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Protestos no Irã

“Todo apoio ao imperialismo!”

A CST, organização que apoiou o golpe no Brasil, repete o serviço ao apoiar o golpe no Irã

A Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), um grupo que tem sua origem no PSTU e é uma das correntes fundadoras do PSOL, publicou um artigo onde expõe sua posição política em relação ao movimento que existe neste momento no Irã e que se apresenta contra o governo islâmico e pretensamente a favor das mulheres. O artigo, por incrível que pareça, não faz nenhuma ponderação sobre o caráter deste movimento, se é um movimento progressista ou conservador, se tem uma posição ou outra, é um artigo onde basicamente se reconhece o apoio a um movimento sem dar nenhuma explicação crível ou razoável do motivo deste apoio.

Uma análise anti-marxista

As atuais manifestações de mulheres no Irã foram geradas pela propaganda imperialista, que busca se aproveitar das contradições que existem no País em relação aos direitos das mulheres. Não é de se estranhar que numa sociedade que se desenvolveu muito, como é o caso da iraniana, surjam camadas cada vez mais amplas de mulheres que almejem liberdades e direitos que existem no resto do mundo. Também não é de se estranhar que seja na classe média que este anseio seja mais forte. O anseio tomado isoladamente não é algo reacionário ou algo a ser combatido. O movimento iraniano, contudo, não é um fato isolado é um movimento real e em um país real.

A corrente CST ignora completamente a realidade dos protestos. Os protestos têm uma composição quase total de pessoas de classe média das grandes cidades. Isto não invalida o movimento, mas deveria imediatamente levantar um sinal de alerta para qualquer corrente que se reivindica socialista e marxista. Acontece que a publicação da CST simplesmente ignora o problema de classe, que não aparece em momento algum do texto. A corrente sempre apresenta um coletivo, “as mulheres”, sem especificar as classes envolvidas, um erro de análise grosseiro. O problema da luta pelos direitos das mulheres não pode ser analisado por fora da questão das classes sociais, fazer isso pode levar, e frequentemente leva, a pessoa que faz a análise a uma frente com o imperialismo.

Sobre os acontecimentos, a CST apresenta uma tese estapafúrdia: a de que temos uma revolução de um determinado sexo

As mulheres da UIT realizaram uma reunião internacional com a representação de diversos país: Argentina, Chile, México, Brasil, Panamá, Venezuela, Turquia, Estado Espanhol e com a presença de uma jovem iraniana que nos contou em detalhes o processo da Revolução das Mulheres que está em curso no país e como esse ascenso tem influenciado diversas categorias, como os petroleiros que saíram a organizar uma poderosa greve. Na reunião, o compromisso das seções da UIT é de seguir difundindo e apoiando a luta das iranianas, através de uma campanha ativa de solidariedade com a rebelião das mulheres iranianas.

A tese é estapafúrdia, afinal os sexos, raças e orientações sexuais não compõem um coletivo social que influi na luta política. Se assim fosse, estaríamos diante de uma reprovação de uma análise fundamental do marxismo: a de que a história da humanidade é a história da luta de classes. Mais ainda, a ideia marxista de que o progresso da humanidade existe é representado pelo progresso das forças produtivas e pelas classes por ele criadas e mobilizadas, seria totalmente falsa. Se o disparate da Corrente “Socialista” tivesse algum fundo de verdade, a história não andaria para frente e para trás, mas para os lados e para dentro e para fora. Se em dado momento, a luta se dá entre homens e mulheres, veremos depois a luta entre ruivos e loiros, entre os mais negros e os menos negros, entre pintores e músicos, entre qualquer identidade contra qualquer outra. A sociedade não seria capitalista, uma sociedade dividida entre uma classe possuidora e uma classe de produtores sem posses, seria uma anarquia generalizada.

A frente com o imperialismo

Os protestos têm ampla cobertura da imprensa imperialista, são apoiados por ela, são inclusive incentivados, talvez até organizados diretamente pelo próprio imperialismo. A grande burguesia imperialista não deseja nenhum desenvolvimento no Irã, não teria, portanto, nenhum motivo para realizar uma operação política que gerasse um desenvolvimento da nação muçulmana. Este fato apresenta uma realidade bastante importante e completamente ignorada pela CST: os protestos não têm um fim progressista. A mobilização pede a queda do governo dos Aitolás, ainda que o governo seja algo reacionário, é importante não ignorar que a oposição que assumiria o seu lugar seria ainda mais reacionária e inimiga dos trabalhadores.

A manobra de utilizar um dos aspectos mais reacionários de um governo contra determinadas camadas num país e depois substituir por um governo essencialmente igual nesta questão, porém, absurdamente anti-nacional e pró-imperialista é algo que já foi feito diversas vezes pelo imperialismo. O caso do governo-fantoche do Afeganistão mostra que as diferenças no tratamento das mulheres por parte do governo anterior e dos Talibãs eram mínimas, as diferenças para a condição geral da população e para a soberania nacional afegã, por sua vez, não.

Não há nenhuma alternativa política viável imediatamente que seja melhor do que o atual governo do Irã. Eles estão numa situação similar à que ocorreu no Brasil, guardadas as proporções, em 2016. Gostasse ou não de Dilma Rousseff, isso não importava, o único fator relevante era que se o golpe prosseguisse, Michel Temer iria assumir, a pergunta era simples: Michel Temer era melhor que Dilma? Seu governo possibilitaria um avanço para o Brasil? No processo de trocar de governo o proletariado avançaria na sua consciência ou regrediria? As respostas para essas perguntas eram todas óbvias e, portanto, apoiar a queda de Dilma era um erro, geraria mais prejuízo que benefício. O caso do Irã é similar, um governo no Oriente Médio atual, será repressivo contra as mulheres e outros setores afetados pelas posições de costumes religiosos, contudo, um governo inimigo das mulheres e pró-imperialista é pior que um governo inimigo das mulheres nacionalista.

A CST, que apoiou o golpe contra Dilma, repete agora a mesma posição que teve em 2016, com efeitos similares. Desta vez, nem se preocupa em dar voltas no marxismo, ele simplesmente não figura na nota da organização, a justificativas já são abertamente burguesas. A conversão de amplos setores da esquerda em apologistas da política pró-imperialista precisa ser denunciada e combatida.

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