser mulher ou um LGBT por ser LGBT. O que há é a tentativa de solidificar mais uma via de interferência política da direita na eleições, dessa vez tentando determinar a composição dos partidos e das chapas do pleito. Através das políticas identitárias e de medidas arbitrárias do TSE, a direita busca empurrar um Cavalo de Troia na política da esquerda. É preciso denunciar que o papel dos tribunais eleitorais é simplesmente cumprir determinações burocráticas e não interferir politicamente nas eleições.