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Pregando no deserto

“Trotskistas” na contramão dos acontecimentos

O POR mantém a sua visão sectária da política em vez de se apoiar no movimento da classe trabalhadora para daí extrair a melhor política.

Leiamos a seguinte declaração do Partido Operário Revolucionário (POR): “É preciso, desde os primeiros dias de Lula na presidência, que a vanguarda com consciência de classe denuncie o conteúdo burguês do novo governo de frente ampla, e trabalhe por organizar os movimentos em defesa do programa próprio de reivindicações”.

Já está se tornando consenso em determinados agrupamentos da esquerda de que é necessário combater o governo Lula. Mesmo antes das eleições, Paulo Galo, o responsável pelo incêndio da estátua de Borba Gato, em São Paulo, declarou em fevereiro deste ano que faria “a rua ferver” depois de Lula eleito, e “sem medo de ser chamado de golpista”.

O PSTU afirmou que a vantagem de se votar em Lula em vez de Bolsonaro, seria que a classe trabalhadora teria condições mais favoráveis para lutar contra esse próprio governo.

O problema desses agrupamentos é que ficam falando para dentro e não conseguem entender o que significa a vitória de Lula nestas eleições.

A vitória de Lula foi fruto de uma gigantesca mobilização popular para sua eleição, que talvez só seja superada pela campanha de 1989.

O voto radicalizado

Lula teve que ser preso pelo STF para não concorrer às eleições de 2018. Mesmo na cadeia, as pesquisas de intenção de voto o colocavam como favorito. Foi preciso pisotear a Constituição e muita chantagem para que Lula não concorresse, mesmo sub judice.

O eleitorado se mostrar disposto a votar, mesmo sob o risco de um candidato não ser empossado, é sinal de uma grande polarização política.

Seguiu-se uma enorme vigília, que durou 580 dias (o tempo que durou a prisão), para a soltura de Lula, vítima de perseguição. Uma vez solto, a classe trabalhadora logo reconheceu a necessidade de sua candidatura para unificar a esquerda. Ainda em 2020, o PCO propôs que Lula fosse esse candidato da unidade.

As manifestações pelo Fora Bolsonaro, em 2021, deixaram claro que essa candidatura seria inevitável, apesar de todo o boicote promovido por setores como PCdoB e Psol. A burguesia começou a se mexer e buscou o quanto pôde interferir, propor alianças para a chapa de Lula, elogiou a aproximação com Alckmin. Um sinal da força da movimentação popular em torno do petista.

O apoio do imperialismo

O mantra que esses setores da esquerda vivem repetindo, é que Lula foi prontamente reconhecido por Biden após sua eleição. O que se esperava, a nomeação de um Guaidó brasileiro?

Biden era vice de Obama quando arquitetaram o golpe em Dilma Rousseff. A vitória de Lula seria última coisa que o imperialismo desejaria. A própria eleição de Bolsonaro deixou claro que queriam qualquer coisa, menos o PT na presidência.

Com o avanço do golpe sobre os direitos da população, a polarização política só fez ampliar, opondo, de um lado, setores médios e populares insatisfeitos com o sistema, muitos dos quais foram cooptados pelo bolsonarismo; e o esmagador contingente de pessoas cada vez mais empobrecidas pela política neoliberal.

É uma cegueira política dizer que “a vitória de Lula não corresponde às necessidades e interesses da maioria oprimida”. Ou que “não é porque venceu a disputa pela presidência da República contra o candidato da ultradireita que o petista representa a maioria mais atingida pela exploração e pela crise, que vem decompondo o capitalismo, no Brasil e no mundo”.

O POR deveria explicar o porquê de Lula ter tantos votos nas camadas mais pobres da sociedade. Não fosse a enorme adesão popular e o petista não teria sido eleito. Foi preciso enfrentar a máquina do Estado, bilhões e bilhões despejados para a compra de votos; tentativa de melar as eleições com a Polícia Rodoviária Federal atrapalhando o trânsito nas estradas no dia votação; o assédio criminoso dos patrões para que funcionários escolhessem entre Lula e o emprego.

Ao contrário do que afirmam esses setores pequeno-burgueses, a vitória de Lula foi muito grande. Ela é fruto de um grande esforço popular. E, com a polarização que o país vive, vai ser necessário se apoiar na força da classe trabalhadora para que se consiga um mínimo de governabilidade, pois o bolsonarismo está forte nos estados e nos cargos parlamentares.

Um jogo de adivinhação

O governo nem se iniciou e o POR já está acusando, diz: “Não temos a menor dúvida de que o governo Lula será de ataque à vida da maioria oprimida.”

Como não pode deixar de ser, esse grupo despeja uma enormidade de frases, tais como “Lula levantou a bandeira de ‘pacificação’ do País”; “A “pacificação” almejada é uma condição para que Lula arme um governo capaz de servir à burguesia da melhor forma possível”. “Caudilho eleitoral”. “Trata-se de o governo unir as forças burguesas no interior do Estado para reagir contra possíveis levantes de massa”.

Voto nulo

O POR fez campanha pelo voto nulo, não soube ler que classe trabalhadora se aglutinou ao redor de Lula para lutar por seus interesses.

Em vez de aumentar a polarização, esse partido fez uma campanha reacionária com a palavra de ordem ““não confiar nas eleições, confiar em nossas próprias forças; por um programa de reivindicações próprio dos explorados; em defesa da independência política das organizações sindicais; vote nulo!”

Infelizmente, esse grupo, teve que reconhecer que o número de votos nulos e brancos diminuiu, mas não aprendeu nada, pois afirma que teve de “de nadar contra a poderosa correnteza eleitoralista”.

Esses ‘heróis incompreendidos’ deveriam tentar entender o momento político e fazer sua política baseada nos fatos, não em suas fantasias. O máximo que conseguiram, foi a adesão de pessoas desiludidas com a política e com a vida.

A classe trabalhadora é dinâmica e neste momento escolheu fazer mais uma experiência com Lula. A tarefa dos revolucionários é aprofundar essa experiência, tirar as conclusões e a partir delas fazer evoluir a consciência de classe.

Essa política reacionária, de tentar distensionar propondo o voto nulo em meio a uma enorme tensão entre a burguesia e a classe trabalhadora, não é nadar contra a correnteza, mas andar na contramão.

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